A 19ª rodada do Campeonato Brasileiro, que encerrou neste domingo (15), não teve nenhum gol de falta. Não fugiu à regra da atual edição do torneio.
Apenas nove dos mais de 400 gols marcados no primeiro turno do Nacional em 2019 surgiram após cobranças diretas de fora da área.
A temporada atual segue uma tendência de queda de gols assim no Brasil.
Em 2018 foram 27 gols de falta em todo o Brasileiro. Uma média de 0,71 por rodada. Na atual edição, a média é de 0,47, próxima da pior registrada na década. Em 2016, houve 17 gols em todo torneio: 0,44 por rodada.
“É muito simples para mim [o motivo para a escassez de gols]. É pouca prática. Se o jogador não praticar, não terá resultados”, afirma Alex, ex-meia, que ficou marcado por ser cobrador de faltas no Palmeiras, Coritiba e Cruzeiro.
Quem acompanha a rotina de clubes da Série A do Brasileiro diz que uma mudança nos treinamentos dos times pode ter influência na ausência de cobradores nas gerações atuais.
“Os treinamentos são todos controlados pela preparação física e pela fisiologia do clube. O atleta entra para o trabalho e já sabe o percurso que vai ser atingido. E se ele atingiu o objetivo, dificilmente vai ter condições para fazer algum complemento, como batidas de falta”, diz Ramon, ex-jogador e auxiliar técnico no Vasco da Gama.
“A comissão técnica precisa arrumar tempo, uma estratégia para que os bons cobradores façam os treinamentos”, opina Altair Ramos, ex-preparador físico do São Paulo. “As cobranças são imprescindíveis, decidem um jogo, até mesmo um campeonato.”
Há quem veja também méritos dos goleiros atuais.
“São dois motivos principais: a melhora dos goleiros em todos os fundamentos e a falta de treinamento por parte dos jogadores”, acredita Fernando Diniz, ex-técnico do Fluminense.
“O campo agora tem grama mais baixa que antigamente. Antes, com a grama mais alta, a bola ficava quase suspensa e facilitava o batedor”, afirma Vinícius Eutrópio, ex-técnico da Chapecoense e do Figueirense. “Os goleiros também estão mais bem preparados, mais altos e ágeis”, completa.
O maior artilheiro do Brasileiro deste ano em cobranças de faltas é um zagueiro. Rafael Vaz, do Goiás, marcou duas vezes.
“Eu me dedico muito. Treinar faltas é praticamente uma coisa diária. Procuro cobrar pelo menos umas 30, 40 faltas por dia toda vez que acaba o treino. Procuro sempre fazer isso pelo menos umas três, quatro vezes por semana o treino”, afirma.
A escassez no futebol nacional reflete na seleção brasileira. Há cinco anos a equipe comandada por Tite não marca um gol de falta. O último foi em amistoso contra a Colômbia em 2014, após a Copa do Mundo no mesmo ano. Neymar marcou na vitória de 1 a 0 da time que ainda tinha Dunga como técnico.
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