Descrição de chapéu The New York Times

Quem é a nadadora de 18 anos que impôs 1ª derrota para Ledecky

A australiana Ariarne Titmus conquistou o ouro nos 400 m livre no mundial de Gwangju

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Karen Crouse
Gwangju (Coreia do Sul) | The New York Times

Depois de conquistar sua quarta medalha de ouro na Olimpíada de 2016, Katie Ledecky disse que sua motivação no futuro viria de saber que em algum lugar do mundo uma jovem nadadora estaria treinando para superá-la.

Passados três anos, a desafiante que Ledecky anteviu se tornou realidade durante a primeira noite das finais de natação do Campeonato Mundial da Federação Internacional de Natação (Fina). Ariarne Titmus, 18, da Austrália, impôs a primeira derrota da carreira de Ledecky em uma competição internacional, nos 400 metros estilo livre.

Ariarne Titmus, da Austrália, que desbancou Katie Ledecky no mundial de natação disputado em Gwangju
Ariarne Titmus, da Austrália, que desbancou Katie Ledecky no mundial de natação disputado em Gwangju - Oli Scarff - 21.jul.2019/AFP

Ledecky, 22, havia sido derrotada pela última vez em uma prova dessa distância em uma competição de exibição entre astros da natação dos Estados Unidos e da Europa em Glasgow, em 2013. Ela estava febril, naquele dia. No domingo, Ledecky, 14 vezes campeã mundial, não ofereceu desculpas.

"Eu sabia que a corrida seria dura", disse Ledecky, acrescentando que Titmus "nadou muito bem".

Titmus, 18, vem se aproximando cada vez mais de Ledecky desde 2017, e conquistou sua vitória histórica ultrapassando Ledecky na volta final. Titmus completou os 50 metros finais da prova 1,83 segundo antes Ledecky, cujo tempo de volta final de 31,4 segundos foi o segundo mais lento entre as oito mulheres que estavam na prova.

Titmus fechou com seu recorde pessoal para a distância, 3min58s76, a oitava melhor marca de todos os tempos nos 400 metros. Ledecky, detentora das sete melhores marcas da prova, fechou com 3min59s97, adiante de Leah Smith, sua colega na equipe dos Estados Unidos, que marcou 4min01s29.

"Cheguei à volta final e senti os músculos rijos", disse Ledecky, que fechou bem abaixo de seu recorde mundial de 3min56s46, estabelecido na Olimpíada do Rio em 2016.

"Eu esperava ser muito mais rápida hoje", ela acrescentou.

Ledecky costuma liderar desde o começo, e por isso a plateia no Centro Aquático Municipal da Universidade Nambu, em Gwangju, Coreia do Sul, se agitou quando Titmus ditou o ritmo da prova pelos primeiros 200 metros. Ledecky deu o bote e assumiu a ponta na quinta volta e, quando faltavam 75 metros, ela tinha meio corpo de vantagem.

Greg Meehan, treinador chefe da equipe de natação feminina americana e treinador pessoal de Ledecky há três anos, disse não ter visto coisa alguma que o levasse a imaginar que o quarto título mundial consecutivo de Ledecky na modalidade estivesse em risco.

"Acho que ela nadou muito bem os primeiros 300 metros, executou muito bem o plano", disse Meehan, que não tinha explicação para as dificuldades que Ledecky enfrentou na volta final. "Às vezes as coisas acontecem e pronto", ele disse, "e é difícil quando se trata de alguém com a persona de Katie".

Titmus também parecia surpresa que a vantagem de Ledecky no trecho final fosse baixa a ponto de permitir que ela alcançasse a rival. Titmus concluiu os 400 metros em quarto lugar, seis segundos abaixo de Ledecky, no Campeonato Mundial de 2017 em Budapeste, e em segundo lugar, 1,16 segundo atrás da rival, no Campeonato Pan-Pacífico de Tóquio em 2018.

"Jamais imaginaria me ver em uma situação na qual comesse a distância que me separa de Katie", disse Titmus, cujo melhor tempo antes da final de ontem era de 3min59s35. "Ela é uma grande campeã. Não achei que estaria naquela situação, e por isso tentei fazer o meu melhor."

​Ledecky admitiu que não estava habituada a enfrentar desafios em finais de prova. Seu melhor tempo para a distância em 2019 foi de 3min59s28, em uma prova no mês passado em Santa Clara, Califórnia, cerca de 4,5 segundos mais rápido que o de Smith, a americana mais rápida depois dela. Nos dois últimos campeonatos mundiais, a margem de vitória de Ledecky na prova foi de 3,5 segundos.

 

Ledecky parecia catatônica na cerimônia de premiação. Mas recuperou a compostura em tempo de empurrar Titmus na direção certa para o pódio.

"Obviamente isso machuca um pouco", disse Ledecky, acrescentado que "preciso me recuperar disso e preciso voltar à luta".

Ela não terá muito tempo para lamber as feridas. Ledecky voltará à piscina na segunda-feira para as preliminares dos 1500 metros em estilo livre, uma modalidade da qual é tricampeã mundial. Ela continua invicta, até o momento, nas grandes provas internacionais de 800 metros e 1500 metros.

"As expectativas são muito elevadas sempre que ela compete", disse Meehan, acrescentando que "estou confiante em que ela voltará amanhã e irá bem."

The New York Times, tradução de Paulo Migliacci

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