Como rivalidade faz Grêmio e Inter terem mesmos patrocinadores

Com temor de rejeição, empresas buscam acordo com os dois clubes

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São Paulo

Com uma rivalidade centenária, Grêmio e Inter não divergem pelo menos em um assunto: o patrocinador. Terem a mesma marca na camisa virou uma rotina para os dois clubes gaúchos.

As camisas da dupla Gre-Nal estampam o mesmo patrocinador consecutivamente desde 1998. Esse fenômeno, peculiar no futebol gaúcho, começou ainda nos anos 1980 e, desde então, houve um hiato de apenas quatro anos.

Para isso, a Coca-Cola, tradicionalmente vermelha, precisou se adaptar. A empresa havia fechado com o Grêmio em 1987 em uma negociação em conjunto com mais de uma dezena de equipes.

Só depois de dar sua palavra à multinacional norte-americana, o então presidente gremista, Paulo Odone, percebeu que a logomarca da empresa é vermelha e branca, cores do Inter. O cartola alegou que, segundo o estatuto do clube, poderia ser destituído caso permitisse um pontinho vermelho no manto branco, azul e preto do Grêmio.

 

Jorge Giganti, executivo da empresa, tentou convencer o dirigente, não conseguiu e aceitou o veto à cor vermelha. A logo da Coca-Cola ganhou cores branca e preta no uniforme gremista.

Na ocasião, o Inter, acertado com Aplub (empresa de previdência privada), aceitou o convite da Coca-Cola a partir de 1989. Quando multinacional dos EUA deixou a camisa de todos os clubes brasileiros em 1994, o Grêmio firmou acordo com a Renner, fabricante de tintas, e o Inter retomou o seu relacionamento com a Aplub.

Essa “separação” da dupla durou até que a GM— que inaugurou uma fábrica em Gravataí-RS— propôs acordo para Grêmio e Inter e permaneceu de 1998 até 2000. Sem montadora de veículos, os rivais assinaram contrato com o Banrisul, banco estatal do Rio Grande do Sul.  

Segundo pesquisa inédita realizada pelo Ibope Repucom a pedido da Folha, essa semelhança entre os rivais também ocorreu em Minas Gerais, mas nada comparado aos gaúchos.

No futebol mineiro, com exceção da Fiat que fechou com Atlético-MG e Cruzeiro entre 1999 e 2003, os demais acordos foram circunstâncias do mercado. Atlético e Cruzeiro também dividiram a Coca-Cola por sete anos e o patrocínio do BMG por outros quatro anos. No entanto, a empresa de refrigerante estampou a camisa de 15 clubes e o banco mineiro esteve presente em 11 equipes.

Segundo José Colagrossi, diretor do Ibope Repucom, muitas marcas optam em patrocinar mais de um clube onde a rivalidade é acentuada, “como no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais”, para eliminar o risco de rejeição dos seus produtos.

Em outra pesquisa do Ibope Repucom, que mapeia preferências e comportamentos dos torcedores, nove milhões, de um universo de 90 milhões, afirmam que é “muito provável” não consumir produto ou serviço do patrocinador do time rival.

“A rejeição se destaca entre o torcedor com alto grau de escolaridade e maior poder aquisitivo e, consequentemente, na possibilidade mais ampla de escolha entre as diferentes opções de produtos e de preços”, afirmou Colagrossi.

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