Descrição de chapéu GP Brasil 2019 Velocidade

Ausente na elite, Brasil tem nova geração longe da F-1

Pilotos não conseguem pontuação mínima exigida para correr na categoria

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São Paulo

Interlagos receberá neste domingo (17) o segundo GP Brasil consecutivo sem a presença de pilotos do país no grid, realidade que se concretizou com o adeus de Felipe Massa, em 2017. Antes, apenas em 1969, o Mundial não teve brasileiros.

A perspectiva para a temporada 2020 não é animadora para os jovens pilotos do país que almejam chegar à elite do automobilismo. Das 20 vagas nas 10 equipes do Mundial de F-1 apenas 3 não estão oficialmente preenchidas.

Dois desses postos são nas equipes Red Bull e Toro Rosso, ambas propriedades da marca austríaca de energético. O consultor Helmut Marko, responsável pelo programa de pilotos empresa já indicou que o francês Pierre Gasly, 23, e o tailandês Alexander Albon, 23, devem ser mantidos, respectivamente, na  Toro Rosso e na Red Bull.

Restaria, então, uma única vaga na Willians, ao lado do inglês George Russel, 21. Segundo a imprensa inglesa, a expectativa é que a escuderia confirme a estreia de Nicholas Lafiti, 24, filho de um bilionário canadense, que este ano fez sua sexta temporada na Fórmula 2.

Dois brasileiros são pilotos de testes na F-1: Pietro Fittipaldi, 23 anos, da Haas, e Sérgio Sette Câmara, 21, na McLaren. Nenhum teria hoje pontuação para obter a superlicença do automobilismo, exigida na F-1. 

Cada competição organizada pela Federação Internacional de Automobilismo garante uma determinada pontuação de acordo com o rendimento do piloto. Para chegar à principal categoria, é preciso ter 40. 
 
Fittipaldi soma 36. Pela Haas, ele espera acumular pontos em 2020 nas sessões de treinos livres. “No ano que vem, a F-1 dará um ponto para cada sessão que o piloto completar”, explica.

Sette Câmara tem 10 e se diz frustrado com os resultados de 2019, justamente após ter criado uma alta expectativa ao trocar a Carlim pela francesa Dams, equipe de ponta da Fórmula 2, uma das categorias de acesso à F-1.

“Tive dificuldades com a equipe francesa, a cultura, e o carro não se identificava com o meu estilo de pilotar”, afirmou Câmara, natural de Belo Horizonte e filho do presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara.

A pontuação exigida não é o único entrave para quem sonha em chegar na elite do automobilismo. 

“A parte financeira é muito importante na F-1. Eu tenho meus patrocinadores há muito tempo, mas a gente ainda precisa que outros pilotos jovens possam subir nas categorias com patrocinadores para empurrá-los”, afirma à Folha Pietro Fittipaldi, 23, neto do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi, vencedor dos campeonatos de 1972 e 1974.

O hexacampeão Lewis Hamilton, 34, é um dos críticos dos altos custos da categoria.

“Se eu voltasse no tempo e tivesse que começar tudo hoje, talvez não chegasse à F-1. O esporte está ficando muito caro e caminhando na direção errada”, afirmou o inglês.

Fittipaldi conta com a influência de seu sobrenome. “Isso ajuda muito a abrir portas”, diz. Além de ser piloto de testes da Haas, ele competiu neste ano na DTM, categoria alemã de turismo.
 
Quem não tem essa sorte, aposta em bons relacionamentos profissionais. O jovem Caio Collet, 17, atualmente na Copa Renault, é agenciado por Nicolas Todt, filho de Jean Todt, presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e ex-diretor da Ferrari.
 
Collet começou a correr de kart aos 7 anos e, após conquistar títulos paulistas e brasileiros, ficou em terceiro lugar no campeonato europeu da categoria, em 2015, e foi convidado para compor a ART Racing Team. 
 
O empresário também cuida da carreira do monegasco Charles Leclerc, 22, que está em sua segunda temporada na F-1 e briga para terminar em terceiro lugar.

“Felizmente tenho o Nicolas e já faço parte do programa de jovens pilotos da Renault Sport Academy. São fatores muito importantes na carreira de um jovem piloto. Mas dependo dos meus resultados na pista para chegar lá. E fora dela, outras questões que envolve o esporte, como apoio e patrocínios”, disse Collet.
 
Atualmente, ele mora em Viareggio, na Itália. Entre treinos, provas e compromissos com as ações da Renault, o brasileiro concluiu seu estudo à distância. O piloto acredita que daqui a cinco anos conseguirá chegar à F-1.
 
“Falta apoio de empresas nacionais, que acreditem no desenvolvimento de jovens pilotos”, disse o paulistano. “Com mais apoio e uma categoria de base para os pilotos que saem do kart, acredito que temos boas chances de voltarmos ao topo do esporte.”

Na Itália, por exemplo, a Ferrari tem um programa para recrutar pilotos ao redor do mundo. O brasileiro Gianluca Petecof, 18, faz parte da academia da escuderia. Este ano, foi vice-campeão da F-4 Italiana e 5º colocado na F-4 Alemã.
 
A iniciativa de criar a academia partiu da própria equipe de F-1 da Ferrari. Por isso, estar lá é de extrema importância. Hoje, no mundo do automobilismo, o piloto depende muito de bons relacionamentos”, diz Petecof, que soma 15 pontos dos 40 exigidos para correr na elite. 

“Não vou correr pensando nisso [ter superlicença]. Hoje em dia, o piloto tem de chegar preparado à F-1, como o Leclerc chegou. Ele fez a F-3, correu na GP3 e na F-2. Quando chegou na elite, estava em um nível técnico excepcional. Pretendo fazer o mesmo”, diz.

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