Descrição de chapéu Copa do Brasil

Com salto acima da média, Gustavo chega a 2,54 m e vira referência do Corinthians

Goleador da equipe alvinegra na temporada, atacante marcou três dos seus sete gols de cabeça

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Gustavo cabeceia a bola durante jogo do Corinthians contra o Racing, pela Copa Sul-Americana - Alan Morici/AGIF/Folhapress
São Paulo

Artilheiro do Corinthians na temporada, Gustavo, 24, vem mostrando que o cabeceio é sua principal virtude. Três dos sete gols marcados pelo jogador foram assim.

Com 1,86 m, o camisa 19 conta com a sua impulsão, considerada acima da média, para se destacar no jogo aéreo e se tornar a referência do sistema ofensivo corintiano.

Ele é a maior aposta da equipe para vencer o Avenida nesta quarta-feira (20), às 21h30, no Itaquerão, pela segunda fase da Copa do Brasil. Nesta fase, o confronto é decido em jogo único. Em caso de empate, o time classificado será definido em disputa de pênaltis.

De acordo com números obtidos pela Folha, o jogador chega a saltar parado 68 cm. A medição foi feita pelo Fortaleza, seu ex-clube, em março do ano passado. O Corinthians não quis divulgar as medições deste ano à reportagem.

Gustavo cabeceia para marcar o gol de empate do Corinthians contra o Racing, pela Copa Sul-Americana - Nelson Almeida/AFP

Essa impulsão somada à altura do atacante faz Gustavo chegar a 2,54 m, 10 cm mais alto que o travessão de um gol oficial de futebol.

Na histórica defesa de Gordon Banks após cabeceio de Pelé na Copa de 1970, o Rei do Futebol subiu 70 cm para cabecear, altura próxima da alcançada por Gustavo. A medida, porém, ainda está longe do que saltam os principais astros da NBA. Em testes, LeBron James, do Los Angeles Lakers, chega a saltar quase 1,12 m sem impulso. 

Segundo Edson Palomares, fisiologista do Fortaleza, a impulsão acima do normal de Gustavo é um dos motivos para o seu bom desempenho nos cabeceios. Pelos cálculos do especialista, o jogador tem uma impulsão cerca de 10% maior do que era esperado para um atleta de sua altura.

“Um atleta deve saltar cerca de um terço da sua altura. Portanto, o Gustavo deveria saltar 62 cm. Porém, na última medição nossa, no início do ano, ele saltava 68 cm. Ele deve ter terminado a temporada acima dos 70 cm”, afirmou.

A eficiência do jogador pelo alto chamou a atenção do técnico Fábio Carille, que o manteve como titular mesmo após a chegada do argentino Mauro Boselli, uma das contratações mais badaladas do Corinthians para 2019.

Além disso, fez o comandante corintiano pedir para os jogadores insistirem mais nas jogadas aéreas.

“O Gustavo é um jogador que está trabalhando demais, ele me surpreendeu. Não só pelos gols, mas como briga pela bola, lembrando muito o Jô. No ano de 2018, o Corinthians jogou sem o camisa 9 e a gente parou de jogar a bola na área. Quero induzir meus jogadores a trabalhar mais os cruzamentos. Temos que melhorar, aproveitar a fase do atleta”, disse o treinador.

Em 2017, quando assumiu a equipe pela primeira vez, Carille não deu chances ao atacante, que foi emprestado nas duas últimas temporadas e retornou neste ano ao clube, após se destacar na Série B.

Campeão da segunda divisão pelo Fortaleza, o atacante marcou 14 gols, sendo 6 de cabeça. Ao longo da temporada fez 30, três a mais que o ex-santista Gabriel, hoje no Flamengo, sendo o maior goleador do país em 2018.

“Eu falo sem medo que [Gustavo] é um dos três melhores cabeceadores com quem eu trabalhei no futebol. Além da impulsão, tem bom tempo de bola. Você tem que criar as jogadas para ele”, afirmou Rogério Ceni, que comandou o jogador no ano passado.

A qualidade do cabeceio chama ainda mais a atenção pelo fato de Gustavo não ter trabalhado o fundamento nas categorias de base. Ele chegou ao Taboão da Serra, seu primeiro time profissional, em 2013, quando tinha 19 anos para a disputa da segunda divisão do Paulista sub-20.

“Ele tem o movimento corporal interessante. Ele é capaz de utilizar não apenas a cabeça, mas todo o corpo projetando uma força ao tocar na bola de cabeça. Ele consegue utilizar a biomecânica correta”, disse Danilo Augusto, preparador físico do Fortaleza.

O atacante teve a ajuda de um amigo, que bancou o pagamento de sua inscrição para atuar pelo clube da Grande São Paulo. Na oportunidade, marcou seis gols em seis jogos.

Gustavo, porém, pensou em desistir. De família pobre e sem saber o que o futebol o reservava, não quis voltar ao time e preferiu ficar em Registro, sua cidade natal, para ajudar a mãe, que trabalhava como doméstica. Na época, seu pai estava preso, e ele fazia bicos para o tio como pintor.

O atacante foi demovido da ideia e retornou para o Taboão da Serra para jogar a Copa São Paulo. Marcou nove gols, foi o artilheiro do torneio e se transferiu para o Criciúma.

No clube catarinense, Gustavo não deslanchou. Após 17 partidas sem marcar, foi emprestado para o Resende e para o Atlético Tubarão. Ele ainda jogou pelo Nacional (POR) antes de retornar ao time de Santa Catarina em 2016 e fazer 18 gols em 32 jogos.

O desempenho chamou a atenção do Corinthians. Na Série A, fez nove jogos e passou em branco. Acabou sendo emprestado. Rodou por Bahia, Goiás e Fortaleza, onde se destacou e ganhou uma nova chance na equipe alvinegra.

“Minha ideia era voltar, mas tinha o medo de não ter a oportunidade e não dar certo de novo. O Andrés [Sanchez, presidente do Corinthians] assegurou que teria oportunidade e que só dependeria de mim”, afirmou Gustavo.

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