Descrição de chapéu The New York Times F1

Jovens desafiantes se aproximam de Hamilton na F-1

Leclerc e Verstappen mostram que 2020 pode não ser tão fácil para o inglês

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Ian Parkes
Nova York | The New York Times

Parece inevitável que Lewis Hamilton, da Mercedes, conquiste seu sexto título entre os pilotos da F-1 nesta temporada, e que sua equipe fique com o sexto título consecutivo entre os construtores.

Com seis corridas a disputar depois do Grande Prêmio de Singapura, neste final de semana, o britânico Hamilton parece ter uma vantagem insuperável, 63 pontos adiante do finlandês Valtteri Bottas, seu companheiro de equipe na Mercedes. Max Verstappen, da Red Bull, está 99 pontos atrás. Os pilotos Charles Leclerc e Sebastian Vettel, da Ferrari, estão 102 e 115 pontos atrás, respectivamente.

Comparada aos demais cinco títulos conquistados por Hamilton, essa é a maior vantagem de que ele já desfrutou neste ponto da temporada.

Mas se o desempenho recente de Leclerc e Verstappen serve como indicação, não será fácil para Hamilton garantir um sétimo título em 2020, o que igualaria o recorde estabelecido por Michael Schumacher em 2004.

Charles Leclerc comemora pole no GP de Singapura
Charles Leclerc comemora pole no GP de Singapura - Then Chih Wey/Xinhua

O holandês Verstappen encerrou a série de oito vitórias consecutivas da Mercedes neste ano com sua vitória na Áustria, onde bateu Leclerc com uma ultrapassagem empolgante na última volta. Verstappen venceu também na Alemanha, e terminou em segundo atrás de Hamilton na Hungria.

E o monegasco Leclerc, depois de ter problemas de motor no final da corrida no Bahrein, finalizando em terceiro uma prova que ele liderou por quase todo o tempo, e de perder para Verstappen na Áustria, enfim venceu sua primeira corrida, na Bélgica, superando Hamilton por menos de um segundo.

Leclerc descreveu sua vitória como "um sonho de infância que realizei". Mas a morte de seu amigo Anthoine Hubert, um dia antes, deitou uma sombra sobre essa vitória. Hubert morreu em um acidente durante a corrida de Fórmula 2 no circuito de Spa-Francorchamps.

"Crescemos juntos no kart por muitos, muitos anos, e perdê-lo foi um grande choque para mim, e evidentemente para todo mundo no automobilismo", disse Leclerc depois da vitória, que ele dedicou a Hubert. "Foi um dia muito triste, e tive dificuldades para desfrutar plenamente de minha vitória".

Uma semana mais tarde, na Itália, Leclerc deu à Ferrari sua primeira vitória correndo em casa em nove anos, apesar da forte disputa contra Hamilton.

"Não existem palavras para descrever as emoções que senti durante a corrida, depois da corrida, ou no pódio", disse Leclerc. "Foi 10 vezes mais forte do que qualquer coisa que eu tenha experimentado em toda minha carreira. Um momento muito especial".

Hamilton disse que Leclerc havia se saído bem correndo ao lado de Vettel e que antecipava muitas corridas difíceis no futuro.

"Os resultados dele falam por si", disse Hamilton. "Não é fácil para qualquer piloto começar em uma grande equipe, quanto mais a Ferrari, ao lado de um tetracampeão mundial, com muito mais experiência".
"Superá-lo em desempenho nas corridas e treinos e dirigir melhor que um tetracampeão mundial desde a primeira corrida não é algo fácil. Acho que isso é prova suficiente", disse Hamilton.

Hamilton, Leclerc e Vettel após o treino classificatório para o GP de Singapura
Hamilton, Leclerc e Vettel após o treino classificatório para o GP de Singapura - Then Chih Wey/Xinhua

A Red Bull trocou os motores Renault por motores Honda nesta temporada, o que segundo Hamilton tornou Verstappen uma ameaça maior.

"Vimos um grande avanço da Red Bull", disse Hamilton. "Eles deram um alto adiante em termos de conjunto motor este ano, o que ficou bem visível. Estão se tornando cada vez melhores".

A vantagem de velocidade da Ferrari sobre a Mercedes nas retas a ajudou na Bélgica e Itália. Em Spa, a diferença era de 13 km/h na reta Kemmel, de alta velocidade.

Toto Wolff, o diretor da equipe Mercedes, disse que o déficit de potência diante da Ferrari o fez recordar das dificuldades da Red Bull em 2014 e 2015, quando os atuais motores híbridos da F-1 foram introduzidos depois de a equipe vencer quatro títulos consecutivos entre 2010 e 2013.

