Descrição de chapéu Futebol Internacional

Times ricos dominam suas ligas na Europa

Cofres cheios estão ligados à hegemonia de equipes como Bayern de Munique e Juventus

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Quando decidiu trocar o Real Madrid, onde havia sido três vezes consecutivas vencedor da Champions League, pela Juventus, Cristiano Ronaldo se gabou: deixava a zona de conforto em nome de um novo desafio. Além de muito dinheiro, claro. Apenas sua contratação, custou cerca de R$ 430 milhões ao seu novo time. Ele até convidou o rival Lionel Messi a largar o Barcelona e fazer o mesmo.

A afirmação causou estranheza em outros jogadores. Porque a liga italiana não costuma ser esse desafio todo para a Juventus. Ronaldo chegou com a equipe dona do título de campeã nacional. Um ano depois, continua sendo. São oito seguidos.

A Juventus faz parte de um grupo de times europeus que dominam suas ligas. Entram como favoritos a levantar o troféu e costumam confirmar isso em campo. 

Está no nível de Bate Borisov (Belarus), Celtic (Escócia), Bayern de Munique (Alemanha), Ludogorets Razgrad (Bulgária), Apoel (Chipre), Red Bull Salzburg (Áustria), Qarabag (Azerbaijão) e The New Saints (País de Gales).

O Bayern confirmou o título alemão neste sábado (18) após uma vitória contra o Eintracht Frankfurt. O time domina o Campeonato Alemão e é o maior campeão do país, com 29 títulos. A última temporada em que não venceu foi em 2013, quando terminou atrás do Borussia Dortmund. 

Em parte isso se explica pelo poderio financeiro do time. Segundo o estudo global da consultora financeira Deloitte, que analisa as receitas dos clubes mais ricos do mundo, o Bayern é o quarto que mais arrecada no futebol. No o ano passado, o time conseguiu 629 milhões de euros (R$ 2,81 bilhões).

“Quando não vencemos, ninguém diz ‘você é um grande jogador por ter deixado a liga interessante’. Ao contrário, nós somos criticados. Com isso em mente, queremos deixar a liga o mais chata possível”, rebateu o atacante Thomas Muller, do Bayern.

As cinco principais ligas europeias (Alemanha, Inglaterra, Espanha, Itália e França) tiveram nesta temporada o mesmo campeão do ano passado. Além de Bayern e Juventus, o Manchester City venceu a Premier League, o Barcelona levantou a taça do Campeonato Espanhol e o PSG confirmou seu favoritismo no torneio francês. 

Mas o domínio delas ainda não se compara ao do Bate Borisov. 

Neste ano, a equipe de Belarus pode chegar aos 14 títulos nacionais em sequência. Igualaria o recorde continental do Lincoln, de Gibraltar (2003 a 2016) e do Skonko, da Letônia (1991 a 2004). 

Pelo menos o Bate Borisov se preocupa apenas com sua liga local. Para Juventus e Bayern, o buraco é mais embaixo. O título nacional não basta. O sonho é ganhar a Champions League, objetivo que tem escapado aos dois times.

O Bayern não vence o torneio europeu desde 2013. A Juventus, pior ainda. A última conquista foi em 1996.
Foi por causa desse objetivo a italiana Juventus investiu pesado em Cristiano Ronaldo. Para a próxima temporada, que começa em agosto, os acionistas do Bayern aprovaram um orçamento no valor de 200 milhões de euros (R$ 897 milhões) só para renovar o elenco.

Os dois times não querem se transformar no Celtic. Mas é pouco provável que isso ocorra. O clube escocês obteve na semana passada o oitavo título nacional em sequência, sem a presença de brasileiros em seu elenco.

Uma força europeia no passado e campeão da Copa da Europa em 1967 (como se chamava a Champions League antes de 1992), a equipe se tornou periférica no cenário continental. 

O domínio local acontece também pela queda do Rangers, seu maior rival. O clube faliu em 2012, foi refundado e recomeçou na 4ª divisão.

No Reino Unido, a hegemonia do Celtic só pode ser comparada a do The New Saints, de País de Gales. Com elenco profissional em uma liga quase amadora, o time foi campeão neste ano pela oitava vez consecutiva. 

No Chipre, o Apoel tem jogadores brasileiros no elenco. O clube ganhou as sete últimas edições da liga nacional. O zagueiro Carlos Roberto da Cruz Júnior, o Carlão, 33 anos, está há cinco anos no país.

“O fato de ter disputado campeonatos como Champions League e Europa League  fez com que o clube obtivesse grande vantagem econômica sobre os outros do país. 

Isso, somado ao fato de ter a oportunidade de jogar estes campeonatos, atraiu jogadores com muita qualidade”, disse o jogador, que foi descoberto na base do Corinthians.

É o mesmo predomínio econômico que o empresário bilionário Kiril Domuschiev, dono de uma fortuna estimada em 500 milhões de euros (R$ 2,24 bilhões), deu ao Ludogorets Razgrad, da Bulgária, campeão nos últimos sete torneios. A três rodadas para o término desta edição, o clube pode ganhar pela oitava vez a competição. 

Em 2005, a empresa de bebidas Red Bull comprou o Austria Salzburg e criou o Red Bull Salzburg. O clube tinha apenas três títulos —após a mudança, tornou-se a maior força austríaca e conquistou 13 troféus. O mesmo ocorre com Qarabak, do Azerbaijão. Comandado pelo empresário Tahir Gözel, 47, um dos mais ricos do país, ele vem sendo campeão nacional desde 2014.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.