Descrição de chapéu Copa do Mundo Feminina

Treinadora da França conseguiu romper barreira no futebol masculino

Corinne Diacre comandou clube da segunda divisão francesa por três temporadas

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São Paulo

No que promete ser a maior Copa do Mundo de futebol feminino da história, a edição de 2019 do torneio ainda mostra que técnicas mulheres são minoria em sua própria modalidade.

Apenas 9 das 24 seleções participantes têm uma mulher no comando. Uma barreira que, no universo do futebol masculino, se apresenta quase como intransponível.

Comandante da França, que estreia no Mundial nesta sexta (7), contra a Coreia do Sul, às 16h (de Brasília), Corinne Diacre, 44, pode dizer que já conseguiu superar essa barreira, de certa forma.

A técnica Corinne Diacre em entrevista coletiva da seleção francesa em Paris
A técnica Corinne Diacre em entrevista coletiva da seleção francesa em Paris - Gonzalo Fuentes/Reuters

Ex-jogadora, foi por três temporadas técnica do time masculino do Clermont Foot, clube que disputa a segunda divisão francesa, antes de assumir a seleção nacional.

Zagueira, Diacre disputou 121 jogos com a camisa da França e teve uma longa carreira como atleta no Soyaux. Quando pendurou as chuteiras, virou assistente técnica da seleção e, posteriormente, trabalhou no clube em que jogou por mais de uma década –seu único na carreira.

O convite do Clermont Foot chegou em 2014, depois que a treinadora portuguesa Helena Costa pediu demissão antes mesmo do início da liga, alegando que a diretoria a afastava das decisões mais importantes sobre a equipe.

Corinne Diacre sabia que sua nomeação causaria furor. Ela aguentou por alguns meses, até que estourou em uma entrevista coletiva.

"A primeira! A primeira! A primeira! Sim, ok, agora vamos por favor falar de futebol. As pessoas estão falando muito sobre mim. É irritante", disse a treinadora.

 

Com o menor orçamento da segunda divisão francesa, o Clermont terminou a primeira temporada de Diacre à frente do time na 12ª colocação. O objetivo, que era não ser rebaixado, foi cumprido.

Com a possibilidade de planejar a pré-temporada seguinte, a treinadora foi para seu segundo ano no comando. Ainda com o menor orçamento da segunda divisão, chegou próxima de levar o time à elite do futebol francês.

O Clermont, que figurou por algumas rodadas nas primeiras posições da tabela, terminou em sétimo. A campanha foi uma montanha-russa. Com um estilo ofensivo, o time encerrou a liga nacional com o terceiro melhor ataque (56 gols) e a terceira pior defesa (53).

Ainda assim, Diacre foi nomeada pela revista France Football como a técnica do ano na segunda divisão em 2015. Além do bom trabalho coletivo mostrado pela equipe, a treinadora conseguiu potencializar talentos individuais como o atacante senegalês Famara Diédhiou, recém-chegado ao Clermont e que terminou a Ligue 2 como artilheiro, autor de 21 gols.

"Eu admiro sua coragem e seu comprometimento. Sou muito grato a ela", afirmou Diédhiou pouco depois de ter conseguido sua primeira convocação à seleção de Senegal.

A treinadora no comando do Clermont Foot, na segunda divisão francesa, em 2014
A treinadora no comando do Clermont Foot, na segunda divisão francesa, em 2014 - Fred Tanneau - 04.ago.2014/AFP

Em 2017, após sua terceira temporada no Clermont Foot e um novo 12º lugar na segunda divisão, Corinne Diacre foi anunciada como técnica da França para comandar a seleção no Mundial que começa nesta sexta, experiência que ela teve como atleta.

Anfitriãs, as francesas tentam superar a campanha de 2011, quando chegaram nas semifinais e pararam nos Estados Unidos, seu melhor desempenho até hoje na história da competição.

"Em termos de conhecimento de futebol, é a mesma coisa [entre homens e mulheres]. Em todos os meus estudos e cursos, eu nunca tive nenhum módulo que dissesse: 'Se é mulher, é assim que se treina, e se for homem, é desse jeito que se faz'", diz a técnica, que talvez não escolhesse a si mesma para compor o elenco atual da França.

"Como jogadora, sim [me escolheria]. Mas como caráter, entraríamos em conflito."

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