Descrição de chapéu

Filme sobre Santos não é uma goleada com Pelé, mas tem saldo positivo

'Santos de Todos os Gols' se concentra nas sensações que o futebol proporciona

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Santos de Todos os Gols

  • Quando Em cartaz em São Paulo nos shoppings Eldorado (19h) e Santa Cruz (também às 19h)
  • Produção Brasil, 2018
  • Direção Lina Chamie

Quando Ricardo Oliveira apareceu na tela lembrando seus gols mais marcantes pelo Santos, alguém da plateia gritou: “Volta!”. Hoje no Atlético Mineiro, o atacante de 38 anos teve duas passagens pelo time do litoral paulista, a primeira em 2003 e a outra entre 2015 e 2017.
 
Em uma sessão do recém-lançado documentário “Santos de Todos os Gols” acompanhada pela Folha na segunda (22), os torcedores-espectadores voltaram a lamentar o gol perdido por Nilson na final da Copa do Brasil em 2015. Quando os letreiros subiram, a sala de cinema virou arquibancada ao som de um grito de guerra da Torcida Jovem.

Cena do documentário “Santos de Todos os Gols”
Cena do documentário “Santos de Todos os Gols” - Divulgação

O filme de Lina Chamie não tem a força para levar o público à catarse que se vê num estádio —na verdade, nem há essa pretensão. Mas busca ao menos reproduzir a expectativa que precede o gol e o arrebatamento provocado pelo arremate que vence o goleiro.

 “Santos de Todos os Gols” não se preocupa em contar a bem-sucedida história do time, até porque a mesma diretora já havia feito isso em “Santos - 100 Anos de Futebol Arte” (2012). O novo documentário se concentra nas sensações que o futebol proporciona, mais entregue à intuição do que à lógica.
 
Nesse sentido, é curioso acompanhar dois intelectuais lembrando o gol de Neymar pelo Santos contra o Flamengo em 2011. O ensaísta e compositor José Miguel Wisnik e o artista plástico e escritor Nuno Ramos vibram como meninos ao descrever os detalhes da jogada, que rendeu ao atacante o prêmio Puskas de gol mais bonito daquele ano.

 

O filme também cresce com o depoimento de Pelé, que se recorda das suas orações para que as partidas não acabassem em 0 a 0. Pepe e Edu fazem comentários curiosos. Pena que a participação de Coutinho, que morreu em março deste ano, seja tão breve.
 
“Santos de Todos os Gols”, por outro lado, se enfraquece ao dedicar demasiado espaço a jovens atletas que dificilmente serão lembrados daqui a 20 ou 30 anos, como o lateral Zeca, que trocou o Santos pelo Internacional no ano passado. É bom jogador, mas custa crer que possa se aproximar da importância de Leo, ex-lateral santista também presente no documentário.
 
O documentário faz justiça ao destacar o time de Diego e Robinho, campeão brasileiro em 2002 e 2004. Mas a visita dos dois jogadores à Vila Belmiro, acompanhada pelo filme, é frustrante. A inibição deles diante da câmera se opõe à descontração que os santistas se acostumaram a ver dentro de campo.
 
Apesar dos tropeços, o saldo é positivo. Não é uma goleada com Pelé, mas um 1 a 0 com Rodrygo.

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