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Fusão do Red Bull com Bragantino gera disputa por vaga no Paulista

Água Santa e São Caetano querem vaga na Série A1 do Estadual

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São Paulo

A mudança do Red Bull de Campinas para Bragança Paulista pode mexer com as quatro divisões do futebol paulista em 2020. A união dos dois times abriu uma vaga na Série A1 (principal divisão) do Estadual de 2020. 

O Red Bull pagou cerca de R$ 50 milhões para assumir o Bragantino, em março deste ano. A alteração do nome será confirmada em janeiro de 2020. O time vai se chamar Red Bull Bragantino.

Os dois clubes teriam o direito de jogar o Campeonato Paulista da Série A1 em 2020. Mas com a fusão, uma vaga aberta na elite do estado se abriu.

Líder da Série B do Campeonato Brasileiro, o Bragantino vai passar a se chamar Red Bull Bragantino
Líder da Série B do Campeonato Brasileiro, o Bragantino vai passar a se chamar Red Bull Bragantino - Eduardo Anizelli-21.set.19/Folhapress

Folha apurou que a federação entende que o lugar será do Água Santa, terceiro colocado da Série A2. Ficou atrás de Santo André e Internacional de Limeira, que conseguiram o acesso em campo. O assunto será decidido em conselho arbitral do torneio, a ser realizado no final deste mês.

Rebaixado na edição de 2019, o São Caetano contesta a solução encontrada pela entidade que organiza o torneio. 

“Nós vamos brigar até o fim. Mandamos um comunicado para o Reinaldo [Carneiro Bastos, presidente da FPF], mas a regra das séries A1 e A2 deste ano eram claras. Nós pleiteamos, mas não sabemos como vai ficar”, afirma o presidente do São Caetano, Nairo Ferreira, que nesta terça (8) se licenciou do cargo alegando problemas de saúde. 

O tom de voz dele é de desânimo. É de quem quer permanecer na primeira divisão do estado, mas não pretende ir às últimas consequências. Como entrar com processo na Justiça comum, por exemplo. Ao perceberem isso, torcedores da equipe começaram a mandar mensagens para o cartola exigindo que ele brigue pelo que eles acreditam ser direito do clube.

A interpretação da federação é de que foi colocado em prática o primeiro inciso do artigo 19 da A2 de 2019:

“Em caso de não participação de algum clube classificado para a (…) Série A1 de 2020, terá acesso o clube que obtiver a terceira melhor campanha na (…) Série A2 de 2019, dentre os que disputaram a fase semifinal.”

Em entrevista à Folha em maio, o presidente do Água Santa, Paulo Sirqueira, não descartou entrar na Justiça para garantir que este item do regulamento fosse colocado em prática.

O presidente do São Caetano, Nairo Ferreira, em evento no ABC
O presidente do São Caetano, Nairo Ferreira, em evento no ABC - José Patrício-31.jul.03/Folhapress

“Estão tentando burlar o acesso dentro de campo com uma manobra”, reclamou.

Procurado novamente nos últimos dias, afirmou preferir não se pronunciar por enquanto. Quer esperar uma definição da entidade que organiza o torneio. Ele recebeu sinalização de que deverá ficar com a vaga.

O São Caetano tem em mãos parecer jurídico que dá outra interpretação ao regulamento da Série A2. O documento é assinado por André Ramos Tavares, professor da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e nomeado em 2016 como um dos integrantes do Comitê de Reformas da CBF.

De acordo com o texto produzido por ele, ao qual a Folha teve acesso, o acesso do Água Santa como terceiro colocado da A-2 seria “inusitado” e um “descalabro”.

Pelo parecer do advogado, quando o regulamento fala na não participação de “algum clube não classificado” para a Série A1 está se referindo apenas aos times que disputaram a divisão de acesso e subiram. Apenas se algo acontecesse com Santo André ou Internacional de Limeira e algum deles não pudesse exercer o direito de subir à elite, o lugar seria do terceiro colocado.

Os regulamentos das séries A1 e A2 não se comunicam, afirma Tavares, e um não pode interferir no outro.

A consequência disso seria o não rebaixamento do penúltimo colocado da primeira divisão do Paulista em 2019: o São Caetano.

Por meio de sua assessoria, o Red Bull disse que não pretende se pronunciar. A Federação Paulista de Futebol afirma desconhecer a possibilidade de ações de Água Santa ou São Caetano e qualquer parecer jurídico.

"A Lei Pelé, em seu artigo 27-A, prevê que um mesmo grupo econômico não pode ter dois clubes no mesmo campeonato. Se isso ocorrer até o conselho técnico do Paulista, o grupo econômico deve indicar o clube secundário, que cairá imediatamente para a Série inferior. Neste caso, o terceiro clube mais bem colocado da Série A2 deve subir, ocupando a vaga", afirma a nota enviada pela assessoria de imprensa da entidade. 

A fusão com o Bragantino pode mexer também com a Série A3 e a Segunda Divisão estadual. A intenção do Red Bull é manter o seu CNPJ e disputar a A2 em 2020 com um elenco sub-23. A mudança é aceita, apurou a Folha, por Carneiro Bastos. Mas nem todos a receberam bem.

“O Barretos protocolou pedido na federação e caso houver oportunidade, queremos a vaga na Série A2”, disse Luis Cortillazzi, gestor do Barretos, terceiro colocado da A3 em 2019.

Assim como o Água Santa, ele diz ter o direito subir como terceiro colocado. Nesta quinta (10), o clube pretende apresentar um mandado de garantia com pedido de liminar ao TJD-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). O clube também enviou ofício a Reinaldo Carneiro Bastos. 

O argumento principal do Barretos é que a equipe da empresa austríaca deveria cair para a Segunda Divisão (como é chamado o quarto e último patamar do futebol estadual), não para a A2. 

O regulamento da A1 de 2019 diz que o clube que desistir de disputar a competição deverá jogar a divisão inferior no ano seguinte. A estrutura oficial da Federação Paulista, segundo denominado nos próprios documentos da entidade, é que a Primeira Divisão é divida em A1, A2 e A3 e em seguida vem a Segunda Divisão.

Ao abandonar a disputa da elite, o Red Bull teria de voltar na Segunda Divisão, que na verdade é a quarta.

“Se não subirmos, vamos questionar no tribunal [de justiça desportiva]”, completa o gestor do Barretos.

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