Descrição de chapéu Financial Times Futebol Internacional

Empresa compra 10% do Manchester City, avaliado em R$ 20 bilhões

Transação com grupo americano avalia controladora do clube inglês em US$ 4,8 bi

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Murad Ahmed
Manchester | Financial Times

Os controladores do Manchester City fecharam acordo para vender uma participação acionária no clube ao grupo Silver Lake, em uma transação que estabelece um novo recorde de avaliação para uma propriedade esportiva e vai alimentar a expansão internacional do grupo futebolístico.

O grupo americano de capital privado está adquirindo mais de 10% do City Football Group (CFG), avaliado em US$ 4,8 bilhões (R$ 20,5 bilhões), injetando capital novo na organização controlada pelo emirado de Abu Dhabi que é dona do Manchester City e de times afiliados nos Estados Unidos e na China.

Nesta quarta-feira (27), o Silver Lake e o CFG anunciaram a transação, noticiada inicialmente pelo Financial Times.

“Nós e o Silver Lake compartilhamos de uma forte crença nas oportunidades que estão sendo apresentadas pela convergência entre entretenimento, esporte e tecnologia”, afirmou Khaldoon Al Mubarak, presidente do conselho do CFG, em comunicado. As companhias informaram que a transação estava sujeita à aprovação das autoridades regulatórias, em alguns territórios.

Egon Durban, diretor da Silver Lake Managing, em jogo do Manchester City
Egon Durban, diretor da Silver Lake Managing, em jogo do Manchester City - Andrew Yates/Reuters

O Silver Lake, sediado na Califórnia, ganhou renome ao investir em empresas de tecnologia como o grupo chinês Alibaba, Dell e Skype, mas nos últimos anos mudou de rumo e começou a investir no ramo de entretenimento, com uma carteira que inclui o Ultimate Fighting Championship (UFC) e a agência de talentos Endeavor, de Hollywood.

Mubarak e Egon Durban, o sócio diretor do Silver Lake, assinaram o acordo no sábado (23), de acordo com pessoas informadas sobre a transação. Horas mais tarde, eles foram avistados no estádio quando o City derrotou o Chelsea, o que aumentou as esperanças do time em manter o título da Premier League.

O Silver Lake procurou outros clubes ingleses e europeus importantes, entre os quais o Chelsea, de acordo com pessoas informadas sobre a estratégia da companha. A empresa se deixou atrair pelo valor multibilionário dos contratos de transmissão do futebol, com empresas de televisão e internet.

O Silver Lake pretende manter sua participação por cerca de uma década, mas pode buscar uma saída por meio de uma oferta pública inicial de ações ou venda a outro investidor privado, de acordo com uma pessoa próxima ao grupo de investimento. Independentemente da futura estratégia de saída a ser escolhida pelo Silver Lake, Abu Dhabi pretende manter sua participação majoritária no CFG.

O xeque Mansour bin Zayed al-Nahyan, um empresário bilionário e membro da família real de Abu Dhabi, adquiriu o Manchester City em 2008. Ele investiu centenas de milhões de libras em jogadores de primeiro nível, em um esforço por transformar o time em uma potência do futebol mundial, capaz de conquistar os maiores títulos do esporte.

Sob a gestão de Mubarak, uma das figuras mais poderosas dos negócios de Abu Dhabi, o CFG adquiriu outros clubes em diversos países.

A companhia adquiriu o Sichuan Jiuniu, da terceira divisão chinesa, que veio a se somar a investimentos nos Estados Unidos, Japão, Austrália, Espanha e Uruguai. O CFG também está em estágio avançado de negociações para assumir o controle do Mumbai City, um clube da Indian Super League. de acordo com pessoas informadas sobre as negociações.

A injeção de US$ 500 milhões (R$ 2,1 bilhões) em capital bancará os agressivos planos de expansão do CFG, que incluem a aquisição de novos clubes de futebol e planos para a construção de um estádio na cidade de Nova York, de acordo com pessoas informadas sobre os planos do grupo.

Ativistas criticaram os proprietários do Manchester City, acreditando que o clube se tornou uma ferramenta para a projeção de poder brando por Abu Dhabi e para atenuar as críticas ao histórico de direitos humanos dos Emirados Árabes Unidos.

O CFG argumentou que seu modelo de negócios tem o lucro como motivação, e seus executivos acreditam que a transação com o Silver Lake seja uma confirmação de uma estratégia de negócios que produzirá retornos significativos para os acionistas.

Jogadores do Manchester City comemoram gol pela Champions League
Jogadores do Manchester City comemoram gol pela Champions League - Oli Scarff/AFP

Mas o CFG ainda demorará muitos anos a ganhar dinheiro, já que o Manchester City é o único clube lucrativo em sua rede internacional.

Em 2015, a China Media Capital liderou um consórcio que pagou US$ 400 milhões (R$ 1,7 bilhão) por uma participação de 13% no CFG, em uma transação que avaliou o grupo em mais de US$ 3 bilhões (R$ 12,8 bilhões).

A nova transação posicionará o xeque Mansour como acionista majoritário, com 77% do grupo; pouco mais de 12% das ações ficarão nas mãos da China Media Capital, e o Silver Lake terá pouco mais de 10%.

O acordo com o Silver Lake surge no momento em que o Manchester City está sob ameaça de uma investigação pela Uefa, a organização que comanda o futebol europeu, por supostas violações das regras de “fair play financeiro”, criadas para impedir que os clubes gastem exageradamente na busca de títulos.

Em maio, investigadores da Uefa que estavam trabalhando para verificar acusações de que o clube inglês havia ocultado verbas recebidas de seus proprietários no Oriente Médio, recomendaram que o Manchester City fosse excluído da Champions League, na qual os clubes participantes recebem mais de dois bilhões de euros em prêmios, por pelo menos uma temporada. Uma decisão final da Uefa sobre o caso é aguardada para dezembro.

Depois de estudar a situação da empresa, os executivos do Silver Lake concluíram que, mesmo com o risco de perda de receitas causada pela possível suspensão, a companhia ainda valia US$ 4,8 bilhões.

A avaliação coloca o CFG acima de outras companhias do mundo do esporte. Joe Tsai, um dos fundadores do gigante chinês do comércio eletrônico Alibaba, adquiriu uma participação controladora do Brooklyn Nets, da NBA, sob uma avaliação de US$ 2,35 bilhões (R$ 10 bilhões), neste ano, a mais alta para um time nos esportes americanos.

O Manchester United –rival local do Manchester City– tem ações cotadas na bolsa de valores de Nova York e capitalização de mercado de US$ 2,8 bilhões (R$ 11,9 bilhões).

Tradução de Paulo Migliacci

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