Descrição de chapéu The New York Times

LeBron James ultrapassa Michael Jordan em número de pontos na NBA

Com os Lakers em crise, marca foi pouco comemorada pelo jogador

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Benjamin Hoffman
Nova York | The New York Times

Não houve post no Instagram celebrando a façanha com antecedência, desta vez. A mídia não criou muita expectativa. No passado, o acontecimento teria dominado as notícias, mas quando LeBron James superou Michael Jordan na lista de cestinhas da NBA, na noite de quarta-feira (6), o triunfo de alguma forma se viu reduzido a uma nota de pé de página.

James começou a partida do Los Angeles Lakers contra o Denver Nuggets precisando de 13 pontos para ultrapassar Jordan e ocupar o quarto lugar na lista de cestinhas da NBA. Aos 5min38s do segundo quarto, ele conseguiu forçar a entrada no garrafão para uma bandeja, o que resultou em seu 14º ponto no jogo e em um total de 32.294 pontos em sua carreira no basquete profissional. E ele também levou uma falta na jogada.

Depois de uma breve pausa para celebrar o momento, o jogo recomeçou e o Lakers, tentando manter suas poucas esperanças de uma vaga nos playoffs, continuou a batalha para reduzir a grande desvantagem que vinha enfrentando desde o começo do jogo, disputado em casa contra um adversário visto como franco favorito.

James, que vem sendo o principal alvo de críticas pelos problemas do Lakers em um primeiro ano difícil em Los Angeles, mencionou a realização iminente em um tuite curto antes do jogo, mas foi ponderado ao falar a respeito, mais cedo.

"Eu aceito todas as minhas realizações pelo que são", disse James. "Sempre que estou em companhia dos demais grandes –e obviamente M.J. [Michael Jordan] é o cara que admirei minha vida toda, desde criança–, a sensação é ótima".

LeBron James comemora após ultrapassar número de pontos de Michael Jordan
LeBron James comemora após ultrapassar número de pontos de Michael Jordan - Robert Laberge/Getty Images/AFP

Seria difícil perceber que James, que sempre buscou emular Jordan desde seus anos no segundo grau, estava a ponto de superar a marca de pontos de seu ídolo. A incapacidade de celebrar o momento com entusiasmo é só mais uma indignidade em uma temporada repleta delas.

Pouco mais de um ano atrás, James parecia estar com tudo nos trilhos. Ele havia acabado de chegar aos 30 mil pontos –feito pelo qual se congratulou no Instagram horas antes que acontecesse– e, graças às suas temporadas vitoriosas no Miami Heat e no Cleveland Cavaliers, seu caminho para superar Jordan e depois Kobe Bryant, Karl Malone e talvez até Kareem Abdul-Jabbar, o maior cestinha da história da NBA, parecia livre das críticas que ele costumava sofrer no começo de sua carreira.

A decisão –no caso de James, essa é uma palavra carregada de significado– de se transferir ao despreparado time do Lakers, antes do começo da atual temporada, mudou completamente a situação. A maioria das previsões era de que o Lakers teria dificuldade para chegar aos playoffs na Conferência Oeste, por conta de sua combinação de jogadores jovens demais e de veteranos que não complementam bem o jogo de James. Mesmo assim, muita gente considera que o ano vem sendo decepcionante, por conta das dificuldades que a equipe enfrenta apesar de contar com James, jogador cuja presença há quase uma década parecia praticamente garantir a chegada de seus times às finais.

Como resultado, James e as pessoas que o cercam não puderam curtir muito suas realizações. Na semana passada, ele ultrapassou Andre Miller e chegou ao décimo posto no ranking de assistências da NBA, o que o torna o único jogador em atividade a estar na lista dos 10 mais em pontos e assistências. Essa façanha –que mesmo na época de Bob Cousy ficava reservada a apenas alguns jogadores– foi recebida com desânimo. 

É uma realidade da vida de James que ele reconheceu na quarta-feira.

"Não apreciei muito as coisas que pude realizar, porque estou envolvido demais com o que vem a seguir", ele disse. "Como posso continuar a melhorar, como posso ajudar esse clube a voltar ao lugar que precisa ocupar".

Uma temporada ocasional de exclusão dos playoffs não é incomum para a maioria dos jogadores –mesmo os grandes– mas uma medida de o quanto isso é raro para James é o fato de que ele marcou mais de 10 pontos em pelo menos uma partida de playoff nas últimas 13 temporadas. Ele participou de nove finais da NBA –vencendo três– e como resultado sua posição entre os grandes jogadores de playoffs é impressionante até mesmo para um atleta tão bem sucedido quanto James.

Seus números certamente não vão melhorar este ano. Mas entre os aspectos mais importantes das atuais dificuldades de James é a opinião, entre muitos torcedores dos Lakers, de que as falhas do time provam que ele não está à altura à altura do legado de Bryant. As críticas ignoram o fato de que as seis temporadas consecutivas em que o Lakers não vem chegando aos playoffs incluem três nas quais Bryant ainda estava no time.

Na verdade, quando Bryant superou Jordan na lista de cestinhas, em 2014 –façanha considerada importante a ponto de o jogo do Lakers em Minnesota no qual a marca foi atingida ficar suspenso por alguns minutos, enquanto a torcida ovacionava o jogador e um dos donos do Minnesota Timberwolves entregava a Bryant a bola do jogo–, o Lakers tinha oito vitórias e 16 derrotas, em uma temporada que o time terminou com 21 vitórias e 61 derrotas, em parte como resultado de uma lesão que tirou Bryant da quadra antes do fim do torneio.

Mas em um dos inúmeros paralelos entre as carreiras de Jordan e James, jogadores que continuarão ser tema de comparações muito depois que se forem, Jordan, que ultrapassou Wilt Chamberlain e se tornou o terceiro maior cestinha da NBA em 2003, também não se entusiasmou muito com o que teria sido uma grande realização, principalmente porque o Washington Wizards estava vencendo apenas metade de suas partidas no período.

"Quanto às estatísticas, elas vão definir sua carreira 10 ou 20 anos depois que você tiver parado", disse Jordan, quando solicitado a resumir o que sentia sobre a realização. "Mas quando você ainda está jogando, o que importa é vencer".

James, que usa a camisa 23 por causa de Jordan, usa uma braçadeira por causa de Jordan, aprendeu a arremessar "fadeaways" por causa de Jordan, e divulga calçados da Nike como Jordan, talvez devesse ouvir esse conselho, enquanto tenta equilibrar a necessidade de vencer e a apreciação por suas realizações, que não param.

Mesmo que o Lakers nunca mais ganhe uma partida, James, um jogador que continua se recusando a se definir como cestinha, agora terá para sempre mais pontos que Jordan, o jogador que lhe serviu de inspiração no caminho para o sucesso.

Tradução de Paulo Migliacci

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