Brasil surpreende no 4 x 200 m livre e conquista o ouro com recorde mundial

Cielo fica em 7º na final dos 50 m e busca ouro no revezamento em provável despedida

Luiz Altamir, Fernando Scheffer, Leonardo Santos e Breno Correia comemoram a medalha de ouro no 4 x 100 m livre - Aly Song/Reuters
São Paulo

Os brasileiros Luiz Altamir, Fernando Scheffer, Leonardo Santos e Breno Correia surpreenderam o mundo, nesta sexta-feira (14), não só com a conquista do ouro do revezamento 4 x 200 m livre no Mundial de natação em piscina curta (25 m) de Hangzhou (China), mas também batendo o recorde mundial da prova em 6min46s81.

A melhor marca anterior (6min49s04) pertencia à equipe russa e havia sido obtida no Mundial em piscina curta de Dubai, em 2010.

Foi a primeira vez que o Brasil conseguiu uma medalha de ouro na prova em Mundiais. O máximo que o país havia conquistado foram bronzes em Palma de Mallorca-1993, Rio-1995 e Indianápolis-2004 
—todos em piscina curta.

A medalha de prata ficou com a Rússia, que terminou a prova em 6min46s84 (apenas três centésimos atrás da equipe brasileira), e o bronze foi para a China (6min47s53).

O quarteto era o segundo mais jovem da prova, com média de 21 anos, mais velhos apenas que os russos, com 20.

O primeiro a cair na água foi Luiz Altamir, 22, natural de Roraima. Com passagem por dois tradicionais clubes, Flamengo e Pinheiros (atual), é o único dos quatro com experiência olímpica (disputou os 400 m livre na Rio-2016) e foi ouro nesta mesma prova no Pan de Toronto, em 2015. Já nadando abaixo do recorde mundial, entregou a raia a Fernando Scheffer.

O gaúcho de 20 anos, natural de Canoas, quebrou quatro recordes sul-americanos nesta temporada e tem um dos melhores tempos do mundo nos 200 m livre (1min46s12).

Luiz Altamir (esq.) e Leonardo Santos comemoram a quebra do recorde do revezamento 4 x 200 m livre
Luiz Altamir (esq.) e Leonardo Santos comemoram a quebra do recorde do revezamento 4 x 200 m livre - Weng Xinyang/Xinhua

​Scheffer é um dos favoritos também para a prova individual e fez a troca com Leonardo Santos, 23, que talvez tenha sido a maior surpresa. 

Ele entrou na equipe para a final, substituindo Leonardo de Deus, 27, que havia disputado as eliminatórias.

Santos entregou a parte final da prova a Breno Correia, 19, considerado uma das principais promessas da natação brasileira, com a equipe na terceira posição. Assim como na final do revezamento 4 x 100 m livre, na última terça (11), quando o Brasil ficou com o bronze, o baiano fez o melhor tempo da equipe (1m40s98) e foi fundamental para superar a Rússia por 3 centésimos.

“O Altamir sempre foi meio louco. Falava que seria recorde mundial nosso aqui. Eu falava, pô, esse cara está falando sério?”, brincou Santos.

“Nossa meta é chegar em Tóquio para consolidar nosso nome entre os melhores”, comentou Scheffer.

O resultado surpreende não só pela marca, mas por ter sido uma final extremamente disputada (tanto russos, prata, quanto chineses, bronze, também bateram o antigo recorde) e porque o Brasil se classificou nas eliminatórias apenas com o sexto tempo.

A geração desponta com enorme potencial para o Pan do Peru, em 2019, e como esperança de medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.​

No seu provável adeus aos 50 m livre, Cielo fica em sétimo

Se a sexta-feira (14) foi de comemoração para os jovens, o veterano Cesar Cielo, 31, ficou apenas com a sétima colocação na final dos 50 m livre do Mundial, com tempo de 21s20.

O russo Vladimir Morozov co, que cravou 20s33, conquistou o ouro; a prata foi para Caeleb Dressel (EUA), com 20s51; e o bronze para o sul-africano Bradley Tandy (21s07).

Ouro na prova nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, Cielo evitou falar em aposentadoria.

“Não vou anunciar nada em relação ao meu futuro na natação. Vou focar no revezamento e tentar ajudar o grupo a conquistar a medalha de ouro”, disse ao canal SporTV, referindo-se ao 4 x 50 m medley, que acontece no sábado (15).

Nos 50 m, Cielo também foi ouro em 2010 (Dubai, piscina curta) e é tricampeão mundial: 2009 em Roma (ITA), 2011 em Xangai (CHN) e 2013 em Barcelona (ESP). Somando os  Jogos Pan-Americanos do Rio 2007 e de Guadalajara 2011, a prova já lhe rendeu sete ouros na carreira —são mais dois bronzes e uma prata.

Na última terça-feira (11), ele se tornou o maior medalhista brasileiro na história dos Mundiais em piscina curta com a conquista do bronze no revezamento 4 x 100 m, seu 11º pódio na competição, ultrapassando Gustavo Borges.

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