Caboclo usa Copa América para ganhar força nos bastidores

Presidente da CBF se aproximou de Bolsonaro, cartolas e jogadores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

A Copa América 2019 não foi boa apenas dentro de campo para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com o título vencido neste domingo sobre o Peru.

Nos bastidores, o novo presidente da entidade, Rogério Caboclo, usou a oportunidade para estreitar laços com o elenco da seleção e com o governo federal, com a presença do presidente da República Jair Bolsonaro em três das seis partidas da campanha.

No que foi a primeira competição oficial com Rogério Caboclo como presidente da confederação, o cartola se aproximou de políticos.

O presidente Jair Bolsonaro saúda os torcedores no Maracanã na final da Copa América entre Brasil x Peru
O presidente Jair Bolsonaro saúda os torcedores no Maracanã na final da Copa América entre Brasil x Peru - Ueslei Marcelino/ Reuters

No Mineirão, durante a semifinal contra a Argentina --partida vencida pelo Brasil por 2 a 0-- o cartola aproveitou da presença do ex-jogador Cafu para se aproximar de Bolsonaro.

O ex-capitão da seleção brasileira é membro do Comitê Organizador Local da Copa América e tem boa relação com o presidente da CBF.

Com Bolsonaro, Caboclo posou para fotos e agradeceu a presença na partida de terça.

Após convite da diretoria da CBF, o político levou uma comitiva grande ao Mineirão, com nove ministros. O mesmo ocorreu neste domingo (7), no Maracanã, quando o presidente da República chegou acompanhado de 20 políticos, entre eles o ministro Sergio Moro (Justiça).

Os ministros Osmar Terra (Cidadania, que inclui a secretaria de Esporte) e o general Augusto Heleno (chefe do GSI) são aqueles mais próximos de Caboclo nos bastidores.

A frequência de encontros com Bolsonaro também tem servido para aumentar a proximidade entre ambos, segundo pessoas próximas.

No começo do ano, os presidentes da CBF e da República se encontraram em Brasília para uma reunião.

Não foi só no ambiente político que Caboclo procurou se entrosar. Internamente, ele tenta aparar arestas com Tite, técnico da equipe.

O treinador está incomodado com a saída de alguns profissionais da equipe técnica da CBF, casos de Sylvinho e Edu Gaspar. Três dias antes da final, o cartola ordenou a publicação de uma nota oficial no site da CBF garantindo a presença do treinador.

"A Confederação Brasileira de Futebol manifesta sua confiança no trabalho da Comissão Técnica da Seleção Brasileira Principal. E reafirma que ela será mantida em caráter permanente", disse a confederação no comunicado.

Ao longo do torneio, Caboclo quis se mostrar presente com comissão técnica e atletas. Na véspera dos jogos, visitou o elenco para almoçar e desejar apoio. Foi presença constante nos vestiários pré-partidas e até na preleção. Mesmo sem se pronunciar, procurou cumprimentar todos os atletas e demonstrar interesse nos momentos internos da seleção. Assim, se aproximou dos líderes do elenco, como Daniel Alves.

O cartola também se aproximou da cúpula da TV Globo. Logo no começo do torneio, por exemplo, entrou ao vivo como um dos convidados do "Bem, Amigos!", programa de Galvão Bueno, principal nome do esporte da emissora.

No programa, Caboclo defendeu a transparência da atual diretoria da CBF e disse que os contratos passam por auditoria internacional e assinatura de cinco diretores da confederação. O presidente não citou reportagens da Folha que revelaram problemas em licitações da entidade - em uma delas, o jornal antecipou o vencedor da concorrência.

Ainda na entrevista para Galvão Bueno, Caboclo disse que não conversa com Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF banido por corrupção. Diretores da confederação, porém, costumam visitar o ex-dirigente em sua casa no Rio de Janeiro.

Marco Polo Del Nero, antecessor de Caboclo, parou de viajar com a seleção brasileira para evitar ser preso, já que foi indiciado nos EUA.

Também durante a Copa América, Caboclo deu outra entrevista ao vivo para a Globo, ao lado de Gianni Infantino, que veio a convite da CBF para acompanhar Brasil e Peru.

A presença de Infantino no jogo em São Paulo serviu para Caboclo mostrar força nos bastidores a cartolas do futebol sul-americano.

O presidente da entidade sul-americana Alejandro Domínguez foi quem chamou o cartola da Fifa para comparecer, em busca de apoio à candidatura de Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile para a Copa do Mundo de 2030.

Na última eleição da Fifa, Domínguez conseguiu que todos os países da América do Sul votassem na reeleição de Infantino, que entrou em 2016 e, reeleito, vai permanecer mais três anos no cargo.

Próximo a Domínguez, Caboclo também se viu forte nos bastidores do futebol sul-americano. Tanto que, na semifinal, irritou a Associação de Futebol Argentino (AFA), que reclamou dois pênaltis ignorados pelo VAR. Em carta enviada à Conmebol, os argentinos criticaram o árbitro em vídeo e também a presença de Bolsonaro no gramado do Mineirão, alegando interferência política.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.