Corregedoria investiga PM por retirar corintiano que xingou Bolsonaro

Torcedor diz que foi levado para 'salinha do terror' e agredido por agentes

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São Paulo

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo atendeu ao pedido da Ouvidoria da Polícia e irá investigar a atuação dos agentes do Batalhão de Choque que retiraram o corintiano Rogério Lemes das arquibancadas de Itaquera no clássico entre Corinthians e Palmeiras, enquanto ele xingava e protestava contra o presidente Jair Bolsonaro.

O ouvidor Benedito Domingos Mariano fez a solicitação na última terça-feira (6) e ela foi aceita nesta sexta (9) pelo coronel Marcelino Fernandes. A Corregedoria deve apurar se houve ou não abuso de autoridade e agressão na ação da Polícia Militar (PM).

No pedido, a Ouvidoria se baseia na denúncia feita por Rogério, na qual ele afirma ter sido levado pelos policiais militares ao que ele chamou de "salinha do terror", em Itaquera, onde foi agredido e "humilhado".

Torcida do Corinthians durante partida da Copa do Brasil, em 2018
Torcida do Corinthians durante partida da Copa do Brasil, em 2018 - Rodrigo coca - 29.set.2018/Ag Corinthians

O órgão também anexou um vídeo de cerca de 20 segundos gravado por um celular e que mostra parte da ação dos policiais nas arquibancadas do estádio. A Corregedoria, que agora assume o inquérito policial (IPM) já aberto pelo Comando de Policiamento de Choque (CPChoque), deve pedir as imagens das câmeras de segurança do local, além de ouvir o torcedor e outras testemunhas.

Também foi protocolado pedido semelhante à Corregedoria da Polícia Civil, que deve investigar a conduta da delegada Monia Olga Pescarmona, da Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade).

"Encaminhei à Corregedoria [da Polícia Civil] para apurar a conduta de negligencia da delegada [Pescarmona]. Acredito que o órgão fará a investigação", disse Mariano.

Portador de uma prótese por causa de problemas no fêmur, ele diz que levou um mata leão dos policiais, foi algemado de forma que o machucou e depois jogado no chão, já na sala. “Você não é o valentão? Você não gosta de ofender o presidente?”, disseram os agentes, de acordo com o torcedor. 

Rogério foi levado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), localizado no próprio estádio, onde foi registrado boletim de ocorrência (BO) assinado pela delegada Monia Olga Pescarmona. O documento não cita agressões físicas. A suposta vítima disse que não registrou o fato por medo de represálias.

É função da Corregedoria investigar agentes da PM. Os órgãos das polícias civil e militar são responsáveis por apurar a conduta, respectivamente, dos policiais do Batalhão do Choque (responsável pela segurança nos estádios), e de Pescarmona, delegada.

"Não houve prisão, mas a condução dele ao posto do Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde foi registrado boletim de ocorrência não criminal e depois liberado para voltar a assistir à partida de futebol" diz a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

A SSP também afirma que o torcedor não mencionou ter sido agredido aos oficiais e que os policiais agiram para “preservar a integridade física do torcedor” e evitar um potencial tumulto.

À Folha, o advogado de Lemes, Roberto Tardelli, afirmou que não havia outra alternativa para Corregedoria a não ser investigar a ação dos policiais. “Agrediram uma pessoa indefesa, que se sabia que estava desarmada, sozinha, no seu direito”.

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