Casos de racismo voltam a afligir grandes ligas de futebol da Europa

Zagueiro senegalês Kalidou Koulibaly, do Napoli, foi alvo de torcedores da Inter de Milão

Kalidou Koulibaly, do Napoli, deixa o campo após ser expulso por reclamar de ofensas racistas - Alberto Lingria/Reuters
São Paulo

Casos de injúria racial contra jogadores de futebol voltaram a ser registrados nos estádios de algumas das principais ligas europeias neste final de ano. O mais recente aconteceu na última quarta-feira (26), quando o zagueiro senegalês Kalidou Koulibaly, do Napoli, foi alvo de ofensas durante jogo do seu clube contra a  Inter de Milão, no estádio  Giuseppe Meazza, em Milão, pelo Campeonato Italiano. 

Kalidou Koulibaly acabou expulso da partida aos 35 minutos da etapa complementar após aplaudir ironicamente o árbitro Paolo Mazzoleni, que, em sua visão, nada fez para impedir as ofensas e não suspendeu o jogo.

"Sinto muito pela derrota e por ter deixado os meus irmãos em desvantagem numérica no campo. Mas tenho orgulho da cor da minha pele. Tenho orgulho de ser francês, senegalês, napolitano, homem", escreveu o zagueiro do Napoli, de 27 anos, em italiano.

Logo depois do jogo, o treinador do Napoli, Carlo Ancelotti, disse que pediu três vezes a suspensão do confronto pelo racismo. “Na próxima vez, abandonaremos o campo, talvez nos deem a partida como perdida”, apontou.

Nesta quinta-feira (27), o senegalês ganhou a defesa de Cristiano Ronaldo, da Juventuscinco vezes eleito o melhor jogador do mundo.

"No mundo e no futebol eu sempre quero educação e respeito. Não ao racismo e a qualquer ofensa e discriminação”, disse o atacante em seu Instagram.

A Inter de Milão também usou as redes sociais para lamentar o comportamento de seus torcedores após a partida. Junto a uma foto de Icardi com  Koulibaly, o time publicou uma mensagem pedindo um "futuro sem discriminação". 

"Desde 1908, a Inter representa integração, inovação e progresso. A história de Milão é acolhedora e juntos lutamos para construir um futuro sem discriminação. Aqueles que não entendem esta história não estão conosco", diz o comunicado.

As desculpas, porém, não sensibilizaram a Liga Italiana, que decidiu punir a Inter de Milão. O clube terá de disputar suas duas próximas partidas em casa com portões fechados. A liga também aplicou suspensão de dois jogos a Koulibaly por ter aplaudido ironicamente o juiz.

O caso de racismo no futebol italiano se junta a outros que aconteceram recentemente no futebol europeu e têm chamado a atenção das autoridades que comandam o esporte no continente.

Na Inglaterra, torcedores do Chelsea entoaram cantos racistas durante vitória contra o Watford, em jogo realizado também na quarta-feira (26), o que rendeu posicionamento duro do técnico Maurizio Sarri.

"Em todas as comunidades, acho que existem pessoas estúpidas, então temos que lutar juntos contra as pessoas estúpidas, mas não contra os verdadeiros torcedores do Chelsea", afirmou o técnico italiano.

Torcedores do time de Londres já haviam proferido ofensas racistas em outra partida, neste mês de dezembro. No dia 11, o Chelsea venceu o Manchester City, em jogo que sua torcida usou de racismo contra o atacante rival Raheem Sterling.

Em 2015, os torcedores do Chelsea haviam passado por outro episódio que repercutiu pelo mundo. Após empate contra o PSG por 1 a 1, pela Liga dos Campeões, um grupo de britânicos impediu a entrada de um homem negro em um dos vagões do metrô de Paris.

Empurrado, o sujeito não conseguiu entrar no trem, aos gritos de "somos racistas", da torcida inglesa.

Após o confronto, em nota, o clube inglês prometeu “sanções severas” e proibiu a entrada de quatro torcedores envolvidos no episódio.

O Campeonato Italiano já havia registrado casos de racismo na temporada passada. O francês de origem angolana Blaise Matuidi, da Juventus, foi vítima de ofensas dessa natureza em 7 de janeiro deste ano, contra o Cagliari, e em 30 de dezembro de 2017, diante do Hellas Verona. Em nenhum dos casos houve punição aos clubes ou foram apontados culpados. 

Antes disso, o Cagliari já havia se envolvido em outros episódios de racismo. Em maio de 2017, o meia ganês Sulley Muntari, do Pescara, foi vítima de ofensas racistas de torcedores do clube.

Com informações das agências de notícias.

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