Em Spa, a Mercedes introduziu a terceira versão de seu motor, usado também por outras equipes. O motor quebrou nos carros de Sergio Pérez, da Racing Point, e Robert Kubica, da Williams.

"Sei um pouco como a Red Bull se sentiu em 2014 e 2015, com aquela desvantagem nas retas", disse Wolff.

"A Ferrari é a referência no desenvolvimento de motores, no momento", ele disse. "O trabalho que estão fazendo é incrível. A velocidade deles nas retas é espantosa, muito impressionante, especialmente nos treinos dos sábados".

Hamilton e Bottas começaram a temporada terminando as primeiras quatro corridas em primeiro e segundo. Àquela altura, Bottas parecia pronto a desafiar Hamilton.

Depois Hamilton venceu quatro provas consecutivas, na Espanha, Mônaco, Canadá e França, seguidas por vitórias na Hungria e Reino Unido antes da parada de verão de três semanas que a F-1 fez em agosto, e confirmou sua posição como primeiro piloto da Mercedes.

Bottas e Hamilton se cumprimentam durante treino para o GP da Alemanha
Bottas e Hamilton se cumprimentam durante treino para o GP da Alemanha - Ralph Orlowski - 27.jul.19/Reuters

"Em 2019, demos a Valtteri o desafio de voltar ainda mais forte do que o vimos na primeira parte de 2018, e ele o superou com alguns desempenhos realmente impressionantes nas primeiras corridas do ano", disse Wolff.

"Ainda que esta tenha sido a primeira metade de campeonato mais bem-sucedida que tivemos, ele quer mais e está determinado a continuar melhorando e a subir de nível. É essa a mentalidade que desejamos nos membros de nossa equipe", acrescentou o dirigente.

Na Ferrari, o alemão Vettel começou o ano como primeiro piloto, com Mattia Binotto, o diretor da equipe, afirmando durante a pré-temporada que "Vettel é o nosso campeão".

Mas ele não vence uma corrida desde o Grande Prêmio da Bélgica na temporada passada e só conquistou uma pole position durante o ano. Leclerc tem cinco poles e duas vitórias.

Depois da prova da Bélgica, na qual Vettel terminou em quarto, atrás de Leclerc, Binotto disse que seus pilotos agora competiam em igualdade de condições.

"É simples: se você for mais rápido e estiver à frente, o interesse da equipe entra na parada e isso não vai mudar", disse Binotto. "Seb continuará a ter oportunidades. Trabalhamos corrida a corrida, e quem estiver melhor ficará na frente".

Vettel tem contrato com a Ferrari até o final de 2020. "Seb ainda deseja se tornar campeão mundial correndo para nós", disse Binotto.

Vettel não se surpreendeu com o desempenho de Leclerc nesta temporada.

"Ele está na Ferrari, na academia de pilotos, há algum tempo, e estava claro que tinha muito potencial", disse Vettel. "Sua primeira temporada, com a Alfa, foi muito forte, e é bom ver que manteve esse ritmo sem pausa e, obviamente, do ponto de vista da equipe, acho que o mais importante é que trabalhemos juntos, não um contra o outro".

Na Bélgica, Verstappen contou com com um novo companheiro de equipe, o tailandês Alexander Albon, que está em sua temporada de estreia na F- 1. Por conta do mau desempenho do francês Pierre Gasly comparado ao de Verstappen nesta temporada, a Red Bull o demoveu para a Toro Rosso, que ele defendeu em 2018, e promoveu Albon.

Christian Horner, o diretor da equipe Red Bull, disse que a decisão não foi um risco, mas um sinal continuado da determinação da Red Bull de dar oportunidades a pilotos jovens, o que a equipe fez no caso de Verstappen, Vettel e Daniel Ricciardo.

"Se não tivéssemos corrido esse tipo de risco com os jovens anteriormente, eles jamais teriam se desenvolvido, e jamais teriam produzido resultados para nós", disse Horner. "Albon fez um trabalho decente na Toro Rosso. Eles estão melhor no campeonato de construtores do que em qualquer momento dos últimos 10 anos".

Atrás das três equipes líderes, Mercedes, Ferrari e Red Bull, a McLaren é a quarta colocada no campeonato de construtores. Caso mantenha essa posição, a equipe terá sua mais alta posição na classificação desde 2012.

"Vamos lutar até o final da temporada pela P4", disse Andreas Seidl, o diretor da equipe McLaren. "Não devemos nunca esquecer de onde estávamos no final do ano passado. Foi um imenso passo à frente".

Quanto a Hamilton, ele disse que não vai mudar a maneira que ataca nas corridas restantes.

"Vocês já devem saber, depois de todos esses anos, que minha abordagem nunca muda", disse Hamilton. "E se algo não está quebrado, não conserte".

Tradução de Paulo Migliacci

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