Descrição de chapéu Copa Libertadores

Com carrinhos e títulos, argentino conquista gremistas pela raça

Walter Kannemann, 28, é aposta do Grêmio para parar ataque do Flamengo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Porto Alegre

Os jogadores do San Lorenzo campeões da Libertadores de 2014 costumam se referir a Walter Kannemann, 28, como "louco do bem".

Quem estava no elenco daquele time presenciou, na temporada que precedeu a conquista da América, uma dessas demonstrações de loucura do zagueiro. Foi no vestiário do estádio José Amalfitani, casa do Vélez Sarsfield, na partida decisiva do Campeonato Argentino de 2013 entre o anfitrião e o clube de coração do papa Francisco, ambos com chances de título.

Kannemann (à dir.) em disputa de bola durante partida pela Libertadores
Kannemann (à dir.) em disputa de bola durante partida pela Libertadores - 22.nov.17/Reuters

Empolgado com a preleção do técnico Juan Antonio Pizzi, Kannemann passou do ponto e deu um soco em uma das janelas do vestiário aos gritos de “vamos, vamos!”. O argentino machucou feio a mão, precisou fazer um curativo, e o San Lorenzo começou o jogo com dez em campo.

Após alguns minutos jogados, o zagueiro irrompeu do túnel de acesso ao campo e, com a mão enfaixada, completou os 11 jogadores.

Mal deu tempo de ele se aclimatar ao jogo e, logo no primeiro lance, carrinho no adversário e cartão amarelo. Momentos de tensão e desvarios à parte, Kannemann ajudou a equipe a segurar o empate em 0 a 0 na casa do Vélez, que deu ao San Lorenzo o troféu de campeão nacional.

A história ilustra um pouco do que representa o futebol para o argentino, desde 2016 no Grêmio e que precisou de muito pouco tempo, ajudado por alguns títulos importantes, para cair nas graças do torcedor gremista.

Campeão da Libertadores de 2017, bicampeão gaúcho e campeão também da Copa do Brasil (2016), Kannemann tem o perfil que mais se identifica com os tricolores, o do jogador aguerrido e que não se entrega, característica quase intrínseca aos zagueiros do país vizinho.

“Kannemann está deixando a sua marca nesse período vitorioso do Grêmio. Ele se adaptou rapidamente ao estilo gremista e sincroniza muito bem com Geromel”, diz à Folha o ídolo Hugo de León, campeão da Libertadores com o Grêmio em 1983.

Ao lado de Geromel, o argentino forma uma das principais duplas de zaga do Brasil. Mas Kannemann terá a missão de liderar a defesa sem o parceiro nesta quarta-feira, às 21h30, contra o Flamengo, em Porto Alegre, pelas semifinais da Libertadores.

Capitão do time, Geromel se recupera de uma lesão muscular na coxa direita, não treinou nesta terça-feira (1º) e é ausência praticamente certa na equipe que encara o rubro-negro carioca. O que obriga o argentino, que deve formar dupla de zaga com David Braz, a estar ainda mais tranquilo para o duelo na Arena diante do melhor ataque do Brasil.

Líder do Campeonato Brasileiro, o Flamengo marcou 47 gols em 22 jogos do torneio e tem o artilheiro da competição, Gabriel, com 18. Na Libertadores, é o segundo melhor ataque (16 gols) e só perde para o Boca Juniors (ARG), também semifinalista do torneio continental (e que anotou 17).

Desde que chegou ao clube, Kannemann levou somente dois cartões vermelhos. Mas foram mais de 50 amarelos, acúmulo que o tirou de duas das mais importantes partidas do Grêmio nos últimos anos.

Perdeu o segundo jogo da final da Libertadores de 2017, contra o Lanús, na Argentina. No ano passado, esteve ausente na derrota para o River Plate (ARG) por 2 a 1, na Arena, no duelo de volta da semifinal e que tirou os gaúchos da briga pelo tetracampeonato da América.

Quem convive com o argentino fora de campo diz que ele se transforma dentro das quatro linhas. Apegado à família, o defensor tornou-se pai de uma menina neste ano. Sempre que as folgas permitem, vai com a mulher e a filha para Gramado, na região da Serra Gaúcha, buscar sossego.

O bom momento familiar serviu de alicerce para suportar um delicado momento enfrentado pelo jogador recentemente.

Nomeado na pré-lista do técnico da seleção argentina, Lionel Scaloni, para a Copa América deste ano, Kannemann foi cortado às vésperas do torneio em razão de uma lesão na costela.

Recuperado e com atuações regulares no Grêmio, recebeu uma boa notícia na semana passada, quando Scaloni anunciou o nome do zagueiro gremista para os amistosos de outubro, contra Alemanha e Equador.

Se o bom momento pode trazer tranquilidade a ele, sua convocação representa uma dor de cabeça para o técnico Renato Gaúcho. Isso porque as recentes convocação para defender a Argentina tem tirado o atleta de partidas por seu clube. Em outubro, por exemplo, ele perderá as partidas contra Ceará e Atlético-MG, pelo Brasileiro, por estar com sua seleção.

Walter Kannemann, 28

Nascido em 14.mar.1991, o argentino foi revelado pelo San Lorenzo, onde conquistou o Campeonato Argentino e a Copa Libertadores. Depois se transferiu ao Atlas, do México, antes de chegar ao Grêmio, onde também levantou uma Libertadores. Pelo clube gaúcho, já disputou 151 jogos, somou 81 vitórias, marcou quatro gols e conquistou seis títulos.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que foi informado, o zagueiro Kannemann ficará de fora de jogos do Campeonato Brasileiro, não da Libertadores. O texto foi corrigido.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.