Descrição de chapéu Copa América

Seleção testa equipe e popularidade de Neymar em amistoso em Brasília

Em meio à acusação de estupro contra seu principal atleta, Brasil enfrenta Qatar

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Teresópolis e Brasília

Enquanto Tite concedia sua última entrevista coletiva, na Granja Comary, um carro da Polícia Civil apareceu no centro de treinamento da seleção brasileira para intimar Neymar a depor. A cena registrada em Teresópolis, na segunda (3), dá uma boa amostra do que se tornou a preparação do time nacional para a Copa América em meio à acusação de estupro feita contra o atacante.

O futebol virou um detalhe, e até mesmo questões envolvendo o próprio camisa 10 ficaram em segundo plano. As dores no joelho esquerdo, sentidas na semana passada, e a perda da faixa de capitão por atos de indisciplina se perderam na hiperexposição do caso policial —alimentada pelo jogador, que exibiu conversas e fotos íntimas da acusadora.

Tudo ocorreu em um momento no qual a seleção buscava empatia com os torcedores, já que a Copa América será disputada em casa, e em que Neymar tentava melhorar sua popularidade, abalada após o desempenho no Mundial —fez dois gols e virou piada pelas quedas em campo.

Nesta quarta-feira (5), a partir das 21h30, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, o atacante e a seleção terão uma amostra de como está sua relação com o público. A equipe fará um amistoso com o Qatar, o primeiro na sua preparação para a disputa continental.

“Entendo a abordagem e as questões, mas temos um amistoso contra o Qatar e a construção diária de um trabalho”, disse Tite, que pouco conseguiu falar sobre o jogo. 

Pressionado por resultados após a eliminação nas quartas da última Copa do Mundo, ele agora é cobrado também pelo modo como administra a relação com Neymar.

Há quase dois anos o cenário era totalmente diferente.

A última partida da seleção no país ocorreu em outubro de 2017, quando o Brasil recebeu o Chile e venceu por 3 a 0, em São Paulo, na última rodada das eliminatórias para o Mundial de 2018. Tite era aclamado pela recuperação da seleção na disputa. Neymar, que acabara de se tornar o jogador mais caro do mundo na venda do Barcelona para o PSG, seria apontado, dias depois, como o terceiro melhor do planeta, atrás apenas de Cristiano Ronaldo e Messi.

Os demais jogadores procuraram dizer que o ambiente na seleção não mudou, mas a presença da Polícia Civil na Granja Comary não lhes deixou mentir. O que eles tentarão fazer a partir desta quarta-feira é mostrar que têm futebol para superar a crise.

“Acredito que a torcida vá fazer festa, apoiar. Nós não somos só jogadores. Somos torcedores dentro de campo também”, disse Gabriel Jesus.

Neymar faz jogada sob os olhares de Tite durante treino da seleção na Granja Comary
Neymar faz jogada sob os olhares de Tite durante treino da seleção na Granja Comary - AFP

Antes mesmo do turbilhão com o início das investigações contra Neymar — além do suposto estupro, apura-se se ele cometeu crime de informática ao divulgar fotos da mulher que o acusa— , já existia na seleção uma preocupação de ganhar o público. Taffarel, preparador de goleiros da seleção, colocou essa mensagem explicitamente.

“Faço um apelo para que estejam junto com a seleção, porque a gente sente muito isso dentro de campo. Que tenham paciência, incentivem a gente”, disse ex-goleiro campeão do mundo em 1994. 

Neymar e seus companheiros começarão a ter noção de como está essa relação no amistoso contra o Qatar. Eles terão essa partida e outra, no próximo domingo (9), no Beira-Rio, em Porto Alegre, contra Honduras, para construir uma proximidade até o início da Copa América. A estreia da seleção na competição ocorrerá no Morumbi, em São Paulo, no dia 14, contra a Bolívia.

No Grupo A, a equipe ainda jogará em Salvador (contra a Venezuela, na Fonte Nova, em 17 de junho) e novamente em São Paulo (contra o Peru, em Itaquera, em 22 de junho). Nesses lugares, tentará mostrar futebol suficiente e contar com o próprio Neymar, chamado de “imprescindível” por Tite, para ganhar a torcida e força na competição.

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