O caso raro de Fagner, titular do Corinthians há cinco anos

Lateral é um dos dois atletas que preservaram a titularidade no período

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São Paulo

Fagner, 30, é o jogador de linha há mais tempo como titular ininterrupto de uma equipe da Série A do Campeonato Brasileiro, ao lado de Henrique, volante e capitão do Cruzeiro. O lateral do Corinthians tem vaga cativa na ala direita da equipe desde 2014, quando voltou ao clube que o revelou.

Não são muitos os que, como eles, conseguiram se manter por cinco anos ou mais em um mesmo clube da elite do futebol nacional.

Rodrigo Dourado, no Internacional, Geromel, Luan e Everton, no Grêmio, Leonardo Silva, Victor e Luan, no Atlético-MG, Fábio, Rafael, Dedé e Leo, no Cruzeiro, Fernando Prass e Jailson, no Palmeiras, Victor Ferraz e Gustavo Henrique, no Santos, Cássio, no Corinthians, e Henrique, no Vasco, são os únicos com pelo menos cinco temporadas no mesmo time –20 no total, média de um atleta por clube. E nem sempre como titulares.

No atual elenco comandado por Fábio Carille, Fagner só tem menos jogos disputados pelo time alvinegro que Cássio, que está desde 2012 no clube e acumula 438 partidas, contra 323 do lateral. A dupla somará mais um nesta quinta-feira (10), diante do Athletico-PR, às 19h15, em Itaquera.

"A gente sabe o quanto é difícil um jogador ficar bastante tempo no mesmo time e conseguir esse número de jogos. Então espero ser um pouco diferente dos demais e ficar por aqui por bastante tempo", afirmou o camisa 23 corintiano, recentemente, quando completou seu 300º jogo pelo clube.

O paulistano, que cresceu no Jardim Capelinha, na zona sul da cidade, é atualmente o sexto lateral que mais vezes defendeu o Corinthians. Oreco (1932-1985), que atuou pelo clube na década 1960, é o quinto, com 408 jogos. Wladimir, 65, lidera a lista com 805.

O número impressiona, principalmente, pela regularidade. Nem mesmo Cássio, multicampeão pelo Corinthians, tem mais tempo como titular absoluto do que o lateral. 

Em maio de 2016, o arqueiro sofreu com problemas pessoais (sobretudo a morte de sua avó), ganhou peso e, fora de forma, perdeu a posição para Walter. Ele só recuperaria seu posto de vez em 2017, quando Carille iniciou sua primeira passagem como técnico efetivado no Parque São Jorge.

Fagner só deixou de defender a equipe em casos de lesões ou suspensões, além dos dias em que esteve a serviço da seleção brasileira. No ano passado, por exemplo, figurou entre os convocados que defenderam o país na Copa do Mundo da Rússia –atuou em quatro partidas.

Ele não era, no entanto, a primeira opção de Tite, ao lado de quem ganhou o primeiro de seus cinco títulos pelo Corinthians, o Brasileiro de 2015. Só jogou porque Daniel Alves, atualmente no São Paulo, não pôde disputar o Mundial por causa de lesão e Danilo, do Manchester City, contundiu-se durante o torneio.

Com atuações seguras na seleção, foi chamado para a Copa América deste ano e fez parte do grupo que conquistou o título no Brasil. Ele foi o único jogador de linha, contudo, que não jogou nenhum minuto na competição. Os goleiros Cássio e Ederson também não.

"Não existe vaidade quando se faz parte de um grupo vencedor. É muito difícil estar entre os 23 escolhidos para representar o seu país. Um grupo vencedor não se faz só de 11. A gente sabe a importância de ter intensidade nos treinamentos. Acredito que conseguimos [eu e Cássio] contribuir da melhor forma", disse o jogador, após o título.

Fagner (à dir.) durante partida entre Corinthians e Fluminense pela Copa Sul-Americana
Fagner (à dir.) durante partida entre Corinthians e Fluminense pela Copa Sul-Americana - 22.ago.19/AFP

A posição de coadjuvante na seleção contrasta com o destaque que tem no Corinthians. Ele é um dos líderes do elenco, dentro e fora de campo.

Além de orientar o time e ajudar a passar as instruções de Carille, Fagner faz o lado direito do ataque alvinegro ser o mais perigoso, principalmente pelas jogadas de velocidade ao lado de Pedrinho e Vagner Love. Com 81 cruzamentos, ele é o jogador do Corinthians que mais vezes lança a bola na área adversária.

Apesar de estar sempre participando no ataque, ele tem em mente que sua principal função é defender. É o jogador com mais desarmes pelo time no Brasileiro, com 49 roubadas de bola. Atuou em 18 jogos, o que lhe dá uma média de 2,7 desarmes por partida. O segundo desta lista é o volante Ralf, com 39 desarmes em 15 duelos, média de 2,6.

“Minha primeira função como lateral é defender”,  enfatiza o jogador, sobretudo quando é questionado sobre sua maior dificuldade: fazer gols.

Nesta temporada, ele não balançou as redes nenhuma vez. O último gol dele já faz tempo, aliás. Foi em maio de 2016, quando marcou contra o Vitória, na derrota corintiana por 3 a 2, em Salvador, pelo Nacional. 

Diante do Athletico-PR, nesta quinta, ele terá mais uma chance de dar fim a este jejum que o incomoda, mas não o impede de se destacar por tanto tempo com a camisa do Corinthians.

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