Jogador do Corinthians em 112 partidas entre 2003 e 2008, Coelho, 36, vai dirigir a equipe pela primeira vez. Treinador interino alvinegro, ele preencherá provisoriamente o espaço deixado pelo demitido Fábio Carille e, não havendo surpresas, ficará à frente do time até o final da temporada, quando Tiago Nunes assumirá o posto.
Alçado da formação sub-20, o paulistano repete como técnico o caminho que trilhou como lateral direito. Foi nas categorias de base do clube do Parque São Jorge que ele surgiu para uma trajetória de altos e baixos como atleta de futebol. Contra o Fortaleza, a partir das 19h30 (de Brasília) desta quarta-feira, no estádio de Itaquera, com transmissão do Premiere, dará um passo importante na nova carreira.
O momento do Corinthians é conturbado, como era no início de 2005. Naquela ocasião, Coelho já tinha se estabelecido como titular, mas o time vivia um momento de mudanças, com a recém-implantada parceria com a MSI. O fundo de investimentos, presidido pelo iraniano Kia Joorabchian, havia colocado no clube jogadores como Tevez, Mascherano, Roger e Carlos Alberto.
Em 27 de fevereiro, a equipe perdia por 1 a 0 para o São Paulo no Morumbi, gol de Danilo, quando Bobô sofreu pênalti de Lugano, no finalzinho. Coelho bateu, e o goleiro Rogério Ceni– técnico do Fortaleza e adversário de Coelho nesta quarta– defendeu. Kia invadiu o vestiário, possesso com o fato de que a cobrança não tinha sido feita por Tevez. Tite, futuro campeão de tudo em preto e branco, caiu.
“Foi até estranho porque, na hora do pênalti, ninguém queria pegar a bola. O Tite falou: ‘O Coelho bate’”, contou o jogador, anos mais tarde, recordando um dos lances que marcaram sua história.
Houve também momentos bons. Apesar da irritação de Kia, Coelho teve participação relevante na sequência da temporada. Os pênaltis passaram a ser responsabilidade de Tevez, mas o lateral direito batia com frequência faltas e escanteios. Na reta final do Brasileiro de 2005, conquistado pelo Corinthians, balançou a rede de falta nos jogos contra Ponte Preta e Goiás.
As memórias de 2006 são menos felizes. Em mais uma eliminação do time na Copa Libertadores, competição que insistia em assombrar os corintianos, o lateral direito marcou um gol contra. Após aquela derrota para o River Plate no Pacaembu, a relação com a torcida passou a ser complicada.
Emprestado para o Atlético-MG em 2007, Coelho escapou de fazer parte da campanha no rebaixamento no Brasileiro e voltou em 2008, já sob comando de Mano Menezes. Jogou apenas quatro vezes, no entanto, e encerrou sua passagem pelo Corinthians totalizando 15 gols.
Terminada a carreira de jogador –vestindo ainda as camisas de Bologna, Karabukspor-TUR, Bahia, Guaratinguetá e Atlético Sorocaba–, o paulistano voltou ao Parque São Jorge em 2015 para trabalhar na comissão técnica da equipe sub-20. Agora, em Itaquera, onde treinava, no local onde antes funcionava a sede da base alvinegra, comandará o time principal.
“Posso falar que estou no clube há mais de 20 anos, conheço muito bem o que acontece aqui. Já fiz muita coisa errada, já sofri aqui dentro e já tive alegrias aqui dentro. Sei a pressão que é, sei o que a torcida quer e sei o que os jogadores precisam fazer para trazer a torcida de volta”, avisou o treinador interino.
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