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Técnicos de Real e Barça buscam protagonismo que não tiveram como jogadores

Solari e Valverde se enfrentam neste sábado, às 16h45, pelo Campeonato Espanhol

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Santiago Solari (à esq.) e Ernesto Valverde, técnicos de Real Madrid e Barcelona
Santiago Solari (à esq.) e Ernesto Valverde, técnicos de Real Madrid e Barcelona - Albert Gea - 6.fev.19/Reuters
Madri

Há duas coisas que unem Santiago Solari e Ernesto Valverde, técnicos de Real Madrid e Barcelona: a discrição no comando e o fato de que ambos foram jogadores de seus respectivos clubes.

É justamente na função de treinadores que eles, rivais em mais um clássico neste sábado (2), às 16h45, pelo Campeonato Espanhol (com transmissão da ESPN), no Santiago Bernabéu, podem atingir o papel de protagonistas que não tiveram em suas carreiras como atletas de Real e Barça.

No caso de Solari, não por falta de talento ou qualidade técnica. No título madridista da Champions League de 2001/2002, o argentino era peça tática importante no esquema tático de Vicente del Bosque, mas era companheiro dos galácticos Roberto Carlos, Luis Figo, Raúl e Zinedine Zidane, autor do histórico gol que deu o título europeu aos espanhóis naquela ocasião.

“Quando você tem jogadores como esses, também tem a probabilidade maior de ser um coadjuvante. Mas foi um cara que rendeu muito bem naquela temporada. Ele era técnico também, bom jogador. Mas exercia mais a função de fechar o meio-campo pela esquerda, como um quarto homem. Foi importante para o título”, diz à Folha o brasileiro Sávio, ex-companheiro de Solari na equipe.

Com a camisa do Real, o argentino revelado pelo River Plate fez 209 partidas de 2000 a 2005, marcando 22 gols, a passagem mais vitoriosa de sua carreira. Um período dedicado a carregar o piano em favor do brilhantismo de outros colegas. Funcionou para ele, que foi bicampeão espanhol, além de ter uma medalha da Champions em casa.

Como treinador, demonstra o mesmo perfil discreto da época de atleta, exemplificado na maneira como administrou publicamente a insurgência de Bale, que deixou o aquecimento dos reservas durante a partida contra o Levante, na última rodada, por não ter sido escolhido como primeira opção de substituição.

“Encantou-me como Gareth [Bale] entrou no jogo. Com a raiva que entrou. Me pareceu fantástica a sua partida e não apenas pelo gol”, disse sobre o galês, que entrou e marcou o gol da vitória por 2 a 1.

Apesar de tentar manejar a situação com tranquilidade, comanda um Real Madrid que vive presente turbulento. A derrota para o Barcelona por 3 a 0 pela Copa do Rei o deixou pressionado, já que um novo revés neste sábado deixaria o time a 12 pontos do Barça, que lidera a liga. Sobraria apenas a Champions.

“Ele conhece bem o clube. O Real não é fácil, respira pressão 24 horas por dia. Por parte do próprio clube, da imprensa, da torcida. O clube tem dois, três resultados negativos e vem a crise. Vem de um costume de grandes conquistas. Cada vez que você conquista grandes títulos, a responsabilidade é maior”, diz Sávio, a respeito da herança de três copas europeias seguidas que recebeu de Zinedine Zidane. O mesmo que era estrela quando Solari atuava de coadjuvante.

Do lado catalão, Ernesto Valverde teve passagem muito menos importante no Barcelona que a de Solari no clube de Madri.

Atacante, ele chegou ao time catalão em 1988, após boas atuações no Espanyol. Segundo o presidente barcelonista da época, Josep Lluis Núñez, Valverde foi um pedido do então treinador Johan Cruyff, que assumiu o comando no mesmo ano e se tornaria um dos maiores técnicos da história do Barça.

“O Cruyff assumiu a equipe e contratou quase um time. Ele [Valverde] chegou comigo. Era um extremo direito, muito rápido e muito técnico. Tinha um nível de entrega acima da média”, relata Aloísio Pires, zagueiro ex-Internacional e Porto que jogou com Valverde no Barcelona.

O esforço que o brasileiro menciona pode justificar o apelido do técnico: “Txingurri”, que significa formiga em euskera, o idioma basco.

Com um contrato de cinco temporadas, acabou durando somente duas, fazendo 22 jogos oficiais e marcando oito gols. Alternando entre o banco e a titularidade, participou de dois títulos (Recopa Europeia em 1989 e Copa do Rei em 1990, seus únicos na carreira de atleta). Não teve mais continuidade por seguidas lesões, que cortaram suas chances com Cruyff.

Mas o fato de ter sido treinado pelo holandês, juntamente com o bom trabalho à frente do Athletic Bilbao, foi relevante para que o Barcelona o buscasse para substituir Luis Enrique, este responsável por promover um futebol mais direto, com menos posse de bola, estilo que consagrou o Barça de Pep Guardiola, outro discípulo de Cruyff.

“O clube o contratou por sua competência e por já ter jogado lá. No Barcelona, não se pode mudar a forma de jogar. Não pode ser alterada. A imprensa não aceita, o torcedor não aceita”, completa Aloísio.

Em sua primeira temporada como técnico do Barça, conquistou o Campeonato Espanhol e a Copa do Rei, além da Supercopa da Espanha. Um bom início que ajuda a assentar seu trabalho no clube, mas ele sabe que o torcedor barcelonista espera ir além.

Mais especificamente, a torcida quer a taça que o rival conquista há três edições seguidas, a da Champions, e que o Barcelona não sabe o que é ganhar desde 2015.

O jornalista viaja a convite de LaLiga, que organiza o Campeonato Espanhol

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