Seis anos após levantar bandeira, Bom Senso tenta virar sindicato

Movimento reúne nomes como Alex, Paulo André e César Sampaio

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São Paulo

Após organizar protestos em rodadas do Brasileiro há seis anos, ser recebido pela então presidente da República e questionar dirigentes de clubes e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o movimento de jogadores batizado de Bom Senso tenta virar um sindicato.

Integrantes do grupo que se organizou em 2013 querem legalizar junto ao governo federal o Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Município de São Paulo (SIAFMSP). Segundo César Sampaio, um do ex-jogadores do movimento, a ideia é começar o trabalho pela capital paulista e depois seguir para o restante do estado e do país.

Sampaio é tesoureiro da entidade, que tem a ex-goleira da seleção brasileira Thais Picarte como vice-presidente. Além deles estão escalados para o conselho fiscal os ex-zagueiros William Machado (Corinthians) e Wilson Gotardo (Botafogo), Alex, ex-meia do Palmeiras, e Paulo André, ex-zagueiro do Corinthians e atual dirigente do Athletico-PR. Ricardo Berna, ex-goleiro do Fluminense é o secretário-geral. Único jogador em atividade no grupo, o goleiro Fernando Prass assumiu o cargo de delegado representante.

A entidade está constituída e tem portal na internet. No entanto, só poderá operar após receber a carta sindical do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O órgão tem até dezembro para emitir a liberação.

César Sampaio, ex-Palmeiras, é o tesoureiro do sindicato municipal - Foto: Simon Plestenjak/UOL

Para isso, os ex-jogadores foram ao ex-atacante Washington, ex-São Paulo e atualmente secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis). Ele agendou uma audiência com o general Décio dos Santos Brasil, secretário especial do Esporte.

O grupo já visitou os clubes da capital Palmeiras, Nacional, Juventus, Portuguesa e Corinthians e conversou com os atletas.

Jogadores do Corinthians e Criciúma durante manifestação de apoio ao movimento Bom Senso, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 2013. - Robson Ventura/Folhapress

Criado em 2013, o Bom Senso reivindicou mudanças no futebol brasileiro. O movimento pedia alterações no calendário, garantia de férias de 30 dias para os atletas e período de pré-temporada, além da implantação do fair-play financeiro para tentar reduzir a inadimplência no pagamento de salários a atletas.

Enquanto esteve ativo, o grupo de atletas fez sugestões ao governo federal  —na época da presidente Dilma Rousseff (PT)— para o governo federal elaborar do Profut (Programa de Modernização da Gestão de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro). Eles pediram que a União fizesse exigências aos clubes que aderissem ao programa, que garantiu parcelamento de dívidas fiscais e desconto em pagamentos. 

O Bom Senso teve muitas ideias boas, mas não tinha legitimidade jurídica para atuar”, diz César Sampaio. “Agora queremos deixar um legado. Sofremos na pele com as mazelas da carreira de jogador. Quando atuava, tive que ajudar alguns colegas [com dinheiro]”. 

Atletas do Bom Senso, em 2014, foram recebidos pela então presidente Dilma Rousseff - Pedro Ladeira/Folhapress

Desde que surgiu, o Bom Senso teve embates com o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp), presidido por Rinaldo José Martorelli. O grupo sempre esteve mais próximo da Fenapaf, Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol.


Atualmente, o Sapesp está desfiliado da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol. As duas entidades travam uma briga na Justiça, que tramita em sigilo. Martorelli foi expulso da Fenapaf.

“O processo corre em segredo de Justiça, o que impede apontar os motivos [da desfiliação e da expulsão], senão se limitar dizer que foram atitudes e atos que desagradaram a entidade e motivou a punição”, afirma a Fenapaf em nota.

A entidade diz reconhecer o movimento dos ex-jogadores egressos do Bom Senso como “sindicato exclusivamente de jogadores de futebol e devidamente filiado ao sistema Fenapaf, cujo presidente é o ex atacante do Palmeiras, Washington.”

 

“A ideia não é conflitar com o Martorelli, mas precisamos ajudar os atletas, principalmente os de clubes menores que precisam de apoio e não têm", afirma Washington, presidente do novo sindicato. "Hoje o sindicato recebe uma grana por ano, 10% de todo o direito de arena dos atletas fica retido para a entidade", completou.

"A gente desenvolve nosso trabalho, temos 10 mil sócios ativos e desde 47 anos. Se quiser trabalhar de verdade, poderiam estar conosco”, afirma Martorelli, que diz desconhecer o novo sindicato.

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