Descrição de chapéu The New York Times

Boicote e jogo com poucos pontos derrubam audiência do Super Bowl

Torcedores do New Orleans Saints, eliminados na semifinal, lideraram protestos

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Jared Goff arremessa a bola no Super Bowl do último fim de semana, vencido pelo New England Patriots
Jared Goff arremessa a bola no Super Bowl do último fim de semana, vencido pelo New England Patriots - Xinhua/Str
Kevin Draper
Nova York | The New York Times

Foi o Super Bowl com o placar mais baixo da história, um jogo que todos concordam ter causado sono. O show do intervalo foi esquecível. Os comerciais foram chochos.

Os espectadores que estavam assistindo pela televisão perceberam, e a rede de TV CBS, que transmitiu o jogo nos Estados Unidos, pagou o preço.

Na segunda-feira, a CBS anunciou que 98,2 milhões de pessoas viram o New England Patriots derrotar o Los Angeles Rams por 13 a 3, a menor audiência da partida em TV aberta desde 2008, quando o New York Giants derrotou o Patriots. O público foi 5% inferior ao do Super Bowl do ano passado, quando 103,4 milhões de espectadores viram o Super Bowl na rede NBC, e 12% inferior ao do Super Bowl de 2017, assistido por 111,3 milhões de pessoas na rede Fox.

A CBS informou que 2,6 milhões de pessoas assistiram ao jogo pela internet –um recorde de audiência online–, o que conduziu a audiência total a 100,7 milhões de espectadores - e isso quer dizer que, comparado aos números de dois anos atrás, o público realmente não gostou deste Super Bowl.

Isso se aplica especialmente a Nova Orleans, onde um senso de indignação justificada, da parte de torcedores do New Orleans Saints que consideram que seu time foi prejudicado pela arbitragem, contribuiu para o colapso da audiência. O Saints foi derrotado pelo Rams na final da conferência NFC, depois de um erro de arbitragem que ajudou o Rams a levar o jogo à prorrogação. Roger Goodell, o comissário da NFL, admitiu mais tarde que a arbitragem errou.

Ainda que Nova Orleans não seja um dos grandes mercados televisivos dos Estados Unidos, é um dos que mais se interessam por futebol americano. Tipicamente, a proporção dos domicílios da cidade que assistem ao Super Bowl está entre as mais altas do país. Mas no domingo, o índice de audiência do Super Bowl na cidade foi de apenas 26,1, ante 53 para o Super Bowl do ano passado. Foi a menor audiência já registrada para um Super Bowl em Nova Orleans.

Em lugar de assistir ao jogo, milhares de torcedores do Saints fizeram uma marcha de protesto no French Quarter. LaToya Cantrell, prefeita de Nova Orleans, assistiu ao show do "Boycott Bowl". Alguns torcedores do Saints chegaram a abrir processos contra a NFL, embora a possibilidade de vitória seja ínfima.

O The Times Picayune também aderiu à campanha. "Super Bowl? Que Super Bowl?", era a manchete da sua edição de segunda-feira (4), em uma primeira página em branco. Pierre Thomas, que jogou como "running back" pelo Saints, aprovou a iniciativa, tuitando que a primeira página representava "sarcasmo digno de um campeão".

Os torcedores de Kansas City, onde o Chiefs foi derrotado pelo Patriots na decisão da conferência AFC, também mostraram menos entusiasmo pelo jogo, ainda que a queda não tenha sido tão grave. Em Kansas City, a audiência do Super Bowl ficou 11% abaixo da registrada no ano passado.

A queda na audiência do Super Bowl contrariou o sucesso que a NFL conseguiu na televisão na temporada encerrada domingo (3). Todos os horários de transmissão de jogos da NFL registraram audiências médias superiores às da temporada passada, na temporada regular de 2018, e o avanço total da audiência foi de 5%.

Não é necessariamente incomum que os números da temporada regular apontem em uma direção e os do Super Bowl na oposta. Os Super Bowls de 2017 e 2018 tiveram audiência mais baixa que o precedente, mas nos dois casos a queda foi inferior ao declínio geral da audiência televisiva durante as duas temporadas regulares em questão.

Também houve um número desconhecido de pessoas que boicotaram o jogo pelo que veem como tratamento injusto a Colin Kaepernick, ex-quarterback do San Francisco 49ers que não conseguiu emprego nem como reserva em um time da NFL nas duas últimas temporadas. Kaepernick se tornou uma figura controversa em 2016, quando começou a se ajoelhar durante a execução do hino nacional antes das partidas, em protesto contra a brutalidade policial e outras questões que afetam as minorias e as pessoas economicamente desprivilegiadas dos Estados Unidos.

Apesar do quarto ano consecutivo de queda de audiência, é quase certo que o Super Bowl seja o evento televisivo mais assistido do ano nos Estados Unidos, com dezenas de milhões de telespectadores a mais do que qualquer outra coisa na TV. Em um mercado que vem se fragmentando e em meio à queda geral de audiência da TV tradicional, o futebol americano continua a reinar. Em 2018, 46 dos 50 programas de televisão mais assistidos nos Estados Unidos foram jogos da NFL.

Tradução de Paulo Migliacci

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