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Naomi Osaka defende título do US Open com uma nova mentalidade

Líder do ranking, japonesa disse ter vivido piores meses da vida recentemente

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Ben Rothenberg
Nova York | The New York Times

No primeiro dia em que Sascha Bajin esteve no Centro Nacional de Tênis Billie Jean King, da Associação de Tênis dos Estados Unidos (USTA, na sigla em inglês), a fim de se preparar para o US Open deste ano, ele foi ao Estádio Arthur Ashe para dar uma olhada.

A atmosfera do ano passado ainda era perceptível, ele disse na sexta-feira (23).

Faz cerca de um ano que Bajin esteve nas arquibancadas do estádio para assistir à jogadora que ele treinava, Naomi Osaka, em sua primeira vitória em um torneio de Grand Slam, contra Serena Williams, com quem Bajin costumava treinar como parceiro.

Faz cerca de um ano que o treinador que estava na área técnica reservada a Williams, Patrick Mouratoglou, foi apanhado usando um sinal de mão ilegal, que causou caos na partida.

Naomi Osaka ergue a raquete para saudar o público
Naomi Osaka após estrear com vitória no US Open, contra a russa Anna Blinkova - Elsa/AFP

Williams e Mouratoglou voltaram a Nova York ainda como parte da mesma equipe, mas Osaka e Bajin chegaram separados. A tenista demitiu o treinador em fevereiro.

Mesmo no tênis feminino, onde substituições de treinadores são comuns, com trocas e novas contratações rápidas, a separação súbita espantou muita gente, por acontecer depois de vitórias de Osaka no US Open e no Australian Open e de sua ascensão ao primeiro posto do ranking. Bajin conquistou o prêmio de treinador do ano da Associação de Tênis Feminino (WTA, na sigla em inglês). Não havia grandes sinais externos de desentendimento.

Nenhum dos lados revelou o motivo da demissão. Osaka, a cabeça de chave número um, que iniciou sua defesa de título nesta terça-feira (27) com vitória contra Anna Blinkova, será treinada por Jermaine Jenkins, antigo parceiro de treino de Venus Williams.

Bajin está em Nova York com Kristina Mladenovic, 53ª colocada no ranking, que ocupa o segundo posto no ranking de duplas mas nas simples alterna períodos consideravelmente melhores (já esteve no top 10 do ranking) e consideravelmente piores (15 derrotas em seguida).

Os resultados de Osaka com Jenkins não foram tão bons quanto com Bajin, que ela contratou no período de preparação para a temporada de 2018, o ano em que ela começou a vencer. A tenista não chegou à final de qualquer torneio desde a troca de treinador e foi derrotada na primeira semana tanto em Roland Garros quanto em Wimbledon.

Depois de sua derrota na primeira rodada em Wimbledon, Osaka rejeitou sumariamente a avaliação de que seus resultados estivessem conectados à saída de Bajin.

"Não acho que haja qualquer relação", ela disse, durante uma entrevista coletiva chorosa.

Embora Osaka tenha conseguido estender a conquista do seu primeiro grande título com uma segunda vitória de Grand Slam meses mais tarde, diversas novas e jovens campeãs de eventos de Grande Slam, entre as quais Sloane Stephens e Jelena Ostapenko, enfrentaram problemas para confirmar expectativas e manter a consistência depois de ascensões rápidas no circuito feminino.

Osaka parecia estar preparada para retomar sua trajetória nos torneios de verão [do hemisfério norte]. Ela declarou na mídia social, no final de julho, que estava "empolgada com o futuro, na quadra e fora dela", depois dos "piores meses de minha vida". Ela admitiu que tinha se preocupado demais com os resultados de seus jogos.

O peso parecia ter desaparecido em agosto. Osaka começou a sorrir frequentemente durante os jogos, consciente de que não estava desperdiçando suas oportunidades.

"Especialmente, por exemplo, na partida que joguei em Wimbledon —para mim aquilo foi duro demais", ela disse este mês. "Porque normalmente adoro os Grand Slams. Adoro jogar nas grandes quadras. Mas por algum motivo, quando estava lá, eu não curti nada daquilo. Estava jogando minha partida na quadra central de Wimbledon e a verdade é que preferiria estar em qualquer outro lugar".

"Eu fiquei pensando nisso e em todas as oportunidades que recebi, e que havia sido meio ingrata por elas. Quando perdi na primeira rodada, comecei a pensar que precisava me divertir, porque você treina a vida toda para momentos como aquele, e se você não estiver feliz nesses momentos, nada faz sentido".

Jogando com mais entusiasmo, ela chegou às quartas de final em Toronto, perdendo para Serena Williams. "Parecia que eu não tinha subido de nível com meu personagem e estava lá envolvida em uma luta contra o chefão, disse Osaka, que gosta de videogames.

Ela também chegou às quartas de final em Cincinnati antes de abandonar a partida contra Sofia Kenin por causa de uma lesão no joelho esquerdo.

Os treinos de Osaka foram limitados, em seus preparativos para o US Open, mas ela expressou otimismo na sexta-feira.

"Estou melhorando", ela disse sobre seu joelho. "Tenho jogado mais, por mais tempo, a cada dia. Melhorou. Por sorte me curo rápido, e acho que as coisas vão bem".

Bajin, que nunca havia sido treinador chefe de uma tenista antes de Osaka contratá-lo, expressou admiração continuada por sua ex-atleta.

"Tenho a esperança de que ela se saia muito bem aqui", disse Bajin, que treina Mladenovic desde abril. "Ela merece. É uma boa menina, e uma jogadora ainda melhor. Definitivamente estou torcendo por ela, se não por nós".

A conexão entre Bajin e Osaka não foi rompida de vez. Ele ainda conta com patrocínios de dois dos patrocinadores japoneses da tenista, Nissin e Yonex, cujos logotipos exibe em suas camisas durante os torneios. E para aproveitar ainda mais sua associação com Osaka, Bajin publicou um livro, disponível apenas em japonês, que traz na capa uma foto dele e da tenista, A palavra "Naomi" aparece 464 vezes no livro, lançado em junho, quatro meses depois de sua demissão.

Mas Bajin insiste em que o livro "não é sobre ela".

"O livro é sobre ganhar força mental e como tornar sua vida mais fácil por meio das experiências que vivi, o que vi no circuito, tudo isso", ele disse. "Não tem coisa alguma a ver com ela, nem muito a ver com tênis. Não, de verdade".

No torneio de Cincinnati, este mês, os olhos de Osaka se arregalaram quando o livro de Bajin foi mencionado. "Não li", ela disse, "e não planejo ler".

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