Tradicional no atletismo, Cruzeiro desmonta equipe e revolta técnico

Alexandre Minardi está no clube desde a fundação do departamento, em 1984

Queniana Maurine Kipchumba venceu a São Silvestre em 2012 representando o Cruzeiro
Queniana Maurine Kipchumba venceu a São Silvestre em 2012 representando o Cruzeiro - Rivaldo Gomes/Folhapress
Bruno Rodrigues Daniel E. de Castro
São Paulo

A 94ª edição da São Silvestre marcará a despedida de mais uma tradicional equipe de atletismo do Brasil em 2018: o Cruzeiro, na ativa desde 1984.

A decisão ainda não foi formalizada, mas atletas e o departamento técnico já foram informados pela diretoria cruzeirense de que o clube não seguirá no esporte em 2019.

“É muito triste, porque a equipe do Cruzeiro é super tradicional não só nacionalmente, mas internacionalmente”, disse Alexandre Minardi, técnico da equipe e funcionário do atletismo do Cruzeiro desde a fundação do departamento, há 34 anos.

“Estou muito indignado com o Sérgio Nonato [diretor-geral], que acabou com a equipe do Cruzeiro. O pior de tudo é que o contrato foi assinado pelo atual presidente, Wagner Antônio Pires de Sá, de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2019. Dois anos. Ele faz o distrato como se o contrato terminasse agora, semana que vem. Eu achei isso uma tremenda sacanagem”, completou Minardi.

Procurado pela reportagem, Sérgio Nonato afirmou apenas que “a decisão foi tomada pelo clube em razão do corte de gastos”.

O custo anual do departamento de atletismo era de cerca de R$ 600 mil, segundo Minardi. 

Equipe de atletismo do Cruzeiro na década de 80. Hoje técnico, Alexandre Minardi competia pelo clube e é o segundo da esq. para a dir. entre os sentados
Equipe de atletismo do Cruzeiro na década de 80. Hoje técnico, Alexandre Minardi competia pelo clube e é o segundo da esq. para a dir. entre os sentados - Cruzeiro EC/Divulgação

Quem também se disse triste com o fim da equipe foi o atleta cruzeirense Wellington Bezerra, 30, que atingiu o índice para os Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, com um bom desempenho na última Maratona de Berlim. Welington, porém, precisou bancar toda a viagem sozinho.

“Quando decidi ir, falei com o Minardi e ele disse que [o clube] não tinha condições. Estou pagando ainda, mês que vem acabo de pagar a última parcela”, afirmou o atleta, que gastou cerca de R$ 8.000, divididos em dez vezes.

Além de Wellington Bezerra, outros seis atletas correrão a São Silvestre na categoria masculina: Gilmar Silvestre Lopes, Valdir Sérgio de Oliveira, Valério de Souza Fabiano, Gleison da Silva Santos, Reginaldo José da Silva e Ivamar de Oliveira. 

Franck Caldeira representava o Cruzeiro quando foi campeão da prova, em 2006
Franck Caldeira representava o Cruzeiro quando foi campeão da prova, em 2006 - Ayrton Vignola/Folha Imagem

Em 2006, o clube foi vencedor da prova com o atleta Franck Caldeira.

Na categoria feminina, a equipe mineira será representada nesta edição pela argentina Marcela Cristina Gomez Cordeiro. Em 2012, a queniana Maurine Kipchumba, representante do Cruzeiro, venceu a São Silvestre.

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