De fanfarra a funk, conheça história e ouça hinos dos times do Paulista

Além da letra e música, especial traz curiosidades sobre cada uma das canções

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Palmeiras durante execução do hino em jogo contra a equipe do Bragantino, no Paulista
Palmeiras durante execução do hino em jogo contra a equipe do Bragantino, no Paulista - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgacao
 
São Paulo

​Da fanfarra ao funk. Dos dois extremos vão as melodias dos hinos que representam os 16 clubes da Série A1 do Campeonato Paulista. A Folha traz a história de cada composição, com curiosidades e causos das canções que representam os clubes que disputam a elite do Estadual de São Paulo. Leia e ouça aqui:

Botafogo

Até 1972, o clube de Ribeirão Preto não possuía um hino oficial. Existiam somente algumas marchinhas que faziam alusão ao Botafogo. O hino oficial surgiu por iniciativa do ex-presidente Ricardo Christiano Ribeiro e dos radialistas Luis Mozart, conhecido como Tiririca, e Corauci Neto, pelo programa Balanga-Beiço.

Eles organizaram um concurso para eleger o hino oficial do clube, em agosto de 1974. Ricardo Ribeiro decidiu concorrer com a sua composição feita em parceira com o ex-jogador e seu amigo Horvildes Simões. Entre outras 13 músicas concorrentes, venceu a do presidente, cuja letra caiu no gosto dos conselheiros por retratar a tradição democrática do clube e seu início modesto no bairro na Vila Tibério.

Bragantino

A letra do hino foi feita por Renato Silva, a pedido de Marquinhos Chedid, então vice-presidente do clube e filho de Nabi Abi-Chedid, que era o presidente.

Foi encomendada em 1988 porque o time havia chegado à primeira divisão do Paulista e não tinha um hino. Marquinhos passou para Silva algumas características do clube para que a letra pudesse ser escrita. Foi passada para a diretoria para aprovação, o que aconteceu. Depois disso, foi musicalizada por Sapo, líder de uma banda chamada Sapo da banda do Brejo, um músico de Valinhos, no interior de São Paulo.

Corinthians

O hino do Corinthians, de Lauro D'Ávila e Edmundo Russomanno, apareceu pela primeira vez em 1952, em um disco que não foi comercializado. A música, chamada "Campeão dos Campeões" caiu no gosto da torcida e foi repetidas vezes cantada após a conquista do Paulista de 1954.

Acabou adotada pelo clube no lugar de outra canção, chamada "Corinthians", oferecida ao presidente Felipe Collona, que dirigiu a agremiação entre 1929 e 1930. Tinha letra de Eduardo Dohmen e música de La Rosa Sobrinho.

Letra do hino antigo:

Lutar... Lutar…
É nosso lema sempre, para a glória
Jogar... Jogar…
E conquistar os louros da vitória
E proclamar, nosso pendão
É alvinegro e sempre há de brilhar
Flutuar, viril
Para a grandeza e glória do Brasil
 
Corinthians... Corinthians…
A glória será o teu repouso
E nós, unidos sempre,
Elevaremos teu nome glorioso.
 

Ferroviária

Em 1983, a Ferroviária disputou a então chamada Taça de Ouro, que correspondia à Série A do Campeonato Brasileiro. Para comemorar o feito, foi lançada em forma de compacto simples a música “Exaltação à Ferroviária de Araraquara”, de letra do jornalista e compositor Renato Silva, também autor dos hinos de Ponte Preta, Bragantino, Ituano e XV de Jaú.

A canção acabou sendo oficializada como hino oficial do clube de Araraquara. Como curiosidade, a Ferroviária foi o primeiro time de futebol do Brasil a ter um hino exclusivo para sua equipe feminina. A canção foi composta pela goleira Bruna de Almeida a pedido de suas companheiras. O projeto do hino foi apresentado e aprovado na Câmara Municipal de Araraquara e é tocado antes das partidas do time feminino da Ferroviária.

Guarani

Por iniciativa do então presidente Leonel Martins de Oliveira, no ano de 1976, integrantes do departamento social do Guarani buscaram um compositor para o hino da agremiação, fundada em 1911. Foi aí que Antonio Carlos Milanês procurou pelo jornalista e compositor campineiro Oswaldo Guilherme. Ele, segundo o clube, ficou responsável por “dar forma poética aos versos” da canção.

Já Milanês e Hermógenes de Freitas Leitão Filho fizeram um apanhado de observações e entregaram ao autor, como “evitar menções bairristas” e “não haver citação a cidade de Campinas”. A letra deveria conter citações à “Família Bugrina” e ao “Brinco de Ouro”, além de exaltar as cores e a bandeira do Guarani.

