Descrição de chapéu The New York Times

Fã de LeBron, Lonzo Ball batalha para ser um armador digno do ídolo na NBA

Aos 21 anos, jogador do Lakers idolatra seu novo colega e tenta se firmar na temporada

Lonzo Ball tenta a assistência durante jogo do Los Angeles Lajers contra o Sacramento - USA TODAY Sports
Scott Cacciola
Do The New York Times, em Oakland, Califórnia

Lonzo Ball, 21 anos, começou a reverenciar LeBron James quando este chegou ao Cleveland Cavaliers para sua primeira temporada como ala. Ball tinha, então, cerca de seis anos de idade. Mas o jogador declarou em entrevista na semana passada que, mesmo tão pequeno, já “idolatrava” James a ponto de usar uma réplica em tamanho infantil de sua camisa. 

Tantos anos mais tarde, Ball pertence ao elenco de astros do Los Angeles Lakers. Ele trabalha ao lado de James e batalha por vitórias à sua gigantesca sombra. A situação ainda parece um tanto surreal para Ball, que está sentado no vestiário do Lakers no Staples Center, não muito longe do armário de James, e diz que tenta absorver o máximo que pode.

“Ele foi minha inspiração durante toda a minha vida”, disse Ball.Ball mesmo está acostumado aos holofotes, que sempre o seguiram ---muitas vezes a convite de seu pai ---, desde que ele foi escolhido para o McDonald’s All-American Team, que reúne os melhores jogadores de basquete das escolas secundárias dos Estados Unidos, quando estudava na Chino Hills High School, 55 quilômetros a leste de Los Angeles.

Os mesmos holofotes o acompanharam na temporada passada, para o bem mas principalmente para o mal, enquanto ele enfrentava lesões e problemas para desenvolver seu jogo, como armador calouro na NBA.

Mas  a contratação de James nesta temporada gerou pressões de uma outra ordem, e Ball, 21, parecia estar sentindo seu efeito, enquanto se preparava para o jogo natalino anual do Lakers, no caso uma vitória por 127 a 101 contra o Golden State Warriors, na noite de terça-feira (25).

Seu jogo anterior havia sido um dos mais irregulares da temporada, em uma derrota por 107 a 99 contra o Memphis Grizzlies na qual ele registrou um total de quatro pontos, três rebotes e duas assistências, com aproveitamento de 20% em seus arremessos de quadra. Ele perdeu todos os sete arremessos de três pontos que tentou.

Luke Walton, o treinador do Lakers, acha que Ball permitiu que seus problemas no arremesso, que não são grande novidade, prejudicassem o restante de seu jogo.

“Ele é um jogador bom demais, e importante demais para nós, para permitir que isso aconteça”, disse Walton.

Mas Ball vem se provando capaz de compensar os maus momentos com partidas sólidas que parecem validar o investimento do Lakers nele como segunda escolha no draft de 2017.

Ball fascina e irrita ao mesmo tempo. Este mês, por exemplo, ele teve um par de jogos memoráveis, começando pelo terceiro triplo duplo de sua carreira — 16 pontos, 10 rebotes e 10 assistências — em uma vitória fácil sobre o Charlotte Hornets. James, que também concluiu o jogo com um triplo duplo (o 75º em sua carreira), mais tarde postou no Instagram uma foto em que aparecia abraçando Ball.

“Somos iguaizinhos quando o assunto é nossa capacidade de criar jogadas”, disse James a jornalistas depois da partida.Três dias mais tarde, Ball fez 23 pontos e acertou nove de 16 arremessos de quadra e cinco de seus nove arremessos de três pontos, em uma derrota para o Brooklyn Nets.

Somados (e desconsiderando a amostra microscópica que representam até agora), esses desempenhos parecem confirmar a ideia de que Ball pode se tornar um armador digno de trabalhar com James. Ball é excepcional no passe, e tem uma visão de quadra que lembra a de um antigo craque do Lakers que agora serve como vice-presidente de operações de basquete do clube [Magic Johnson].

Mas Ball continua a enfrentar problemas para manter a eficiência nos arremessos. Até antes do jogo da terça-feira, sua média vinha sendo de nove pontos, 5,2 rebotes e 4,8 assistências por jogo, com 39,7% de aproveitamento nos arremessos de quadra convertidos e 30,9% de aproveitamento por trás da linha dos três pontos. (Contra o Warriors, ele teve seis pontos, três rebotes e quatro assistências, nos 24 minutos que passou em quadra.)

