Azarão, Toronto faz final da NBA após trocar ídolo por aposta de risco

Estreante em decisões, time encara Golden State, campeão em 3 dos últimos 4 anos

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São Paulo

Com repertórios diferentes e dúvidas sobre o futuro, Toronto Raptors e Golden State Warriors começam a decidir nesta quinta (30), às 22h, quem será o campeão da temporada 2018/19 da NBA. Band e ESPN transmitem.

Enquanto o Golden State venceu 3 dos últimos 4 campeonatos, a franquia canadense chega pela primeira vez às finais. O Toronto entrou na NBA em 1995, quando a liga já estava perto de completar 50 anos e buscava se expandir para novas cidades nos Estados Unidos e no Canadá.

O início foi difícil dentro de quadra, com resultados ruins, e fora dela, já que os canadenses sempre tiveram o hóquei como seu esporte mais popular. Outra tentativa da NBA de se estabelecer no país vizinho, o Vancouver Grizzlies durou seis anos (1995-2001) antes de se transferir para Memphis.

A história do basquete no Canadá começou a mudar com a chegada de Vince Carter ao Toronto, em 1998.

Além de conquistar o público com enterradas plásticas, “Vinsanity”, um dos apelidos do ala, levou a equipe aos playoffs três vezes e mudou seu patamar.

Apesar de ter alcançado outras vezes a fase decisiva nos anos seguintes, foi só a partir de 2016 que o time, liderado pelos armadores Kyle Lowry e DeMar DeRozan, voltou a ser um candidato a conquistar a conferência leste. Mas acumulou decepções.

No ano passado, depois de ter feito a melhor campanha da temporada regular no leste, caiu nas semifinais de conferência sem vencer um único jogo contra um Cleveland Cavaliers já fragilizado e que vivia os últimos dias de LeBron James à frente da franquia.

O fracasso fez o nigeriano Masai Ujiri, presidente do Raptors, tomar uma decisão considerada radical. Para trazer o ala Kawhi Leonard, 27, um dos melhores jogadores da liga e campeão em 2014 com o San Antonio Spurs, mas que ainda se recuperava de uma lesão, os canadenses abriram mão de DeRozan, profundamente identificado com a equipe.

“Toronto sempre foi minha única escolha. Eu sou Toronto”, ele chegou a dizer ao renovar seu contrato em 2016.

A equipe foi acusada de deslealdade com ídolo, mas a aposta de risco deu certo. Entre os melhores momentos da performance avassaladora de Kawhi nos playoffs, destaque para a bola no estouro do cronômetro contra o Philadelphia 76ers, que levou o Raptors para a final do leste.

Ele também comandou a reação do time na decisão de conferência. Após perder os dois primeiros jogos para o Milwaukee Bucks, o ala não só conseguiu defender com eficiência as investidas do grego Giannis Antetokounmpo, até então imparável nos playoffs, como também brilhou no ataque para definir a vitória canadense em seis partidas.

O futuro, porém, é uma incógnita para Toronto e seu maior astro. A aposta em Kawhi também era de risco porque a partir da próxima temporada ele estará livre para negociar um novo contrato.

Kawhi durante treino do Toronto Raptors antes das finais da NBA
Kawhi durante treino do Toronto Raptors antes das finais da NBA - Dan Hamilton/USA Today Sports

Há quem diga que, independentemente do que ocorrer nas finais, ele ficará no Canadá. Há também quem afirme o mesmo sobre a sua saída. O ala, que fala pouco e não alimenta contas nas redes sociais, é considerado uma das personalidades mais enigmáticas da NBA. Tentar prever seus próximos passos, então, é tarefa quase impossível.

Sem LeBron James, que naufragou com o Los Angeles Lakers em sua primeira temporada do outro lado dos EUA, o leste tornou-se terreno aberto para novas estrelas.

Kahwi e Antetokounmpo são, por ora, os principais candidatos a ocuparem esse espaço. Resta saber se é isso que o americano deseja. “Sou mais [um cara] do time, vejo o que meu time está fazendo e quero apenas vencer. Não me importo com o fato de ser o melhor jogador, quero ser do melhor time”, ele afirmou.

Melhor time é um rótulo fácil de ser atribuído ao Golden State, dominante nos últimos anos e favorito desde o início desta temporada. Ainda que esperado, um novo triunfo nestas finais poderá fazer a diferença na forma como a história da dinastia será contada.

Caso emplaque o tricampeonato consecutivo, a equipe de Oakland, na Califórnia, se juntará a Lakers, Boston Celtics e Chicago Bulls como únicas a conseguirem esse feito em mais de 70 anos de história. O último a fazer isso foi o Lakers, em 2000, 2001 e 2002.

Se na primeira conquista o Golden State popularizou a dupla formada pelos exímios arremessadores Stephen Curry e Klay Thompson, nas últimas três temporadas o time teve o acréscimo do ala Kevin Durant, um dos principais jogadores da sua geração e que tornou o clube de Oakland praticamente imbatível.

Stephen Curry no último jogo das finais do oeste, contra o Portland Trail Blazers
Stephen Curry no último jogo das finais do oeste, contra o Portland Trail Blazers - Jonathan Ferrey - 20.mai.19/AFP

Agora, essa formação parece está perto do fim. Durant, lesionado e que talvez nem jogue as finais —por enquanto sua ausência está confirmada no primeiro jogo—, poderá negociar um contrato com outra equipe para a próxima temporada. As expectativas até agora são que ele realmente faça isso. Embora menos provável, Thompson pode seguir o mesmo caminho.

Desde que Durant se machucou, durante as semifinais da conferência oeste contra o Houston Rockets, a equipe mostrou que ainda pode ganhar com facilidade no seu modo “retrô”, baseado na força da dupla de chutadores e do ala Draymond Green.

Confirmar o favoritismo contra o Toronto ou sofrer uma derrota inesperada. Vencer com ou sem Kevin Durant em quadra. Não serão questões encerradas nas próximas semanas. Ao contrário, elas podem ter impacto no mercado, além de reverberarem no Golden State Warriors e na NBA pelos próximos anos.

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