Marin terá que pagar sozinho R$ 500 mil para Fifa e Conmebol

Sentença foi divulgada pela Justiça dos EUA nesta terça-feira (20)

José Maria Marin, ex-presidente da CBF
José Maria Marin, ex-presidente da CBF - Don Emmert/AFP/13.dez.2017
Danielle Brant
Nova York

O ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) José Maria Marin, 86, foi sentenciado a pagar sozinho US$ 137.532,60 (cerca de R$ 521 mil) e a dividir com outros condenados um total de US$ 2,14 milhões (R$ 8,1 milhões) pelos escândalos de corrupção conhecidos como Fifagate.

A sentença foi publicada na noite desta terça-feira (20). Do valor que pagará sozinho, US$ 19.532,60 (R$ 74 mil) serão devolvidos à Fifa como restituição por salários e benefícios —a entidade queria US$ 97.663 (R$ 369 mil). A Conmebol receberá US$ 118 mil (R$ 447 mil), também por salários e benefícios. A entidade havia pedido US$ 590 mil (R$ 2,2 milhões) na ação.

O total é referente a salários e benefícios (como diárias e passagens) que foram pagos ao cartola de 2012 a 2015, quando ele ocupou cargos na Fifa e na Conmebol. Diferentemente das confederações internacionais, a CBF não se declarou vítima no processo, por isso não receberá nada do cartola.

​Com Juan Angél Napout, ex-presidente da Conmebol, o brasileiro terá que dividir US$ 24.001,45 (R$ 90 mil) pelos gastos que a Fifa teve com a preparação de Stephanie Maennl para o julgamento do caso. 

Já o pagamento de US$ 2,14 milhões (R$ 8,1 milhões) é dividido entre Marin, Napout e outros condenados até agora pelo esquema. A divisão ainda será definida pelas autoridades dos EUA. 

Esse dinheiro inclui restituição de US$ 40.444,49 (R$ 153 mil) à Fifa. A Concacaf receberá US$ 264.549,60 (cerca de R$ 1 milhão), além de US$ 1,4 milhão (R$ 5,3 milhões) de devolução de gastos com a investigação, entre outros valores. A Conmebol receberá US$ 333.582,75 (R$ 1,3 milhão) de restituição por despesas com a investigação. 

A confederação dizia ter direito a US$ 85,4 milhões (R$ 323 milhões) em restituição por perda de receita com as propinas pagas, mas a corte entendeu que não era o caso.

A Justiça dos EUA também decidiu que Napout terá que restituir sozinho US$ 356.368,12 (R$ 1,3 milhão) à Fifa e à Conmebol.

Em agosto, ela condenou Marin a 48 meses de prisão e a pagar multa de US$ 1,2 milhão (R$ 4,5 milhões) pelos crimes no Fifagate. Do período da pena, a estimativa é que cumpra somente 28, com descontos por bom comportamento e abatimento por tempo servido.

A multa foi dividida em seis parcelas, que começarão a ser pagas daqui a seis meses.

Em meados de outubro, Marin foi transferido para uma penitenciária de segurança baixa em Allenwood, na Pensilvânia.

Desde dezembro de 2017, quando foi condenado por receber propinas e lavar dinheiro no escândalo de corrupção da Fifa, ele estava detido no Metropolitan Detention Center, um presídio do Brooklyn, em Nova York. O local abriga 1.748 presos, segundo dados do centro prisional.

A unidade na Pensilvânia possui 1.242 detentos, que têm acesso a biblioteca e televisão, por exemplo.

Marin foi preso em maio de 2015 na Suíça e extraditado em novembro do mesmo ano para os Estados Unidos. 

Condenado por seis crimes cometidos durante sua gestão na CBF, ele assumiu o cargo em 2012, aos 79 anos, para cumprir o restante do mandato de Ricardo Teixeira, que renunciou.

Ele era o vice mais velho e, por isso, ficou com o posto, seguindo estatuto da confederação. Antes de ser presidente da CBF, foi vereador, deputado estadual e governador de São Paulo.

As acusações no chamado Fifagate englobam ações de suborno, fraudes e de lavagem de dinheiro. Os cartolas teriam recebido pagamentos ilegais, que começaram em 1991 e atingiram duas gerações de dirigentes e executivos, que movimentaram mais de R$ 564 milhões.

Empresários do marketing esportivo como Alejandro Burzaco, da Torneos y Competencias, J. Hawilla, da Traffic, e Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, pai e filho donos da Full Play, teriam subornado os cartolas com viagens de jatinho, banquetes em restaurantes badalados e suítes de hotéis cinco estrelas.

O objetivo era obter vantagens na negociação de contrato para terem os direitos de transmissão de partidas da Copa do Mundo.

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