Descrição de chapéu Copa Libertadores

Flamengo busca título de uma geração na final da Libertadores

Diante do River em Lima, equipe espera pôr fim a 38 anos de espera e decepções

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Lima

Para os cerca de 30 mil flamenguistas presentes em Lima neste sábado (23), segundo estimativas da polícia peruana, a final da Copa Libertadores poderá ser o jogo de uma geração.

Se tudo ocorrer como eles esperam, o dia será lembrado para sempre especialmente pelas pessoas que não haviam nascido em 1981 ou eram jovens demais para se lembrar da noite em que Zico liderou a equipe na partida de desempate da decisão contra o Cobreloa (CHI), em Montevidéu, para levantar o título sul-americano.

Jogadores do Flamengo celebram a classificação à final após vitória sobre o Grêmio, no Maracanã
Jogadores do Flamengo celebram a classificação à final após vitória sobre o Grêmio, no Maracanã - Pilar Olivares/Reuters

Nos hotéis lotados do bairro turístico de Miraflores, no circuito das praias, na fan fest armada pela Conmebol e Prefeitura de Lima, eles encaram a partida contra o River Plate (ARG), às 17h, como uma oportunidade única para acabar com a espera de 38 anos. Globo e Fox Sports transmitem o confronto.

“A gente sabe o que este momento significa para eles. A mobilização da torcida foi algo impressionante. A nossa vontade de dar a eles uma alegria é enorme”, afirmou o lateral Filipe Luís, que disputou duas finais de Champions League pelo Atlético de Madrid (ESP), em 2014 e 2016. Perdeu ambas para o Real Madrid (ESP).

Centenas dos torcedores que viajaram de avião, ônibus ou ambos até Lima circundam pelas ruas próximas ao hotel onde a delegação está hospedada, no bairro de San Isidro.

A polícia montou um cordão de isolamento que torna impossível chegar ao local, mas eles continuam por lá porque, segundo o analista de sistemas carioca Eduardo Ferreira, 43, “é melhor estar o mais próximo possível dos jogadores do que em qualquer outro lugar da cidade”.

Torcedores do Flamengo fazem festa em Lima, às vésperas da final da Libertadores
Torcedores do Flamengo fazem festa em Lima, às vésperas da final da Libertadores - Pilar Olivares/Reuters

“Este momento é muito especial. Se é assim para a torcida, vale o mesmo para nós, jogadores. A gente tenta sempre ficar tranquilo, mas sabemos que eles estão nessa expectativa de serem campeões”, disse o goleiro Diego Alves.

Nenhum outro time brasileiro com participações frequentes na Libertadores vive espera tão longa pelo troféu quanto o Flamengo.

Depois de vencer em 1981, o clube participou do torneio 13 vezes e já foi eliminado de quase todas as formas possíveis. Na fase de grupos, nas oitavas, quartas e semifinais. Se serve de consolo para o flamenguista, o time tem 100% de aproveitamento em finais. Chegou uma vez e ganhou.

Quando a equipe levantou o troféu e carimbou o passaporte para enfrentar (e golear) o Liverpool no Mundial de Clubes, apenas duas agremiações brasileiras haviam sido campeãs sul-americanas: Santos (1962 e 1963) e Cruzeiro (1976). A competição nem era a prioridade no futebol do país. O próprio Santos, com Pelé e companhia, abdicou da disputa em 1967 porque dava mais dinheiro excursionar pelo exterior.

O que não era a prioridade virou, no caso dos flamenguistas, obsessão. A música que entoam sobre serem os únicos campeões mundiais entre os clubes do Rio é tentativa de autoafirmação. Porque depois de 1981, o Vasco ganhou a Libertadores em 1998, mas caiu no Intercontinental.

Nos últimos 38 anos, das dez equipes que mais participaram da Libertadores, apenas o Flamengo não foi campeão. São Paulo (três vezes), Grêmio (três), Internacional (duas), Santos, Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro, Vasco e Atlético-MG venceram.

“Eliminações podem acontecer, mas algumas são bem doídas. Eu passei por uma no Flamengo que foi muito sentida por todos. Ninguém acreditava”, afirmou o lateral Léo Moura, que no ano passado, quando brigava para ser campeão pelo Grêmio, ainda se lembrava da virada sofrida no Maracanã.

Foi em 2008, quando os brasileiros ganharam do América do México nas oitavas de final por 3 a 1 fora de casa e acabaram derrotados por 3 a 0 no Maracanã, graças a dois gols do paraguaio Cabañas.

Foi uma frustração para a torcida, mas não a única no período de seca na Libertadores. O Flamengo caiu outras vezes em casa (Peñarol em 1982, por exemplo), em jogos de desempate (Grêmio em 1984), no exterior (Boca Juniors em 1991) e até quando não estava em campo. Em 2012, necessitava bater o Lanús (ARG) e esperar que o Emelec (EQU) não derrotasse o Olímpia no Paraguai para se classificar.

O Flamengo fez a sua parte e parecia garantido nas oitavas quando, nos minutos finais, o Olimpia empatou a partida com os equatorianos. Os jogadores esperaram no gramado do Maracanã a confirmação da classificação, até que o Emelec anotou nos acréscimos e acabou com a festa.

São histórias de um passado que em Lima nem sequer passa pela cabeça de quem viajou para a final. Se passa, ninguém diz em voz alta.

O único contato de pessoas ligadas ao Flamengo com a torcida na cidade foi do presidente Rodolfo Landim. Ele fez turismo e saiu do hotel para conversar com quem estivesse com a camisa em vermelho e preto. Passou palavras de otimismo, mas, por via das dúvidas, foi à Catedral de Lima rezar antes de visitar a Calle de las Pizzas, na região de Miraflores, onde estão concentrados os torcedores.

“Eles podem ter certeza de que o time está preparado. Estar na final é a realização de um sonho, um orgulho imenso por tudo o que vivemos neste ano”, disse Rodrigo Caio, que deixou o São Paulo no final do ano passado para atuar pelo Flamengo.

O que o torcedor flamenguista e os jogadores viveram neste ano foi o título carioca e a provável conquista do Campeonato Brasileiro, neste domingo (24) ou nas próximas rodadas. Mas para quem viajou a Lima, nada disso irá se comparar ao fim de uma espera de 38 anos pela Libertadores.

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