Descrição de chapéu Campeonato Paulista

Competitivo até na praia, Sampaoli corta folgas e muda rotinas no Santos

Com treinador argentino, equipe está com 100% de aproveitamento na temporada

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Jorge Sampaoli joga tênis de praia em Santos
Jorge Sampaoli joga tênis de praia em Santos - Irandy Ribas/A Tribuna de Santos/Folhapress
Santos e São Paulo

Debaixo de um sol escaldante, um homem desperta atenção na praia. Em plena segunda-feira, ele vibra alto com cada ponto de uma partida de futevôlei. A partida é interrompida, ele é parado por pessoas para tirar fotos. A cena se repete exaustivamente e virou parte da rotina do argentino Jorge Sampaoli, 58.

O técnico precisou de pouco menos de um mês para virar a principal figura de um Santos tão surpreendente como competente neste início de temporada — tem o melhor ataque e é único com 100% de aproveitamento no Campeonato Paulista

Após o acerto verbal para comandar a equipe, Sampaoli chegou ao Brasil e impressionou dirigentes do clube pelo estilo “workaholic”, ou seja, de um trabalhador incansável.

Logo na primeira reunião, o argentino já tinha em mãos uma lista com mais de 30 possíveis reforços e demonstrou largo conhecimento sobre o elenco do Santos, até mesmo de nomes emprestados e menos conhecidos.

O começo de trabalho não foi diferente. Pediu à diretoria, por exemplo, quase R$ 200 mil em materiais como barras de ferro, anilhas e outros equipamentos específicos para a pré-temporada. Na primeira semana, aboliu as folgas e intensificou os treinos em dois períodos.

Preocupado em ter peças que fizessem a equipe jogar ao seu melhor estilo, registrava mais de 20 ligações diárias ao presidente. Não queria dar entrevista para falar de um trabalho que não havia iniciado. “É preciso? Quantos minutos vai durar?”, perguntava a assessoria do clube.

Sampaoli, no entanto, não é só a máquina que chegou ao clube pilhado por resultados. A redenção do treinador também é construída por outros elementos.

No vestiário, pediu desculpas por declarações que colocaram em xeque a titularidade do goleiro Vanderlei. A retratação agradou o elenco de jogadores. Após o clássico, ainda promoveu um churrasco para celebrar a nova fase vivida pela equipe.

O técnico ganhou popularidade com os torcedores por jamais negar fotos ou atendimentos, mas por ter virado, também, uma espécie de “rei da praia” em Santos. Ele mora em um hotel em frente à orla.

Primeiro, se tornou atração em rede de futevôlei. Ele parou para acompanhar uma partida enquanto caminhava pela praia. Identificado, foi chamado e aceitou o convite para jogar. O vídeo do treinador viralizou nas redes sociais.

Sampaoli agora é presença constante no grupo. Já levou, inclusive, um dos membros de sua comissão técnica e o gerente de futebol Gabriel Andreata, contratado pelo clube por sua indicação.

Um dos rivais do argentino na areia disse à Folha que o santista não gosta de perder e se cobra por cada ponto. Na primeira vez em que aceitou o convite, jogou três partidas seguidas.

Nesta semana, outra surpresa. Sampaoli comemorou a vitória por 2 a 0 no clássico contra o São Paulo com aulas de beach tênis, modalidade que mistura influências de vôlei de praia, badminton e tênis. Ele é adepto ao padel, esporte com características parecidas, muito popular na Argentina.

“Ele [Sampaoli] me abordou na praia, disse que queria jogar o esporte e se poderia lhe dar aula. Marcamos às 17h. Antes disso ele já estava aqui esperando”, disse Alan Gomes de Oliveira, 24, atleta profissional e professor de beach tennis.

No treino, o argentino foi descrito como "um aluno extremamente competitivo". Não abriu mão de fazer uma hora completa de aula e ainda jogou uma pequena partida de quatro games no fim.

“Ainda fez questão de me pagar. Geralmente, não cobro pela primeira aula, mas ele me pagou a mais e disse para ficar para as próximas”, completou Gomes.

Sampaoli já foi visto, também, em alguns bares e restaurantes da cidade. Um deles, um famoso estabelecimento de comida alemã frequentado por ex-treinadores do clube como Oswaldo de Oliveira e Vanderlei Luxemburgo.

Adaptado, o técnico agora procura casa em condomínio fechado em um morro da cidade, conhecido por casas luxuosas. Ele deseja trazer seus cachorros da Argentina.

Em Santos, o técnico tem recuperado o prestígio que perdeu com a campanha pela seleção de Messi na última Copa do Mundo, marcada por críticas na Argentina.

Ele ainda acredita na evolução do entendimento do seu sistema de jogo no Brasil.

“Estou convencido de que quando a equipe jogar melhor correrá menos. Estamos buscando que equipe se defenda mais com a bola do que sem”, explica.

Dentro e fora de campo, o argentino e o Santos parecem ter encontrado a parceria perfeita para um recomeço.

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