Descrição de chapéu São Paulo

Morre aos 80 anos o ex-técnico Cilinho, campeão pelo São Paulo

Treinador foi mentor dos Menudos do Morumbi e conquistou os Paulistas de 1985 e 1987

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São Paulo

Morreu na tarde desta quinta-feira (28) o ex-técnico de futebol Cilinho, aos 80 anos, em sua residência na cidade de Campinas. A morte do treinador foi confirmada à Folha pela Ponte Preta, onde ele trabalhou em nove passagens.

Otacílio Pires Camargo sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em abril de 2018 e desde então fazia acompanhamento médico.

Cilinho conquistou dois Paulistas pelo clube do Morumbi, em 1985 e 1987. Em 2003, retornou ao clube para trabalhar na base
Cilinho conquistou dois Paulistas pelo clube do Morumbi, em 1985 e 1987. Em 2003, retornou ao clube para trabalhar na base - Matuiti Mayezo/Folhapress

Nascido em Campinas, no interior de São Paulo, Cilinho começou a carreira de técnico na Ferroviária, de Araraquara, com apenas 27 anos, e é até hoje o recordista de jogos como treinador da Ponte Preta, com 345 partidas em nove passagens pelo time campineiro.

Foi no São Paulo, porém, que o trabalho do técnico ganhou maior projeção. Contratado pelo clube tricolor em 1984, comandou o time campeão paulista do ano seguinte com os "Menudos do Morumbi", geração consagrada pelo quinteto Silas, Muller, Pita, Careca e Sidney.

Jogadores que trabalharam com o técnico sempre destacaram o aprendizado tático que ganharam ao jogarem em suas equipes, além do olhar para revelar talentos.

"O Cilinho gostava muito de usar os botões para mostrar como o time deveria se comportar taticamente em campo e também para mostrar o posicionamento da equipe sem a bola. Reunia todo o time e explicava o que queria", conta Silas, campeão com o técnico, à Folha.

É célebre uma imagem da Revista Placar com Cilinho explicando aos Menudos, em uma mesa de futebol de botão colocada no gramado do Morumbi, a disposição tática do São Paulo.

"Outra novidade era o treinamento com bolinhas de tênis e bola de borracha pequena. Isso era para melhorar o controle de bola, pois os campos eram muito ruins. Ele colocava os jogadores longe um do outro para ter concentração com as bolinhas pequenas. Só reaproximava a gente quando era hora de domínio com bola de campo", lembra o ex-meio-campista. "E isso era para todo mundo."

Como lembrou Silas, Cilinho não fazia distinção na hora de cobrar seus jogadores. Quem experimentou o lado disciplinador do técnico foi Paulo Roberto Falcão, contratado com pompa pelo então presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar para a temporada de 1985.

Falcão chegou ao Morumbi depois de passagem vitoriosa pela Roma (ITA), onde virou ídolo, além de fazer parte da seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Para Cilinho, contudo, o meio-campista deveria brigar por uma vaga no time titular como qualquer outro.

O "Rei de Roma" iniciou o Paulista de 1985 como reserva de Márcio Araújo, volante marcador e muito menos talentoso que Falcão –Araújo é assistente técnico do atual treinador tricolor, Fernando Diniz. Mas com o torneio em andamento, o jogador, tricampeão brasileiro pelo Internacional, ganhou espaço como titular.

No jogo do título, contra a Portuguesa, no Morumbi, Paulo Roberto Falcão integrou –ao lado de Márcio Araújo– os 11 titulares que venceram o time do Canindé por 2 a 1 para dar ao clube a conquista do Estadual.

Em 1986, já sem o treinador no comando, o São Paulo se sagrou campeão brasileiro sobre o Guarani, com Pepe de técnico.

Cilinho voltaria ao Morumbi em 1987, onde conquistaria mais um Campeonato Paulista, desta vez diante do Corinthians. Ao todo, foram 249 jogos, com 111 vitórias, 87 empates e 51 derrotas pelo São Paulo, entrando para a história como o quinto treinador que mais vezes comandou a equipe.

O técnico também teve experiências de sucesso no interior paulista. Com a Ponte Preta, foi vice-campeão paulista em 1970, ano em que o título estadual ficou com o São Paulo.

Em 1999, trabalhou no América-SP, de São José do Rio Preto, e subiu o time da primeira para a segunda divisão do Campeonato Paulista. No clube, Cilinho desenvolveu um trabalho com seus atletas que extrapolou a rotina de treinos e jogos.

Dele partiu a ideia de construir uma biblioteca no América, para que os jogadores pudessem se interessar por leitura. Os livros para o espaço foram reunidos pelo próprio treinador. Cilinho também levou o elenco ao cinema e ao teatro e, inclusive, organizou no clube uma palestra com o economista Aloizio Mercadante, que viria a ser Ministro da Educação no Governo de Dilma Roussef. 

Com passagens por Portuguesa, XV de Jaú, Corinthians, Bragantino e Guarani, seu último trabalho no futebol foi em 2012, quando treinou o Rio Branco de Americana.

Cilinho deixa quatro filhos e seis netos.

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