A estreia do hino se deu antes do empate em 2 a 2 com o Palmeiras, pelo Campeonato Paulista, em  8 de agosto de 1976.

Ituano

Não se sabe ao certo quando o hino do clube foi lançado. E uma confusão sobre o responsável por sua autoria também perdurou por anos, até que em um acordo na Justiça, o Ituano reconheceu o radialista Benedito da Silva —também chamado de Renato Silva—, morto em 1999, como o compositor da canção e indenizou sua família.

De campinas, o compositor também foi responsável pelo hino da Ponte Preta, seu clube do coração, além de também ter criado o da Ferroviária e do XV de Jaú.

Mirassol

O hino foi criado no primeiro acesso do clube, em 2007. A ideia era colocar uma enquete no site dos torcedores para criar a canção. Antes disso acontecer, porém, Edward Villa, comentarista de rádio da região, como Mirassoense, achou que havia o risco de uma pessoa sem identificação com o clube criar a canção.

Temendo isso, ele escreveu uma versão de hino de madrugada. Chamou um amigo músico, gravou e ofereceu para o Mirassol, que aceitou. A letra fala do mascote da equipe, um leão. Lembra que em 1933, o Mirassol tinha um time que ficou mais de 40 jogos sem perder na região. 

Grêmio Novorizontino

Fundado em 2010, pouco tempo após a falência do Grêmio Esportivo Novorizontino, o clube viu em 2015 a necessidade de ter um hino para dar "eco a paixão da torcida pelo time".

O tigre, mascote da equipe, foi escolhido para fazer parte da letra por representar a "garra e a força", qualidades que, de acordo com o clube, seus jogadores precisam ter.

Oeste

A equipe fundada em 1921 passou boa parte de sua existência sem ter um hino. Em 1997, Mauro Guerra, hoje diretor de futebol do clube, criou a letra e cantou na gravação da música.

"Havia uma torcida organizada chamada 'Garra Rubro-Negra', que tinha uma escola de samba. Ela precisava de um samba enredo e, como tinham ligação com o clube, fiz a letra. É um samba mais puxado. Quando o pessoal ouviu, disseram que esse tinha de ser o hino do Oeste", conta o dirigente.

Palmeiras

Entoado em coro pela torcida quando o time joga em casa, o hino palmeirense foi composto em 1949. A ironia é que ele foi cantado pela primeira vez por um corintiano, segundo o compositor Antonio Sergi. “Quem cantou o hino foi Alberto Marino. Ele era [torcedor do arquirrival]. Mas era meio parente meu”, contou em entrevista à Jovem Pan, em 2003, pouco antes de morrer, aos 90 anos.

Nascido na Itália e naturalizado brasileiro, Sergi foi maestro compositor e regente da orquestra ítalo-brasileiro. Ele não tinha o hábito de escrever letras. Quando fazia isso, costumava assinar a obra com o pseudônimo Gennaro Rodrigues, como aconteceu quando criou o hino palmeirense.

A canção não foi a primeira criada para representar o time. Em 1918, quando ainda se chamava Palestra Itália, o clube teve o hino abaixo interpretado pela cantora portuguesa Elvira Martins. Não há registro de melodia, segundo o jornalista e historiador do Palmeiras Fernando Galuppo.

Letra do hino antigo

Cantando em coro a victoria
que vem de nosso valor,
Palestrinos - para a Glória,
Para a Glória e para o amor.

Sob o esplendor que irradia
De nossa bandeira ideal,
vamos cheios de alegria
Para a lucta franca e leal

Que da nossa mocidade
Fulga em doce aspiração
Da victoria a claridade,
Da Glória o nosso brazão...

Do nosso peito a aurea offerta,
Do valor de todos nós
Há de florir forte e certa
De um canto a rutila voz...

Que a bandeira scintillando
Com um brilho matinal
Fique bem alto pairando
A nossa Glória immortal!

Ponte Preta

Em 1971, um concurso musical em Campinas definiu o primeiro hino da Ponte Preta. Entre as sete músicas finalistas, “Avante Ponte Preta”, composta por Maria Aparecida Mota Aguiar e interpretada por José Américo, foi a vencedora.

Uma polêmica, porém, impediu que a música seguisse como hino do clube. Levantou-se a suspeita de que parte da letra teria sido copiada de uma música de Nelson Gonçalves, polêmica reforçada com a recusa do cantor Jair Rodrigues em interpretar a letra após as denúncias de um possível plágio.

