A falta de entendimento entre Brasil e Argentina no futebol vai além do confronto desta terça (2), no Mineirão, pela Copa América. Os dois países não conseguem chegar a um acordo nem mesmo no histórico dos confrontos entre as duas seleções.
A CBF tem um número. A AFA (Associação de Futebol Argentino) usa outro. As duas estatísticas não são as mesmas da Fifa, entidade que controla o futebol mundial. E nenhuma bate com o total de jogos na história entre seleções que podem ser consideradas brasileira e argentina.
Para a Fifa, os dois países se enfrentaram 105 vezes. O Brasil venceu 41 jogos, três a mais que a Argentina. Houve 26 empates. É um número de jogos maior do que o estimado por CBF e AFA. A Fifa possibilita apenas uma consulta global dos confrontos e não a checagem de cada partida.
A contagem da associação internacional é diferente da feita por CBF e AFA. E estas duas não concordam entre si.
As raízes do desacordo são oito partidas, entre amistosos, Copa Roca e Jogos Olímpicos. Jogos que não são aceitos como oficiais pelas duas entidades nacionais.
Levantamento de todos os confrontos entre Brasil e Argentina aponta que times representando os países atuaram 108 vezes. Neste total, o Brasil leva vantagem com 43 vitórias. A Argentina tem 40 e são 25 empates.
AFA e CBF reconhecem como oficiais apenas 104 desses 108 jogos. E cada uma tem seus próprios 104, que não são os mesmos da rival, o que muda o placar do histórico entre as seleções.
Nas partidas reconhecidas pela confederação brasileira, a equipe verde-amarela venceu 42 vezes, enquanto a alviceleste triunfou em 37 delas. Houve 25 empares. Para a associação argentina, o país tem 40 vitórias contra 39 do Brasil e os mesmos 25 empates.
Pelos números argentinos, estão incluídos dois jogos pelas Olimpíadas e um par de amistosos de quando, segundo a CBF, a seleção brasileira não existia de forma oficial. Desses quatro enfrentamentos, a Argentina venceu três e o Brasil, um.
Mas a CBF usa em suas estatísticas três amistosos e um jogo pela Copa Roca (depois rebatizada como Superclássico das Américas) que a AFA afirma que não devem ser creditados como oficiais. O Brasil venceu esses quatro jogos.
Os jogos que são motivos de discórdia entre CBF e AFA:
9.jun.1908 – Brasil 2x3 Argentina (amistoso)
A AFA considera este o primeiro jogo contra o Brasil. Para a CBF, a seleção brasileira só passou a existir de forma oficial em 1914.
8.set.1912 – Brasil 3x6 Argentina (amistoso)
Para a AFA, se tratou de um amistoso oficial. A CBF volta a dizer que na época não existia a seleção brasileira.
22.out.1922 – Brasil 2x1 Argentina (Copa Roca)
Para a CBF, confronto foi por um torneio oficial, então o jogo tem de ser computado no histórico. A AFA alega que não viajou a São Paulo com seu time principal.
2.dez.1923 – Argentina 0x2 Brasil (Taça da Fraternidade)
CBF tem o mesmo argumento. Foi por um torneio reconhecido pelas duas entidades e deve ser considerado oficial. AFA lembra que a seleção argentina era tão reserva que o time principal jogou no mesmo dia pela Copa América.
7.ago.1968 – Brasil 4x0 Argentina (amistoso)
CBF considera um amistoso oficial, AFA avalia que isso é errado porque não seriam as duas seleções, mas sim combinados regionais.
11.ago.1968 – Brasil 3x2 Argentina (amistoso)
Vale a mesma linha de pensamento das duas entidades para o jogo anterior, acontecido quatro dias antes.
25.set.1988 – Brasil 1x0 Argentina (Jogos Olímpicos de Seul)
Para a CBF, partidas das seleções olímpicas não devem ser usadas em estatísticas da equipe principal. A AFA não concorda.
19.set.2008 – Argentina 3x0 Brasil (Jogos Olímpicos de Pequim)
É usado o mesmo pensamento do confronto das Olimpíadas de Seul.
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