Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Soteldo foi de garoto problema a solução no Santos

Escolhido por Sampaoli, venezuelano tenta fazer sucesso com a camisa 10

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“É o nosso pequeno polegar”. A frase do presidente José Carlos Peres durante a apresentação de Yeferson Soteldo, 21, no Santos, em 15 de janeiro, arrancou risadas. O atacante, de fato, parecia sumir durante a tradicional foto posada ao lado de Peres e de Renato, ex-volante e então gerente de futebol do clube. 

Apesar do investimento de US$ 3,5 milhões (R$ 14 milhões), com apenas 1,60 m de altura e comparado pela semelhança física ao personagem dos Flintstones, Barney Rubble, primeiro reforço do Santos para a temporada chegou sob desconfiança. O jovem venezuelano, no entanto, já venceu bem mais do que dúvidas por sua baixa estatura durante a carreira. “Se não fosse pelo futebol poderia ter terminado mal, talvez até morto”, disse o jogador ao jornal La Tercera, do Chile, logo após chegar ao Huachipato, em janeiro de 2017.

Neste sábado (18), Soteldo é uma das armas do Santos diante do Palmeiras, às 19 horas, no Pacaembu (com transmissão do canal TNT).

Nascido em um bairro cercado pela violência em Acarígua, na Venezuela, cidade a pouco mais de 300 km da capital Caracas, ele ganhou fama de garoto problema ainda nas categorias de base. Soteldo admite que andava com más influências e diz  não gostar de lembrar daquela época, quando era conhecido pelo apelido de “Manzanita”.

Aos 14 anos, depois de ser dispensado do Caracas FC por mau comportamento e com sua mãe presa, não queria mais pensar em futebol. Foi quando apareceu em sua vida Noel Sanvicente, ex-jogador da seleção venezuelana que na época trabalhava como técnico do Zamora, mas havia tido longa passagem pelo Caracas FC. Ao chegar ao clube, em 2012, Sanvicente lembrava de um pequeno jogador que se destacava na base do Caracas FC, mas que tinha problemas disciplinares. Mandou buscá-lo em sua cidade natal. 

Soteldo ao lado de Renato e José Carlos Peres no CT Rei Pelé
Soteldo ao lado de Renato e José Carlos Peres no CT Rei Pelé - Flávio Hopp-15.dez.18/Folhapress

Aos 16 anos, Soteldo recebeu uma nova chance. Estava disposto a deixar o passado polêmico para trás e mudar. Em setembro de 2013, fez sua estreia na equipe principal do Zamora. Pelo tamanho e por gostar de jogadas individuais, começaram as comparações com o estilo do argentino Lionel Messi. “Ele sempre se portou como um adulto no clube. Tinha responsabilidade e assumia isso nos momentos mais difíceis dentro de campo. Por isso, sempre havia comparações com Messi”, disse à Folha Francesco Stifano, ex-técnico do Zamora, hoje no Zulia. 

O camisa 10 viveu a melhor temporada no Zamora em 2015, com 12 gols em 47 jogos. “Tínhamos um treinamento no sábado, na véspera de uma final, e me recordo que atrasamos porque ele não havia chegado. Ele estava dormindo, mas era o jogador mais importante do torneio. Quando chegou, disse com uma confiança incrível: ‘não se preocupe, seremos campeões’. No dia seguinte, ele jogou, deu assistência e quando passou por mim e disse: ‘fique calmo, professor, somos campeões agora’”, contou Stifano. 

Ao lado de Adalberto Peñaranda, Soteldo é considerado a maior promessa recente do futebol venezuelano. A geração liderada pela dupla foi responsável por um feito considerado heroico no país, um vice-campeonato mundial sub-20, em 2017, na Coreia do Sul. Eles perderam a decisão para a Inglaterra. Cotado para uma grande negociação, causou surpresa a venda para o modesto Huachipato por US$ 2,1 milhões em 2017.

No novo clube, fez uma temporada tímida, jogou somente 14 vezes no campeonato chileno. Dirigentes questionavam a sua adaptação e diziam que o jogador parecia viver em seu próprio mundo. Emprestado à Universidad de Chile, também sofreu com olhares tortos, apesar de ter recebido mais chances. Logo que chegou, questionaram o seu preparo físico e indicaram uma dieta para emagrecer. O porte atarracado, porém, era encarado por Soteldo como uma arma para que pudesse suportar jogar com intensidade devido a baixa estatura. “O trabalho no Zamora sempre foi para encorpá-lo. Ele ganhou bastante massa muscular e nunca sentiu dificuldade pelo seu tamanho”, conta Freddy Bautista, assessor à época das categorias de base do clube venezuelano. 

No Santos, com Sampaoli, Soteldo espera amadurecer para deslanchar de vez na carreira. O técnico foi quem pediu pessoalmente a Peres a contratação do jogador, hoje em ascensão na equipe. “Soteldo é um jogador muito jovem, que nós acompanhamos na Universidad de Chile em sua última temporada. Precisa melhorar algumas coisas, como a conclusão dos lances, mas ele tem nos trazido desequilíbrio e verticalidade. Tem muito comprometimento com a camisa e esperamos muito dele. Como treinador, claro, espero muito mais”, disse o treinador recentemente. 

Desde que chegou clube, são 4 gols e 3 assistências em 22 jogos. Está próximo, também, de ser confirmado na lista definitiva da Venezuela para a disputa da Copa América. Carregando um histórico de superações, o desafio do jogador agora é provar que pode ser o primeiro jogador estrangeiro a fazer sucesso com a camisa 10 do Santos.

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