Descrição de chapéu The New York Times

Teste pode acabar com calvário de Kaepernick fora da NFL

Quarterback que protestou durante o hino nacional não joga desde 2017

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Victor Mather
The New York Times

Colin Kaepernick, o quarterback que vem lutando há quase três anos para retomar sua carreira na NFL depois de se ajoelhar durante a execução do hino nacional americano no começo de partidas como forma de protesto, foi convidado a mostrar sua forma aos times da liga no sábado (16). É previsto que ele esteja nas instalações do Atlanta Falcons, para que times possam avaliar se devem contratá-lo, de acordo com a cópia de um memorando encaminhado às 32 equipes pela direção da liga e que chegou ao conhecimento do The New York Times.

“No começo do ano, discutimos algumas possíveis medidas com os representantes dele, e eles recentemente enfatizaram o nível de preparo do atleta e que ele está pronto a treinar com os clubes e ser entrevistado por eles”, diz o memorando.

“Portanto, organizamos essa oportunidade para que ele exiba sua forma, e para que todos os clubes tenham a oportunidade de avaliar seu grau de prontidão e seu interesse em retomar sua carreira na NFL.”

Colin Kaepernick em ação pelo San Francisco 49ers em 2013
Colin Kaepernick em ação pelo San Francisco 49ers em 2013 - Streeter Lecka/AFP

Kaepernick, 32, e seus representantes foram notificados na terça-feira (12) sobre o convite da liga e informados de que tinham duas horas para confirmar o comparecimento ao teste em Flowery Branch, Geórgia, de acordo com uma pessoa informada sobre a discussão.

A pessoa disse que os representantes do atleta estavam confusos quanto à escolha de um sábado como data para o teste, já que este é o dia em que os times da NFL viajam para seus jogos fora de casa. Os agentes do atleta pediram para que o teste fosse na terça-feira, o dia em que os clubes usualmente testam potenciais contratados durante a temporada,. O apelo foi negado pela liga.

O convite foi noticiado inicialmente pela ESPN.

Os representantes solicitaram uma lista dos times da NFL que planejavam participar e, caso o número seja satisfatório, ele fará testes em campo e concederá entrevistas, disse a pessoa informada sobre o assunto. O memorando afirma que os testes e quaisquer entrevistas seriam gravados, e os vídeos colocados à disposição de todos os times.

Na noite de terça, Kaepernick tuitou que “acabo de ser informado por meus representantes que a direção da NFL os contatou sobre um teste em Atlanta no sábado. Estou em forma e pronto para isso há três anos, e mal posso esperar para ver os treinadores e os dirigentes de times no sábado”.

Em fevereiro, ele encerrou por acordo uma queixa contra a NFL, na qual ele acusava os times de conluio para mantê-lo fora do esporte devido aos seus protestos na temporada de 2016. Ele não jogou mais desde que fez 11 partidas como titular pelo 49ers naquela temporada, que o time concluiu com duas vitórias e 14 derrotas.

Desde então, o quarterback e seu estafe continuam a pressionar por um emprego para ele na NFL. Um mês antes do começo da atual temporada, o atleta postou um vídeo na mídia social alardeando sua preparação para um retorno ao esporte. “5h. 5 dias por semana. Por 3 anos. Ainda Pronto”, ele afirmou.

O agente Jeff Nalley informou a imprensa em outubro de que o jogador havia visitado Seattle no segundo trimestre de 2017, quando o Seahawks estava em busca de um reserva para Russell Wilson. Nenhum outro time o havia testado ou entrevistado depois disso. Nalley não respondeu a uma mensagem de voz e a uma mensagem de texto enviadas ao seu telefone.

Este final de semana pode representar a melhor, e talvez a última, oportunidade para o quarterback voltar a jogar. Os times da NFL realizam testes regularmente com os chamados “agentes livres” [jogadores sem contrato], observando-os em suas instalações quando estão em busca de reposições ou reforços.

Os times também enviam representantes a diversos locais do país para avaliar potenciais escolhas para o draft. Mas nenhum deles testou Kaepernick nos dois últimos anos, e é raro que a liga organize um teste, excetuado seu evento de seleção de jogadores no intervalo entre as temporadas, e convide representantes dos 32 times.

Kaepernick se tornou conhecido inicialmente por seu talento em campo, com passes precisos, braço forte e capacidade de escapar da marcação, ao substituir Alex Smith, lesionado, como titular do 49ers em 2012, e levar a equipe ao Super Bowl daquela temporada, vencido pelo Baltimore Ravens. Na temporada seguinte, ajudou o 49ers a chegar à decisão da conferência nacional.

Mas em 2016, apesar de ter feito 16 passes para touchdown com apenas quatro interceptações e mantido uma média de 6,8 jardas por corrida, ele havia se tornado mais conhecido como um dos atletas mais polarizadores dos Estados Unidos.

Embora ele não tenha entrado em campo recentemente, sua figura pesa sobre a liga. Depois que ficou sem time, diversos jogadores imitaram seu protesto durante a execução do hino. Alguns continuam a mencioná-lo como inspiração, e músicos se recusaram a tocar no Super Bowl porque acreditam que a liga tenha para todos os efeitos vetado o atleta.

Quando protestos durante a execução do hino se espalharam pela NFL no começo da temporada 2017, o presidente Donald Trump disse que jogadores que não ouvissem o hino em posição de respeito deveriam ser demitidos. Em agosto, Trump disse a jornalistas que achava que ele deveria ser contratado, “se ele for bom o bastante”.

O teste surge em um ano especialmente complicado para os quarterbacks da NFL, depois que uma série de lesões colocou reservas no comando de times e expôs a escassez de candidatos para a posição mais glamorosa do esporte.

Andrew Luck, do Indianapolis Colts, decidiu abruptamente se aposentar, no começo da temporada, por conta de suas lesões, e diversos astros, como Ben Roethlisberger, do Pittsburgh Steelers; Cam Newton, do Carolina Panthers; e Drew Brees, do New Orleans Saints, ficaram fora de seus times por períodos consideráveis.

Mas nenhum deles está fora há mais tempo que Kaepernick, e neste final de semana ele pode chegar mais perto da NFL do que em qualquer momento de sua vida recente.

Caso Colin Kaepernick

De joelhos (Set.2016) - Kaepernick se ajoelha durante a execução do hino americano em um jogo de pré-temporada do San Francisco 49ers contra o San Diego Chargers. Os fãs dos Chargers vaiaram Kaepernick durante toda a partida.

Fala, Trump (Set. 2017) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifesta sobre o tema e diz que jogadores que se ajoelham durante a execução de hinos deveriam ser demitidos.

Queixa (Out.2017) - Sem contrato com nenhum clube, Kaepernick presta queixa contra a NFL, acusando os 32 times de conluio para mantê-lo fora da liga.

Astro da Nike (Set.2018) - Colin Kaepernick se torna o principal rosto dos 30 anos da campanha "Just Do It", da Nike. "Acredite em algo. Mesmo que signifique sacrificar tudo", diz o texto que acompanha uma foto do jogador em preto e branco.

Acordo (Fev.2019) ​A NFL chega a um acordo com Kaepernick sobre as queixas prestadas pelo atleta em 2017. Jogador e a liga firmam um acordo de confidencialidade sobre os termos do ajuste.

Tradução de Paulo Migliacci

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