Polícia intima Neymar para depor na sexta-feira no Rio

CBF pede alteração da data, e delegado diz aguardar posição oficial do atleta

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Neymar treina com a seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis, RJ - Mauro Pimentel - 1º.jun.2019/AFP
Teresópolis e Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio de Janeiro voltou à Granja Comary na manhã desta segunda (3), com o objetivo de falar com o atacante Neymar. O jogador da seleção foi intimado para prestar depoimento no Rio de Janeiro, na sexta-feira (7).

Membros da DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática) apuram a possibilidade de o atleta ter cometido crime ao divulgar imagens íntimas de uma mulher que o acusa de estupro.

Ao fim do vídeo, ele exibiu o que seriam conversas por WhatsApp com a mulher anteriores e posteriores à data em ela afirma ter sido estuprada (15 de maio). Entre as frases, aparecem imagens dela nua ou seminua —com o rosto e partes íntimas borradas.

Após a repercussão do assunto, o Instagram renoveu o vídeo da conta de Neymar, por considerar que a postagem "violava os padrões da comunidade", segundo a assessoria da rede social. 

Segundo o UOL, a mulher apresentou à polícia laudo particular em que consta que ela apresenta hematomas, problemas gástricos, perda de peso e sintomas de estresse emocional.

Nesta segunda, uma viatura entrou no centro de treinamento da seleção brasileira, em Teresópolis, por volta das 11h45, enquanto o técnico Tite dava uma entrevista coletiva. Os policiais ficaram por cerca de 50 minutos no local. 

Tite evitou comentar o caso e disse que não lhe cabe fazer julgamentos. 

"Eu não vou me permitir a julgar os fatos. O que eu posso passar é que são três anos que tenho de convívio com o Neymar, e os assuntos pessoais que tratamos foram leais e verdadeiros", afirmou o técnico.

Neymar chega à Granja Comary de helicóptero no domingo (2)
Neymar chega à Granja Comary de helicóptero no domingo (2) - Mauro Pimentel/AFP

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) solicitou que o dia do depoimento de Neymar seja alterado. Na sexta, o jogador estará com o restante do grupo da seleção em Porto Alegre, onde a equipe disputa um amistoso no domingo (9). A equipe se prepara para a Copa América, que começa no dia 14 de junho.

O delegado Pablo Sartori, da DCRI, disse aguardar que um representante de Neymar o procure formalmente para negociar a data exata do depoimento. De acordo com ele, no momento da intimação do jogador na Granja Comary, foi sugerido aos policiais que o jogador só teria vaga na agenda em julho, após os jogos da Copa América.

“Mas é muito distante, a gente não tem condição. O inquérito tem um prazo para terminar. Em 30 dias tenho que fazer o primeiro envio à Justiça”, declarou.

No domingo (2), um carro da Polícia Civil já havia ido até a Granja Comary. O delegado Bruno Gilaberte, do 110º Distrito Policial (Teresópolis), buscava informações sobre Neymar.

O jogador não se encontrava na concentração no momento da ida do delegado ao local. Ele estava no fim de um período de folga, concedido a todos os atletas da seleção, e retornou posteriormente, de helicóptero.

O delegado e um inspetor permaneceram na Granja Comary por cerca de uma hora no domingo. Eles foram recebidos pelo chefe da segurança da CBF e por um dos responsáveis pela administração da sede da confederação na região serrana do Rio.

Chegou-se à conclusão de que o atacante não estava em Teresópolis quando gravou o vídeo no sábado, motivo pelo qual o caso não ficou com o 110º DP. Os representantes da CBF que receberam a Polícia Civil não informaram onde estava o jogador, e o caso ficou com a DRCI.

As investigações no Rio de Janeiro e em São Paulo ocorrem de forma paralela. No Rio, é pela divulgação das imagens. 

A advogada Ana Paula Siqueira, sócia do SLM Advogados e especialista em direito digital, afirma, porém, que a divulgação das fotos íntimas por Neymar sem o consentimento da mulher pode causar um pedido de indenização por parte dela.

"Na área cível, cabe indenização. O juiz vai verificar as condições das partes, a extensão do dano, as condições econômicas da vítima e do agressor. Das fotos que foram publicadas sem anuência, sim, ela pode pedir indenização. É preciso esperar a apuração da polícia para ver qual crime foi cometido na internet. Não adianta falar simplesmente que é um crime da internet. Pode ser injúria, calúnia, difamação, constrangimento ilegal", analisa Ana Paula.  

O inquérito em São Paulo é quanto à acusação de estupro

Nesta segunda, o advogado de Neymar no caso, Davi Tangerino, foi à 6ª Delegacia da Defesa da Mulher na capital paulista e conversou com a delegada Juliana Lopes Bussacos. À TV Bandeirantes, ele disse que o jogador vai se apresentar para depor, mas a data ainda não foi definida.

"O Neymar vai se apresentar voluntariamente, já está decidido faz bastante tempo. Agora é encontrar um dia que seja conveniente para delegacia, com o fluxo da investigação, ele é o maior interessado em esclarecer isso", disse Tangerino. 

A repercussão do caso preocupa patrocinadores do atacante da seleção brasileira. A Nike divulgou nota em que afirma estar "profundamente preocupada" com a acusação feita ao jogador que desde os 13 anos é patrocinado pela empresa de material esportivo. 

Nesta segunda, Neymar da Silva Santos, pai do atacante, defendeu o filho. Ele afirmou que o jogador "quis mostrar a verdade" ao divulgar imagens da mulher que o acusou.

"Eu prefiro um crime de internet do que um crime de estupro”, disse o pai do atleta, em entrevista ao programa Aqui na Band, da TV Bandeirantes.

 

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