No fim da década de 1970, uma canção composta pelo jornalista e compositor Renato Silva se popularizou com a Torcida Jovem da Ponte Preta. Em 1979, “Raça de Campeã” foi oficializada pela Ponte como hino do clube.

Red Bull Brasil

O hino mais jovem da Série A1 do Paulista —lançado em 2015— destoa dos demais, tanto pela melodia quanto pela forma como foi concebido.

A música que representa o Red Bull Brasil, equipe fundada em 2007, é cantada pelo funkeiro MC Guimê e por Gabi Amarantos. Ambos também compuseram a canção, com a colaboração de internautas. O clube divulgou parte de estrofe composta pela dupla e pedia para o público completá-la. Há inclusive um videoclipe oficial do hino, estrelado pelos músicos e atletas da base do time.

Santos

O hino do Santos foi desconhecido por muitos anos pela maioria dos torcedores do clube. Isso por causa do sucesso de "Leão do Mar", marchinha composta por Mangeri Neto e Mangeri Sobrinho e popularizada após a conquista do título paulista de 1955.

A canção hoje reconhecida como hino oficial foi composta em 1957 por Carlos Henrique Paganetto Roma, filho do ex-presidente Modesto Roma e irmão do também ex-presidente Modesto Roma Júnior. A música "Sou Alvinegro da Vila Belmiro" sempre foi considerada o verdadeiro hino pelo conselho deliberativo do Santos, mas a homologação só aconteceu em 1996, graças a uma proposta do conselheiro Júlio Teixeira Nunes. 

Hoje o "Leão do Mar" quase não é mais ouvida entre os torcedores em dias de jogos.
 

Letra de "Leão do Mar"

 

Santos, Santos, gol!
Agora quem dá a Bola é o Santos
O Santos é o novo campeão
Glorioso alvinegro praiano
Campeão absoluto desse ano
Santos, Santos
Santos sempre Santos
Dentro ou fora do alçapão
Jogue o que jogar, és o leão-do-mar
Salve o novo campeão

Apesar de conhecida, a música nunca foi oficializada como hino santista, assim como outra canção feita para homenagem a equipe na década de 1930, sem cair nas graças da torcida.

Santos Futebol Clube tu és temido
E, sobre mais, és vaidoso!
O teu pavilhão querido,
Há de ser sempre glorioso!
A camisa preta e branca,
Só vestimos com amor,
E nós, no campo da luta,
Seja qual for a disputa,
Defendemo-la com ardor.
Canção: O nosso clube foi sempre forte,
Desde o tempo do União,
Duvidamos que alguém suporte
Seu valor de campeão.

Quem quiser ter a certeza
Do valor do Preto e Branco,
Que vá ver nossa destreza,
Nosso jogo e nosso tranco.

Foi vitória merecida a dos nossos jogadores,
Pois lutando com denodo, por amor ao pavilhão,
A bandeira estremecida desfraldaram os vencedores,
Demonstrando, deste modo, ser o Santos campeão

 

São Bento

O São Bento era o único time da primeira divisão paulista que não tinha um hino até o fim da década de 1970. Composto inicialmente como poesia pelo cantor e compositor Ulderico Amêndola, que também produzia rádio novelas, ganhou uma melodia e foi interpretado por Roseli Amêndola, filha de Elderico.

É um dos poucos clubes com versão oficial do hino cantado por uma voz feminina. 

São Caetano

Criada pelo engenheiro civil, compositor e letrista Carlos Roberto de Jesus Polastro, o hino do time do ABC foi composto para celebrar o fortalecimento do futebol da cidade de São Caetano do Sul, com a fundação do clube, em 4 de dezembro de 1989.

No início conhecido como Sociedade Esportiva Recreativa União Jabaquara e posteriormente chamado Associação Desportiva São Caetano, o Azulão do ABC Paulista chegou a disputar a final da Libertadores de 2002, quando foi derrotado pelo Olimpia, do Paraguai.

São Paulo

A primeira versão do hino oficial do São Paulo foi composta por Porphyrio da Paz (1903-1983) em 1936. Então tenente do Exército e dirigente do clube, o autor fez a composição em meio a um período difícil de sua vida pessoal. Investia muito dinheiro no São Paulo, o que acabou deixando-o atolado em dívidas, ocasionando inclusive no despejo, junto da família, da casa em que viviam na cidade.

“Quando fui avisado da perda da casa, fiquei desolado. Andava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Mas o amor pelo São Paulo foi maior e, em vez de desistir, comecei a cantarolar: "Salve o Tricolor paulista" e compus o hino do clube. Foi cantando o hino que eu e minha família deixamos nossa casa.”, disse o ex-dirigente, em frase destacada pelo site oficial do clube do Morumbi.

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