Com geração jovem, surfe brasileiro tem fôlego para se manter dominante

Com Medina e Mineirinho, país conquistou três Mundiais em cinco temporadas

São Paulo

O título de Gabriel Medina, 24, além de colocá-lo no hall dos bicampeões mundiais com John John Florence, Tom Carroll e Damien Hardman, também representa o terceiro título brasileiro desde 2014, quando ele mesmo foi campeão —Adriano de Souza, o Mineirinho, venceu em 2015.

Tanto para Fernando Iesca, diretor do site especializado Waves.com.br, quanto para Carlos Burle, surfista profissional, o Brasil é hoje “o país a ser batido”.

“Temos campeões mundiais de Longboard, Bodyboard, Pro Junior, Surf Adaptado, Ondas Gigantes e por aí vai”, analisa Iesca.

Medina comemora seu segundo título mundial de surfe
Medina comemora seu segundo título mundial de surfe - Ed Sloane-18.dez.18/WSL

“Australianos e americanos estão batalhando para mudar esta cena. Mas a curto e médio prazo não parece que vai acontecer”, entende Burle.

O país é apenas o quarto em títulos mundiais, atrás de Havaí (7, considerado uma nação à parte para a liga de surfe, embora faça parte dos Estados Unidos), Estados Unidos (19) e Austrália (20). Já no Circuito de Juniores, que começou em 1998, o Brasil lidera com 7 títulos, a frente de australianos (5) e havaianos (4).

No profissional, o Brasil tem média de idade de 25,7 anos, com 5 de seus 7 atletas com 24 anos ou menos.

Individualmente é difícil pensar que Medina alcance Kelly Slater, maior nome do esporte com 11 mundiais. Mas prestes a completar 25 anos, a distância para o australiano Mark Richards (5 títulos), os tricampeões, Mick Fanning, Andy Irons e Tom Curren, é cada vez menor. 

​Iesca acredita que brasileiro deve concentrar-se em ganhar consistência nas primeiras etapas do ano. Em 2018, Medina conquistou sua primeira etapa só em agosto (Taiti).

Segundo Burle, a entrada do surfe nas Olimpíadas pode ser um diferencial para Medina ser ainda maior no esporte.

Ele torce também pela recuperação do rival John John Florance, que sofreu com lesões em 2018, e pelo crescimento de adversários como Italo Ferreira e Felipe Toledo.

"Me digas com quem compete que te digo quem és", brinca Burle.

Histórico, para eles, é o fato do Brasil ter conquistado 9 das 11 etapas do ano: 3 com Medina, 3 com Ferreira, duas para Filipe Toledo e uma para Willian Cardoso.

"Estamos puxando o limite. Hoje você vê os estrangeiros com medo dos brasileiros", comenta Burle.
Iesca acredita ainda que Toledo, "o mais veloz da história", possa ser campeão nas próximas temporadas e pede que o crescimento da modalidade no Brasil continue.

"É difícil criticar algo que está dando certo. Talvez um pouco mais de atenção e estrutura para os surfistas da base de todas as regiões do Brasil, não só do Sul e Sudeste", finaliza.

Burle defende que o mais importante, no momento, é manter os pés no chão. 

“Não cair na pegadinha de somos os melhores do mundo e deixar isso mexer com o ego e começarmos a ter atitudes de negligentes”, completa.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.