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Com discurso e prática, Klopp mudou Liverpool

Técnico alemão ajudou equipe inglesa a reassumir o protagonismo na Inglaterra e na Europa

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Caio Carrieri
Liverpool

Quando os jogadores do Liverpool entraram no vestiário do centro de treinamento Melwood, uma palavra se destacava na lousa posicionada no campo de visão de todos os presentes: "terrível".

Jürgen Klopp explicou que o adjetivo representava o que os adversários deveriam pensar sobre o time inglês após enfrentá-lo por 90 minutos. Era outubro de 2015, e a conversa marcava o primeiro dia do técnico alemão no clube, então um gigante adormecido.

Na décima posição da Premier League, a equipe não disputava a Champions daquela temporada e não sabia o que era chegar ao mata-mata do torneio de maior prestígio da Europa desde 2009.

"Ele chegou ao clube em um momento difícil", lembra Lucas Leiva, que jogou entre 2007 e 2017 na equipe.
Klopp precisou apenas da primeira entrevista coletiva para passar a mensagem que gostaria aos torcedores. "Temos de mudar de céticos para confiantes. Agora."

Jürgen Klopp comemora vitória do Liverpool em partida da Champions League - John Sibley/Reuters

Psicologia compôs a formação do alemão em Ciências do Esporte na Universidade de Frankfurt. Para o ambiente de pensamento coletivo que o alemão gosta de criar onde trabalha, incerteza é um dos obstáculos que mais tiram a personalidade otimista dele do sério.

"Klopp não gosta de ter as suas ideias desafiadas", diz Raphael Honigstein, autor da biografia que leva o sobrenome do técnico, publicada no Brasil pela Editora Grande Área.

"Na primeira reunião, ele disse 'é melhor os 11 fazerem tudo errado, mas do mesmo jeito, do que cada um tentar da sua maneira. E eu quero que façam do meu modo'", diz Leiva.

Um episódio surpreendeu de maneira positiva e marcou aqueles que fizeram parte do começo da atual era do Liverpool. O Natal de 2015 se aproximava e, como de costume, a confraternização do clube estava planejada. Porém, uma derrota por 3 a 0 para o Watford na data escolhida para o evento e a nona colocação na tabela seriam motivos suficientes para a celebração ser cancelada.

O treinador não só manteve a festa como obrigou todos os jogadores a ficarem pelo menos até 1h. "O que quer que façamos juntos, faremos o melhor que podemos, e hoje a noite é de festa", avisou.

Na sua primeira temporada, a equipe terminou em 8º no Inglês e chegou à final da Copa da Liga e da Europa League.

Quatro anos após a chegada de Klopp, o clube faz jus à previsão inicial do treinador. Reassumiu o protagonismo na Inglaterra e na Europa. Campeão da Champions, o time lidera o Inglês com dez pontos de vantagem para o Leicester City, segundo colocado, e faz a melhor campanha da história do torneio, com 16 vitórias, um empate e nenhuma derrota.

O sucesso rendeu à Klopp comparações com Bill Shankly, talvez o melhor elogio que um técnico pode receber na cidade. Entre 1959 e 1974, Shankly revolucionou o clube então estagnado na Segunda Divisão.

Com ele, passou a ser soberano na sua geração, com três títulos do Inglês, dois da Copa da Inglaterra e um Copa da Uefa. 

Uma estátua de Shankly com os braços abertos, gesto típico que fazia aos aficionados, decora uma das entradas do estádio de Anfield atrás da Kop, a arquibancada mais famosa e vibrante do local. "Ele fez o povo feliz", está escrito. Klopp repete a receita.

Erramos: o texto foi alterado

O Liverpool tem 16 vitórias e 10 pontos de vantagem para o segundo colocado do Campeonato Inglês, e não 15 vitórias e 8 pontos de vantagem.

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