Descrição de chapéu Copa América

Goleiro que falhou contra Brasil vira destaque peruano na Copa América

Gallese vai reencontrar brasileiros para tentar título inédito com o Peru

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Rio de Janeiro

Minutos depois de um dos piores momentos de sua carreira, Pedro Gallese, 29, resolveu ver o mundo por uma perspectiva otimista.

“O futebol te dá a chance da revanche. Tenho certeza que teremos a nossa.”

O goleiro havia sido vilão da goleada sofrida pelo Peru diante da seleção brasileira, pela fase de grupos da Copa América. Ao chutar a bola no corpo de Roberto Firmino, deixou o atacante sozinho para fazer o segundo gol na vitória por 5 a 0 da equipe de Tite. Ele também poderia ter feito melhor no lance do terceiro, em chute de fora da área de Everton Cebolinha.

A sua chance de vingança será neste domingo (7), quando o Peru decide o título da competição com o Brasil, no Maracanã. Na questão individual, Gallese já se redimiu. É o principal destaque da surpreendente campanha da seleção, que não chegava à final desde 1975. Foi o destaque na classificação nas quartas de final, quando defendeu o chute de Luis Suárez na disputa de pênaltis. Acabou eleito o melhor em campo na semifinal, vitória peruana sobre o Chile por 3 a 0.

Guerrero e Gallese durante hino nacional do Peru, antes da partida contra o Chile pela Copa América
Guerrero e Gallese durante hino nacional do Peru, antes da partida contra o Chile pela Copa América - Raul ARBOLEDA-4.jul.19/AFP

Com 20 defesas, Gallese é o goleiro mais acionado da Copa América deste ano. À exceção da derrota sofrida diante do Brasil, levou apenas um gol no torneio. De pênalti, contra a Bolívia.

As críticas que recebeu de torcedores e comentaristas em seu país foram tão pesadas que sua mulher, Claudia Diaz, foi às redes sociais defendê-lo. Ela está no Rio de Janeiro acompanhando a delegação e vê os jogos ao lado da mulher do meia Christian Cueva.

As reclamações não foram novas porque já existia queixa pelo técnico Ricardo Gareca escolhê-lo como titular. Ele ele não mostrava pelo Alianza Lima o nível de um jogador titular da seleção. Em janeiro deste ano, foi dispensado pelo Tiburones Rojos (MEX) por causa do baixo desempenho e das constantes lesões.

“Sei que errei contra o Brasil. Não posso falar nada a respeito disso. Mas no futebol é assim. Às vezes você é herói, outras vezes é vilão”, argumentou.

Um dos responsáveis pela recuperação do camisa 1 foi Paolo Guerrero. O atacante se manteve o tempo todo ao lado do colega, lhe dando apoio, apesar das críticas externas. Depois da maioria dos treinos, eles fazem apostas de chutes a gol. Na maioria das vezes, Gallese vence. Depois da vitória nos pênaltis sobre o Uruguai, o centroavante deu um beijo na cabeça do goleiro como agradecimento.

A recompensa pode vir depois da Copa América e seria uma mudança e tanto para o jogador que passou a ser cobiçado por Boca Juniors e River Plate, os dois finalistas da última Libertadores. O interesse do River seria para o caso de a equipe vender Franco Armani, titular da seleção argentina, para a Europa.

Seria seu reencontro com Enzo Pérez. O meia discutiu com o goleiro de maneira áspera quando Alianza e River se enfrentaram na Libertadores deste ano. O argentino xingou a mãe de Gallese. De maneira inusitada, ela respondeu em vídeo.

“Enzo, faz algumas semanas você se lembrou de mim, agora quero me lembrar da sua mãe. Não a conheço, mas sei que é uma grande mulher. Se teu amor pelo futebol é grande, o amor da sua mãe é incalculável. Por isso, querido Enzo, se vai falar de uma mãe no futebol, que seja do seu amor incondicional”, disse Tatiana Quiroz.

Gallese carrega a mesma fama de Cueva. Jogar melhor pela seleção do que pelo clube. Mas o goleiro, ao contrário do melhor amigo no elenco da Copa América, se recuperou depois de ter falhado na Copa América de 2019. Ao perder pênalti contra a Dinamarca no Mundial da Rússia, o primeiro do Peru depois de 36 anos, o meia do Santos comprometeu as chances de classificação da seleção, que acabou eliminada na fase de grupos.

 

Com 56 jogos, Gallese é o goleiro que mais jogou pelo Peru. Disputou a Copa América em 2015 e 2016 (quando a equipe eliminou o Brasil) e o Mundial de 2018. E defender pênaltis, como aconteceu contra o Uruguai e Chile (ele salvou cobrança de Vargas nos acréscimos), é algo que já faz há algum tempo. Em sua estreia pela seleção, em amistoso contra o Paraná, em 2014, também defendeu um.

“As pessoas ficam discutindo o talento de Pedro. Isso não tem sentido. Ele é o melhor goleiro peruano. O que aconteceu contra o Brasil foi um acidente que não vai se repetir”, afirma o uruguaio Pablo Bengoechea, o técnico que o convocou pela primeira vez.

 
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