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Psicólogo, Diniz tenta no São Paulo o que não conseguiu na Série A

Técnico assume equipe após passagens curtas por Fluminense e Athletico

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São Paulo

O TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Fernando Diniz tinha como tema a importância do técnico de futebol. Foi o assunto que ele abordou para se formar em psicologia antes de abraçar a profissão de treinador, em 2012.

O que o novo comandante do São Paulo tentava entender era a própria angústia. Jogador de futebol que teve uma trajetória que a maioria dos garotos nas categorias de base dos grandes clubes pode apenas sonhar em ter, ele não era feliz. 

Meia-atacante revelado pelo Juventus, ele passou por Palmeiras, Corinthians e Santos no futebol paulista. Nunca foi destaque ou titular na maior parte do tempo em nenhum dos clubes. Chegou a dizer, ao chegar à Vila Belmiro, em 2005, que a justificativa para sua contratação era por ser um sujeito "bom de grupo".

Fernando Diniz conversa com Daniel Alves e Hernanes durante primeiro treino no São Paulo
Fernando Diniz conversa com Daniel Alves e Hernanes durante primeiro treino no São Paulo - Rubens Chiri/saopaulofc.net

O ex-jogador, psicólogo e técnico estreará no comando do São Paulo, neste sábado (28), contra o Flamengo, líder do Brasileiro, às 19h, no Maracanã.

Ao escolher Fernando Diniz, 45, a diretoria faz o que o ex-treinador Cuca classificou como “fato novo” que poderia ajudar o clube neste momento.

“Quanto mais chances você consegue criar, desde que as aproveite, tem mais chance de vencer. Acredito que se você jogar bem, tem mais chance de vencer os jogos”, declarou o novo treinador em sua apresentação.

Para ele, seu estilo tem o “DNA” do São Paulo, que o técnico descreveu como um futebol ofensivo e com um time que ganhe jogando bonito. Para sustentar seu argumento, lembrou as equipes de Telê Santana, bicampeão mundial com o clube em 1992 e 1993.

"Ele [Diniz] é um cara que pensa na frente. Enxerga o que muitos não enxergam em campo. Ele é fiel ao estilo de jogo que acredita e faz os jogadores acreditarem nisso também", disse Bruno Silva, volante que trabalhou com Diniz no Audax e no Fluminense.

O novo técnico são-paulino começou na terceira divisão paulista, no Votoraty, em 2009. Circulou o interior do estado com passagens por Paulista de Jundiaí, Botafogo de Ribeirão Preto, e Atlético de Sorocaba, por exemplo. Em 2015 foi ao Paraná, antes de, no ano seguinte, iniciar sua segunda passagem pelo Audax.

Foi no clube de Osasco que, em 2016, ganhou projeção e destaque. Comandou a equipe que não só se classificou ao mata-mata em primeiro lugar do grupo que tinha o São Paulo, mas eliminou a equipe tricolor com uma goleada por 4 a 1 nas quartas de final. 

Passou pelo Corinthians, nos pênaltis, para chegar à final, quando acabou vice-campeã do Estadual após perder para o Santos com o placar agregado de 2 a 1 na decisão.

Na campanha, o time de Diniz fez 322 finalizações durante todo o Paulista, uma média de 16,95 por partida, segundo levantamento feito pela Universidade do Futebol. A maioria delas, quase 60%, foi feita de fora da área. No campeonato, a equipe marcou 32 gols, ou seja, um a cada 10 chutes. 

Em comparação, dentre os cinco melhores ataques do Brasileiro, apenas o Santos chega perto de chutar tanto quanto aquele Audax: 15,6 por jogo. Flamengo, Grêmio, Internacional e Athletico, todos com mais de 30 gols no Nacional, chutam menos de 14 vezes a cada 90 minutos.

Destas equipes, o Santos é a única que precisou de menos chutes para marcar que o time de Diniz: um gol a cada 9,5 finalizações. O Athletico também balança as redes uma vez a cada 10 tentativas.

Aquela equipe ficou marcada também pelas mudanças táticas e pela liberdade de movimentação. O time defendia com uma linha de quatro e outra de cinco jogadores. O goleiro era orientado a sair jogando com os pés e sem chutão para frente. Atacando, o time usava um 3-4-3 com um losango no meio.

O Paulista rendeu a ele o prêmio de melhor treinador da competição. O sucesso, no entanto, nunca se repetiu nas equipes da Série A que comandou desde então.

Em 2018, dirigiu o Athletico-PR. Enquanto fazia a pré-temporada com a equipe principal, viu seu então auxiliar, Tiago Nunes, levar uma equipe alternativa ao título paranaense.

O time com Diniz teve nove derrotas, sete empates e cinco vitórias. Foi demitido durante a pausa para a Copa do Mundo da Rússia e substituído por Nunes, no cargo até hoje.

O último trabalho de Diniz foi no Fluminense, onde chegou em dezembro do ano passado. Com nove derrotas e apenas três vitórias em 15 rodadas do Campeonato Brasileiro, foi demitido após a equipe perder para o CSA em casa, em agosto.

Contando as duas passagens dele em equipes de Serie A, o novo técnico do São Paulo acumula 26% de aproveitamento no Brasileiro, um índice melhor apenas que Avaí e Chapecoense dentre os times da elite em 2019.

O contrato de Diniz não prevê multa em caso de rescisão. Raí, diretor de futebol, disse que consultou pessoas de dentro e fora do clube antes de trazer o profissional, e que elas criaram um consenso em torno do nome do treinador.

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