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Do seu jeito, Clippers venceu corrida por contratações na NBA

Time de Los Angeles terá Kawhi Leonard e Paul George na próxima temporada

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Scott Cacciola
Nova York | The New York Times

O Clippers fez o que pôde na temporada passada da NBA para causar uma boa impressão, em um mercado dominado há muito tempo pelo Lakers, o time com quem divide o ginásio Staples Center, no centro de Los Angeles.

Diferentemente do Lakers, que mal entusiasmou a torcida na primeira temporada de LeBron James como líder do time, o Clippers fechou a temporada 2018/2019 com mais vitórias do que derrotas. O time foi agressivo na defesa. Tratava cada rebote como uma obra de arte performática. Além de ir aos playoffs, o que já poderia ser considerado uma surpresa agradável, conseguiu ganhar duas partidas contra o Golden State Warriors na primeira rodada de pós-temporada.

Um dos lemas de marketing do Clippers era "LA Our Way" [Los Angeles do nosso jeito]: a atitude batalhadora e operária de um time que não se impressiona com a pompa púrpura e dourada do rival local.

Kawhi Leonard, novo reforço dos Clippers, durante final da NBA pelo Toronto Raptors, contra o Goldens State Warriors
Kawhi Leonard, novo reforço dos Clippers, durante final da NBA pelo Toronto Raptors, contra o Goldens State Warriors - Gregory Shamus-2.jun.2019/AFP

E os deuses da garra premiaram o Clippers no final de semana: Kawhi Leonard e Paul George, dois jogadores nascidos no sul da Califórnia, decidiram voltar para casa a fim de jogar pelo time.

Leonard, que acaba de ganhar um título à frente do Toronto Raptors, assinou com o Clippers como agente livre depois de desempenhar papel importante em persuadir George a aceitar uma troca que o tirou do Oklahoma City Thunder.

O Clippers garantiu que a troca fosse aceita oferecendo um pacote superdimensionado ao Thunder, que incluía cinco escolhas de primeira rodada em drafts futuros e dois jogadores muito bons, Shai Gilgeous-Alexander e Danilo Gallinari.

Vale a pena repetir: o Clippers teve de ceder muito. Gilgeous-Alexander, 20, foi o armador principal titular do time, em sua primeira temporada de NBA, e tudo indica que tem tudo para se tornar um astro. Gallinari, 30, estava entre os maiores cestinhas do time.

Mas Leonard só aceitaria a proposta do Clippers caso este convencesse George a deixar o Thunder. Ou seja, desse ponto de vista eles não estavam propondo uma troca por Paul mas uma troca que lhes daria Paul e Leonard, dois dos melhores jogadores do planeta. Era uma transação que o time não podia não fazer e que alterou percepções.

As temporadas em que o Clippers era motivo de piada, com 12, 17 ou 21 vitórias, podem ser esquecidas. Os anos fora dos playoffs idem, assim como o tumulto causado pelos anos de controle do time por Donald Sterling e o sofrimento dos seus torcedores sempre dedicados. Igualmente esquecidas foram as decepções da era "Lob City" do Clippers, uma tentativa de tornar o time mais competitivo, alguns anos atrás, mas que já parece fazer parte de uma cápsula do tempo.

O fato de que o Lakers tenha sido rejeitado, como parte do processo, e que tenha perdido até a oportunidade de atrair outros agentes livres porque teve de esperar a decisão de Leonard, deve tornar o momento ainda mais doce para o Clippers, que costumava ser visto como um time de segunda classe mesmo em sua cidade.

Apesar de ter chegado aos playoffs na temporada passada, o Clippers continuou a ser preterido nos noticiários, por conta dos muitos dramas que costumam acompanhar o Lakers: sua tentativa frustrada de contratar Anthony Davis antes da data limite para novos contratos, em fevereiro (ainda que o jogador tenha fechado com o Lakers depois do final da temporada); os jogadores lesionados, as derrotas e a abrupta renúncia de Magic Johnson como presidente de operações de basquete da organização. Era como uma metralhadora de disfunção.

O Clippers continuou trabalhando em silêncio, e o mesmo pode ser afirmado sobre os acontecimentos dos últimos dias: o clube tinha um plano para atrair agentes livres e se esforçou por executá-lo mesmo depois que o Lakers enfim conseguiu fechar a contratação de Davis —uma transação importante quando foi anunciada, e que continua a sê-lo.

Mas com um golpe audacioso, o Clippers conseguiu deixar o Lakers na poeira.

O Clippers está em posição melhor para disputar títulos desde já. O elenco do Lakers era modesto mesmo antes de eles envolverem alguns de seus melhores jogadores jovens na troca com o New Orleans Pelicans por Davis. O Clippers, de seu lado, manteve intacto boa parte de seu núcleo.

Leonard e George, dois dos melhores jogadores da liga tanto no ataque quanto na defesa, se unem a um elenco que inclui Lou Williams, o sexto homem de maior pontuação na história da NBA; Montrezl Harrell, um jogador de presença feroz no garrafão; e o armador Patrick Beverley, especializado em marcação.

De muitas maneiras, Beverley personifica a identidade do time: durão, agressivo, destemido. George e Paul devem se encaixar de imediato. Nada precisa ser mudado na abordagem do Clippers. A única diferença está em que os oponentes provavelmente terão ainda mais dificuldade para marcar contra eles.

Por enquanto, é claro, o Clippers reformulado representa um experimento puramente teórico —vistoso e repleto de potencial de títulos, mas com algumas preocupações a resolver sobre o futuro.

No topo da lista está Paul, 29, que fez cirurgias nos dois ombros ao final da temporada passada e cuja data de retorno não está clara. Quando retornar, será que continuará a ser um arremessador tão explosivo? George já demonstrou capacidade de recuperar plenamente a forma depois de uma lesão séria.

Em 2014, ele sofreu uma fratura composta na perna direita. Dezoito meses mais tarde, estava de volta ao All-Star Game da NBA.

No sábado, coincidentemente, Lakers e Clippers se enfrentaram na liga de verão da NBA em Las Vegas, e LeBron James estava sentado à beira da quadra assistindo ao jogo em companhia de Davis. Jerry West, jogador lendário da NBA e parte do hall da fama do basquete, estava sentado a quatro lugares de distância. West, que no passado trabalhou por muito tempo para o Lakers, se tornou consultor do Clippers nas últimas temporadas e ajudou a conduzir o time ao seu novo patamar.

Em dado momento, ainda no começo do jogo, Darrell Bailey, supertorcedor cujo apelido é "Clipper Darrell", se levantou, em seu traje vermelho e azul, e começou a provocar James. "Vou te pegar, LeBron!"

Doc Rivers, o treinador do Clippers, viu a cena e riu. James tentou firmemente ignorar Bailey, mas terminou meneando a cabeça e sorrindo. Era barulho demais para ignorar.

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