Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Pressionado, Tite renova menos do que outros técnicos após a Copa

Treinador chamou 14 jogadores que disputaram o Mundial para a Copa América

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Tite dá entrevista após anunciar a convocação da seleção brasileira para a Copa América
Tite dá entrevista após anunciar a convocação da seleção brasileira para a Copa América - Sergio Moraes/Reuters
Rio de Janeiro e São Paulo

O técnico Tite anunciou nesta sexta-feira (17) a lista dos 23 jogadores que defenderão a seleção brasileira na Copa América. O retrato lembra bastante o apresentado pelo time na última Copa do Mundo.

São 14 atletas remanescentes do Mundial da Rússia, no qual a equipe caiu nas quartas de final para a Bélgica. A marca é bem superior às registradas nas últimas edições da Copa América realizadas no ano seguinte ao da Copa.

Em 2007, para conquistar o título na Venezuela, Dunga levou apenas sete jogadores que estiveram no Mundial de 2006. Em 2011, na Argentina, Mano Menezes repetiu nove atletas de 2010. De volta ao comando, Dunga usou no Chile, em 2015, oito dos remanescentes do time de 2014.

Tite é o único dos treinadores citados que permaneceu no cargo após a Copa, o que ajuda a explicar a taxa de renovação menor. Jogar com responsabilidade maior em casa também fez o gaúcho apostar em um grupo experiente.

Há atletas rodados, especialmente no sistema defensivo. Daniel Alves, 36, Thiago Silva, 34, Miranda, 34, Fernandinho, 34, e Filipe Luís, 33, são os mais velhos do grupo convocado.

Não foi sobre eles, porém, que o técnico recebeu maiores questionamentos ao anunciar a lista, na sede da CBF. As principais indagações foram ligadas a Neymar, 27, chamado mesmo depois de agredir um torcedor com um soco na França e ser suspenso por xingar um árbitro na Champions.

Tite não aplicou ao jogador seus rígidos padrões de disciplina —no ano passado, justificou a ausência de Douglas Costa em uma convocação lembrando que o atleta havia cuspido em um adversário.

“Neymar errou. Por educação e por princípios, vou conversar com ele antes de me manifestar”, afirmou o gaúcho, que já teve mais de 20 dias para conversar com o atacante sobre o ocorrido.

“Eu gosto que as pessoas falem comigo ao vivo. Tenho o compromisso de responder sobre o Neymar depois de falar com ele”, disse o técnico.

Ele foi à entrevista coletiva munido da transcrição de suas declarações de outubro, quando explicou a ausência de Douglas Costa. Segundo ele, como o atacante estava machucado, a situação era outra.

“Conversei com ele pessoalmente. Foi pelos dois [lesão e indisciplina]. Não retiro a indisciplina da coisa. Coloco [a transcrição] à disposição para que tenham o cuidado de colocar as coisas corretamente, como elas verdadeiramente são. Só para deixar as coisas claras, uma igualdade e equidade. Toda a minha passagem como técnico me credencia a falar dessa forma”, declarou.

Irritado com a insistência no assunto, Tite não quis nem confirmar se manterá o camisa 10 como capitão, efetivado na função após a última Copa. Em determinado momento, ele chegou a dar a um jornalista a oportunidade de fazer uma pergunta diferente, que não fosse sobre o tema. O profissional declinou.

 

O treinador exibiu um semblante mais ameno ao falar sobre seu processo para montar a convocação. A relação tem destaques como a volta de Fernandinho, do Manchester City, criticado por seu desempenho nas duas últimas eliminações do Brasil em Copas do Mundo, e a aposta no jovem David Neres, 22, do Ajax.

“Foi a lista mais difícil que eu tive até hoje. Não dormi, nem minha esposa conseguiu ajudar. Mas está aí, com jovens emergentes e atletas que já participaram”, afirmou.

A seleção fará sua estreia na Copa América no dia 14 de junho, no Morumbi. A preparação terá início na próxima semana, na Granja Comary, em Teresópolis. Os jogadores chegarão gradativamente a partir da quarta-feira (22).

Há dois amistosos programados antes da estreia. O time nacional enfrentará o Qatar, no próximo dia 5, em Brasília, e pegará Honduras, no dia 9, em Porto Alegre.

O primeiro jogo estava inicialmente programado para o Rio, mas foi transferido para a capital federal. Questionado se aceitaria um eventual encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) na cidade, Tite se limitou a dizer que isso não está agendado.

“Nós gostaríamos de jogar no Maracanã, e o outro local seria Brasília. A programação não tem nada vinculado a encontro [com políticos]”, disse.

O treinador já se manifestou contrário a reuniões dessa natureza. Em 2017, indagado sobre como se sentiria ao lado do então presidente Michel Temer (PMDB) caso a seleção fosse a Brasília antes de embarcar para a Copa de 2018, mostrou sua reprovação.

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