Descrição de chapéu Copa Libertadores

Técnicos de Boca e River buscam o jogo ofensivo, mas variam na forma

Como treinadores, Schelotto e Gallardo seguem ideias que tinham quando jogavam

Alex Sabino Bruno Rodrigues
São Paulo

Não basta a Libertadores ser decidida pela primeira vez por um clássico de bairro e entre dois dos maiores adversários do planeta. Há também a rivalidade entre dois técnicos.

Ídolos de Boca Juniors e River Plate, respectivamente, Guillermo Barros Schelotto e Marcelo Gallardo se enfrentam neste domingo (11), em La Bombonera, no jogo de ida da decisão. A partida seria no sábado (10), mas foi adiada por causa da chuva. No Brasil, será transmitida por SporTV e Fox Sports. 

Ambos foram campeões da Libertadores como jogadores, embora com estilos diversos. Guillermo era um atacante aguerrido e veloz, o parceiro preferido do centroavante Martín Palermo, maior artilheiro da história do clube.

Gallardo era um meia clássico, típico da Argentina, sempre com um olho para o passe decisivo ou o gol de falta.

“Quero que chegue logo o sábado. Quero jogar. Você pode analisar, estudar, trabalhar, mas tem de chegar logo o sábado. Vivi momentos incríveis, ganhar as finais de Mundiais contra Real Madrid e Milan, mas não é igual a agora”, disse Schelotto, em entrevista à rádio La Red, de Buenos Aires.

Ambos são adeptos do futebol ofensivo, que prioriza o ataque. Mas têm na ideia de jogo que propõem aplicações distintas para chegar a esse objetivo.

Guillermo Barros Schelotto e Marcelo Gallardo se cumprimentam antes de clássico disputado em 2016
Guillermo Barros Schelotto e Marcelo Gallardo se cumprimentam antes de clássico disputado em 2016 - Juan Mabromata/AFP

Gallardo gosta que sua equipe fique com a bola e se posicione no campo rival. Foi assim, por exemplo, na vitória sobre o Grêmio em Porto Alegre, que garantiu a vaga na decisão do torneio continental.

Sem atacantes de velocidade pelos lados, o comandante do River pede para que seus laterais, Montiel e Casco, joguem avançados, ocupando a faixa lateral no campo de ataque.

A ausência de pontas, entretanto, não obriga o técnico a ter centroavantes fixos entre os zagueiros adversários. Tanto Lucas Pratto como Santos Borré ou Ignacio Scocco se mexem com frequência e participam ativamente da troca de passes na construção ofensiva do time.

A saída de bola, geralmente, é iniciada pelo zagueiro Javier Pinola, que gosta de arrancar com ela dominada até o campo de ataque, deixando atacantes para trás para criar superioridade numérica. Quando chega à frente, entrega o passe para os meias Juan Quintero e Exequiel Palacios, que elaboram o jogo juntamente com o camisa 10 Pity Martínez, em grande fase.

Já o Boca de Guillermo Schelotto busca o ataque de forma mais vertical, com passes rápidos para chegar ao gol adversário. Ao contrário de Gallardo, utiliza dois pontas, que tentam superar os laterais rivais com jogadas individuais, e um homem mais centralizado entre os defensores.

A tendência para a final contra o River é que ele mantenha o trio ofensivo que se classificou diante do Palmeiras, com Villa pela direita, Pavón pela esquerda e Ábila de centroavante.

A força desse Boca está justamente em seus homens de frente. Dos 21 gols do Boca Juniors na Libertadores, 16 foram marcados por atacantes: o artilheiro Ábila tem 4; Pavón, Benedetto, Zárate e Tévez têm 3.

Outro setor forte da equipe é seu trio de meios-campistas, com atletas que misturam características e ajudam tanto na construção como na marcação. O volante Wilmar Barrios, posicionado à frente da defesa, é quem geralmente dá o primeiro passe para iniciar as jogadas.

Ao lado do colombiano estão o uruguaio Nahitan Nández e o argentino Pablo Pérez, ambos com forte pegada no meio. Nández se aproveita do vigor físico e de sua aplicação tática para ir e voltar pelo lado direito. Já Pablo Pérez ataca mais pelo meio, procurando os companheiros para tabelar e entrar na área para finalizar.

Entre os dois, o único que poderá dirigir sua equipe do banco de reservas neste sábado será Guillermo Schelotto. Punido pela Conmebol, Marcelo Gallardo nem sequer poderá ir à Bombonera. Ele verá a partida do Monumental de Nuñez, ao lado de outro ídolo do River e dirigente do clube hoje em dia: o uruguaio Enzo Francescoli.

“A punição é absurda. Direito de admissão no futebol argentino é punição aplicada a marginais”, se queixou o presidente do clube, Rodolfo D’Onofrio.

“Direito de admissão” é o nome da sanção a torcedores violentos do país que não podem entrar em estádios de futebol. Gallardo havia sido suspenso por uma partida pela Conmebol, mas desrespeitou a punição durante a semifinal contra o Grêmio e foi ao vestiário falar com os jogadores em Porto Alegre.

Ele foi punido com gancho de mais quatro partidas em eventos da Conmebol e multa de US$ 50 mil (cerca de R$ 175 mil).

Equipes prováveis de Boca e River para o clássico deste sábado
Equipes prováveis de Boca e River para o clássico deste sábado - Editoria de Arte
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.