Torcidas de River e Boca em São Paulo veem final separadas por 800 metros

Filiais dos clubes argentinos na capital esperam a segunda decisão da Copa Libertadores

Alex Sabino Bruno Rodrigues
São Paulo

Separados por 800 metros na Vila Madalena (região oeste de São Paulo), as torcidas paulistanas de River Plate e Boca Juniors viram a primeira final da Libertadores.

Torcedores de Boca Juniors e River Plate assistem ao primeiro jogo da final da Libertadores em bares da Vila Madalena
Torcedores de Boca Juniors e River Plate assistem ao primeiro jogo da final da Libertadores em bares da Vila Madalena - Rafael Hupsel-11.nov.18/Folhapress

Com uma distância maior, verão o segundo jogo, neste sábado (24), às 18h, no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.

Após o empate por 2 a 2 em La Bombonera, quem vencer no estádio do River será campeão. Novo empate levará o jogo para prorrogação e, se continuar empatado, pênaltis.

“Encontramos um bar para ser nosso ponto de encontro. É difícil isso porque os donos não se sentem à vontade em ver uma filial de equipe argentina no local”, explica Damian de Paoli, 33, nascido em Mendoza, integrante da Filial River Plate São Paulo.

São 70 associados, embora ele afirme existirem outros 40 simpatizantes que aparecem de vez em quando. A quantidade de pessoas é maior do que na La 12 São Paulo, reconhecida como braço paulistano da maior organizada da Argentina e do Boca Juniors.

Para a final, 35 deles se reuniram em um bar, também na Vila Madalena.

“Fomos reconhecidos pelo Boca em fevereiro. Temos 35 associados, sendo que 23 são sócios do clube. A decisão vai acontecer na data da nossa confraternização de fim de ano. Vamos nos reunir em um sítio. Serão duas festas”, acredita Rodrigo Alcântara, 32, presidente da La 12 São Paulo.

As duas torcidas contam com brasileiros e argentinos. A do River, inclusive, é misturada com pessoas de outras nacionalidades. São 35 brasileiros, 25 argentinos, 3 bolivianos, 3 colombianos, 2 uruguaios e 1 paraguaio.

Embora não sejam reconhecidos de forma oficial pela diretoria do River Plate, há conversas em andamento. Tanto que o clube facilitou para que 12 deles comprassem ingresso para irem à final no Monumental. Desses, um é brasileiro. Os demais são argentinos.

“Há mais gente que prefere não se cadastrar. É preciso convencer as pessoas a pagar mensalidade. Nosso plano é ter sede própria”, completa o presidente da torcida do Boca.

O primeiro reconhecimento veio em 2010, quando foram à partida do time argentino contra o Palmeiras, na despedida do antigo estádio Palestra Itália. Estiveram com os líderes da 12 de Buenos Aires e receberam a benção para serem uma filial da organizada.

A torcida do River Plate chegou a ser oficializada pelo clube, mas a falta de atividade fez com que o apoio fosse retirado. Eles esperam mudar isso.

“A maioria da torcida que era sócia do clube voltou para a Argentina. Fomos com 25 torcedores para Porto Alegre [para a semifinal contra o Grêmio]. O clube nos deu apoio para fazer o processo de oficialização”, completa Damian, que mora no Brasil desde 2014.

Os dois grupos seguem as equipes em todas as partidas que elas realizam no Brasil. Ou quase todas.

Pity Martínez (à esq.), do River Plate, disputa a bola com Olaza, do Boca Juniors, durante a partida em La Bombonera
Pity Martínez (à esq.), do River Plate, disputa a bola com Olaza, do Boca Juniors, durante a partida em La Bombonera - Eitan Abramovich-11.nov.18/AFP

“Os únicos jogos que perdi foram contra o Paysandu [Libertadores de 2003] e a final contra o Grêmio [em 2007]. O resto, fui sempre”, relembra Alcântara, são-paulino que já foi ao Morumbi torcer pelo Boca contra o São Paulo.

Houve tempo em que era difícil seguir as partidas. Em algumas temporadas, os jogos não foram mostrados na TV brasileira. Com a internet, facilitou. Na Libertadores, eles embarcaram na febre da decisão que os argentinos apelidaram de “a final do mundo.”

“A galera está confiante. O resultado do primeiro jogo foi bom porque duas vezes o time ficou por baixo e reagiu”, constata Damian, do River.

“Claro que acreditamos. Fomos campeões em 2000, 2001 e 2007 fora de casa. Nos últimos jogos no Monumental, eles não venceram nenhum”, rebate Alcântara, do Boca.

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