Governo Bolsonaro demite um general e coloca outro para comandar Esporte

Décio dos Santos Brasil é o escolhido para substituir Marco Aurélio Vieira

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Brasília e São Paulo

Horas após o general Marco Aurélio Vieira ter sido exonerado do cargo de secretário especial de Esporte do Ministério da Cidadania, o governo federal já tem um novo nome para a função.

A assessoria de imprensa da pasta confirmou que Décio dos Santos Brasil, também general da reserva, aceitou o convite. O nome dele deve ser publicado no Diário Oficial da União nos próximos dias.

O escolhido pela gestão Bolsonaro deixou o serviço ativo em fevereiro do ano passado, depois de 42 anos. No Exército, ele foi vice-chefe do departamento de educação e cultura e chefiou o centro de capacitação física.

O general Marco Aurélio Vieira, então secretário especial de Esporte, durante congresso do COB
O general Marco Aurélio Vieira, então secretário especial de Esporte, durante congresso do COB - Ana Patrícia - 13.abr.19/Exemplus/COB/Divulgação

Vieira, que trabalhou como diretor-executivo de Operações da Rio-2016 e cuidou do evento da tocha olímpica, foi convidado para o cargo em dezembro de 2018, após o governo federal confirmar a extinção do antigo Ministério do Esporte. Na época, Brasil também chegou a ser cotado para o posto.

A pasta passou a fazer parte do Ministério da Cidadania, chefiado por Osmar Terra (MDB-RS). A demissão de Vieira é resultado de um desgaste com o ministro. O general não teve no período na secretaria liberdade de montar sua equipe.

Um caso emblemático foi a escolha, por parte de Terra, do ex-jogador de futebol Washington Cerqueira para a secretaria nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, área com o maior orçamento dentro da secretaria especial.

Conhecido como Coração Valente, Washington é filiado ao PDT e, entre novembro de 2018 e janeiro de 2019, assumiu como suplente a vaga na Câmara do atual ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), após sua licença para comandar a equipe de transição.

Auxiliares próximos a Terra afirmam, de forma reservada, que houve uma perda de confiança na relação. Vieira teria tentado desgastar o ministro junto a atletas.

Além de Washington, a única outra nomeação concretizada para o segundo escalão da secretaria foi a de Ronaldo Lima, secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor. Ele começou sua carreira na área esportiva como técnico de futebol da seleção do Exército, em 1984.

Para as outras duas áreas de atuação da secretaria, porém, ninguém foi nomeado oficialmente em mais de três meses de governo.

O campeão olímpico de vôlei de praia Emanuel Rego é tratado até hoje em materiais de divulgação do governo como secretário indicado para a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

No último fim de semana, durante o Congresso Olímpico Brasileiro, evento realizado em São Paulo, Emanuel disse à Folha que tem atuado voluntariamente na área e que esperava que sua nomeação fosse anunciada logo.

Outra cadeira que ainda aguarda nomeação é a de secretário do Alto Rendimento.

A primeira ação efetiva do governo Bolsonaro (PSL) no esporte foi o anúncio, na semana passada, de que pagaria o benefício da Bolsa Atleta para aqueles que haviam sido cortados do programa nos últimos dias do governo Michel Temer (MDB).

Nesta semana, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei que modifica alguns pontos do programa. Entre eles, diminui o número de beneficiados na categoria Bolsa Pódio, que hoje paga entre R$ 5 mil e R$ 15 mil para atletas que estejam entre os 20 melhores do mundo.

Se a proposta for aprovada, o pagamento ficará restrito a quem estiver entre os dez melhores dos seus esportes.

Vieira cumpriu compromissos previstos em sua agenda até terça (16). Na segunda, ele chegou a se reunir, ao lado de Osmar Terra, com esportistas ligados ao movimento Rede Esporte pela Mudança Social, que reúne 116 instituições, para debater futuras ações na área. A notícia de sua exoneração nesta quinta pegou vários deles de surpresa.

No período em que esteve no cargo, Vieira manteve boas relações com o Comitê Olímpico do Brasil (COB). Recentemente, ele atuou a favor da entidade para ajudar a desbloquear os recursos das loterias, essenciais ao funcionamento das confederações esportivas e cujos repasses chegaram a ser suspensos pela Caixa.

O COB é cobrado pela Receita Federal por uma dívida de quase R$ 200 milhões de uma extinta confederação de vela. Como ainda não há uma posição definitiva sobre o tema por parte da Caixa e do governo federal, caberá ao general Brasil atuar nas negociações desse caso. O nome dele também agrada ao comitê.

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