E por isso as dúvidas sobre ele persistem. Vai conseguir colocar seu jogo em ordem? E se isso for possível, vai conseguir fazê-lo dentro do cronograma acelerado que a chegada de James criou no Lakers?

“Todo mundo o observa”, disse Ball sobre James, “e espera que ele nos traga um título, e todas essas coisas importantes. Mas ele precisa de um elenco de apoio”.

De sua parte, Ball mantém um nível de confiança extraordinário. “É claro que quero ser All-Star”, ele disse. “Quero ser o MVP, um dia. Mas o que me importa são os títulos. Quando jogo, jogo para ganhar”.

E Ball, que jogou por um ano pela Universidade da Califórnia em Los Angeles antes de se profissionalizar, também compreende o que está em jogo.

“Sou daqui, e por isso sei como as coisas funcionam em Los Angeles. Se você está ganhando, as pessoas o amam. Se não, encontram algum outro cara para fazer o trabalho”.

Ball não funciona de maneira semelhante ao da maioria das pessoas. Ele disse que críticas o estimulam porque gosta de provar que as pessoas estão erradas. (No jargão moderno do jogo, essas pessoas poderiam ser descritas como “haters”.)

Quando o veterano armador Rajon Rondo começou a provocá-lo em um treino, no início da temporada, Ball o encorajou a continuar fazendo aquilo - não que Rondo precise de estímulo.

“Isso me anima”, disse Ball.

“Cresci sendo treinado por meu pai, que sempre gritava comigo. Assim, pessoas dizendo coisas ruins - joguei desse jeito a vida toda”. 

Ah, sim ---seu pai. Vale a pena apontar que LaVar Ball parece bem menos presente nesta temporada. Lonzo tem um irmão mais novo, LaMelo, que está jogando basquete em uma escola particular que prepara atletas em Ohio, e LaVar tem passado a maior parte de seu tempo com ele. As críticas do pai do atleta ao treinador do Lakers se tornaram bem menos frequentes nesta temporada.

“Acho que o foco dele está no meu irmão mais novo”, disse Lonzo Ball. “Estou fazendo o que devo fazer, e ele não tem mais o que me ensinar no basquete. Cheguei à liga, e isso é tudo. Realizei o que queria realizar, e o resto depende de mim”.

Depois de passar por uma cirurgia no joelho na metade do ano, Ball teve de se colocar em forma já com a temporada iniciada, e pode ser que ainda não tenha chegado ao condicionamento ideal. É difícil determinar seu potencial de crescimento.

“Foi difícil, porque achei que o período entre as temporadas seria ótimo para mim”, disse Ball.

“Na minha primeira temporada, mostrei potencial, mas minha sensação era de que podia fazer muito mais, e minha ideia era aproveitar as férias de verão para me preparar nos mínimos detalhes. Mas não pude”.

Na verdade, ele pôde fazer três coisas: comer, assistir vídeos de basquete e levantar pesos. Ball acrescentou nove quilos de músculo ao seu torso e braços - suas medidas oficiais na temporada são 1,98 metro de altura e 86 quilos ---, o que provou ser o ponto positivo de um período preparatório em geral incômodo.“Creio que ele tenha apreciado o processo de ganhar tamanho e ganhar força”, disse Miles Simon, preparador físico assistente do Lakers.

“Era fácil perceber, porque ele ficava andando sem camisa o tempo todo”.

A massa adicional tornou Ball um jogador de defesa melhor nesta temporada, disse Simon ---uma parte de seu jogo que não costuma receber atenção. Mas não ter oportunidade de treinar nas férias como esperava foi um problema.

“Na NBA, há muita coisa que um atleta pode fazer entre as temporadas, para melhorar aspectos de seu jogo”, disse Simon, “e ele ainda não teve essa oportunidade”.

Mas o fato é que os Lakers, que entraram em quadra para o jogo contra o Warriors com 19 vitórias e 14 derrotas, não estão necessariamente pensando em crescer em longo prazo, já que James está a ponto de completar 34 anos, ainda em forma, e quer disputar títulos o mais rápido possível.

A prova disso está no que ele declarou na semana passada sobre o quanto gostaria de jogar com atletas como Anthony Davis, o talentoso pivô do New Orleans Pelicans. Quanto a Ball, James vem expressando apoio constante ao colega, elogiando o jovem armador em suas interações com a imprensa e na mídia social --- e isso significa alguma coisa, por enquanto.

“LeBron é um dos melhores jogadores da história do basquete, e por isso não acho que ele mentiria só porque sou seu colega de time”, disse Ball. “Acho que ele realmente vê alguma coisa em mim”. 

Tradução de PAULO MIGLIACCI


 

 
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