Descrição de chapéu Copa América

Profissional aos 14 e capitão aos 23, precoce James guia Colômbia

Camisa 10 da seleção estreou como atleta profissional com apenas 14 anos

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São Paulo

Vinte e três anos, quatro meses e dois dias. Era a idade que James Rodríguez tinha quando usou a braçadeira de capitão da Colômbia pela primeira vez, em novembro de 2014, num amistoso contra os Estados Unidos, em Londres.

Nesta Copa América, o camisa 10 vestiu a faixa nos três jogos da fase de grupos, sempre que o atacante Falcao García, dono do adereço, esteve do lado de fora do campo, seja substituído ou iniciando a partida do banco. Nesta sexta-feira (28), contra o Chile, pelas quartas de final, é Falcao, 33, quem deverá seguir comandando de dentro do gramado a equipe colombiana. Mas ele tem em James um importante aliado.

Apesar dos 27 anos, o meio-campista já tem duas Copas do Mundo com a seleção e uma carreira que iniciou de forma bastante precoce, o que ajudou o jogador a amadurecer muito cedo, tornando-o mais que um líder técnico.

James Rodríguez com a braçadeira de capitão no jogo contra o Qatar
James Rodríguez com a braçadeira de capitão no jogo contra o Qatar - Miguel Schincariol/AFP

Foi em maio de 2006 que James, aos 14 anos, fez sua estreia com a camisa do Envigado Fútbol Club na primeira divisão colombiana. Ele entrou no lugar de Cristian González no fim da partida e não pôde evitar a derrota de sua equipe para o Deportivo Cúcuta, por 2 a 1.

Hoje aposentado, o ex-atacante González, 34, ainda lembra do dia em que deu lugar ao debutante adolescente.

"Ele entrou no meu lugar no minuto 77 mais ou menos, e quase fez um gol de falta. Durante a semana, ele foi sendo preparado para a sua estreia, mas nem dava para perceber que estava estreando. Entrou com muita personalidade, buscou a bola, driblou. Foi muito bem", lembra o ex-companheiro à Folha.

O responsável por dar a primeira chance a James Rodríguez foi o técnico Hugo Castaño, que já conhecia o atleta da base. Ele e outros jogadores das categorias inferiores participavam eventualmente dos treinos com o time principal do Envigado.

Recém-promovido à equipe de cima, o meia deixava para se soltar nos treinos e nos jogos. No vestiário, diz González, procurava respeitar o espaço dos mais velhos e maneirava nas brincadeiras com o elenco. Bem diferente de hoje, em que é um dos mais brincalhões no grupo da seleção.

Quando entrou nos minutos finais da derrota para o Cúcuta, o clube já vivia situação financeira e esportiva bastante complicada, o que culminaria com o rebaixamento ao final da temporada.

Para deixar o quadro ainda mais dramático, no segundo semestre daquele ano foi assassinado o maior acionista do clube, Gustavo Upegui, ex-funcionário de Pablo Escobar no cartel de Medellín e morto a tiros em uma de suas fazendas.

Fazia pouco mais de uma semana que James Rodríguez havia completado 15 anos. Sob esse clima de violência e incertezas, o Envigado enfim caiu para a segunda divisão.

Com o rebaixamento consumado, o time se viu obrigado a apostar nos jovens. Foi aí que James assumiu maior protagonismo e conseguiu se destacar no grupo que em 2007 conseguiu novamente o acesso à elite do país. No total, foram 30 jogos e nove gols pelo clube colombiano.

No ano seguinte, o meia arrumou as malas e partiu para Buenos Aires defender o Banfield (ARG) e dar o salto em uma carreira que, até aqui, registrou passagens importantes no Porto (POR) e no Monaco (FRA), além de períodos mais discretos no Real Madrid (ESP) e no Bayern de Munique (ALE).

Falcao deixa o campo na vitória sobre o Paraguai e entrega a faixa a James Rodríguez
Falcao deixa o campo na vitória sobre o Paraguai e entrega a faixa a James Rodríguez - Edgard Garrido/Reuters

Apesar dos altos e baixos recentes, James Rodríguez já vestiu algumas das camisas mais importantes do futebol mundial e, aos 27 anos, ainda é um jogador com mercado na Europa. Um destino que Cristian González confessa não ter imaginado para o colega quando ele começou sua trajetória.

"Eu pensei que ele pudesse ser um jogador que se sustentasse e até que chegasse à seleção colombiana, mas não que se tornasse esse craque que hoje vemos, é um top", afirma.

González se diverte ao contar ao lembrar do desfalque que tinha na geladeira de sua casa quando recebia visitas do camisa 10 da Colômbia.

"Ele ia à minha casa com Camilo, meu sobrinho, e iam jogar PlayStation. Quando eu me dava conta, já tinham esvaziado minha geladeira. Depois de um tempo, assim que os dois chegavam em casa, eu já perguntava: 'Fizeram um bom mercado ou não? Estão bem alimentados?'", conta o ex-colega do então adolescente, hoje capitão da Colômbia.

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