Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2019

Klopp teme politização da presença do Liverpool no Qatar

Clube quer evitar uso de imagem pela monarquia do país e pediu troca de hotel

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Doha

No Qatar há dois dias para o Mundial de Clubes, o Liverpool tem uma preocupação a mais, além da questão esportiva. Apoiado pelo técnico alemão Jurgen Klopp, o clube inglês quer evitar a todo custo que sua presença no país seja usada de forma política pelo regime qatari.

Para os torcedores locais, a principal atração do torneio é o atacante egípcio Mohammed Salah, camisa 11 do Liverpool. Há 300 mil pessoas nascidas no Egito vivendo em Doha.

O Mundial faz parte de uma ofensiva de relações públicas do Qatar para melhorar sua imagem e atrair mais turistas, diversificando uma economia que hoje depende de petróleo e gás natural. O ápice da estratégia será na Copa do Mundo de 2022.

Jurgen Klopp durante treino do Liverpool em Doha, nesta terça (16)
Jurgen Klopp durante treino do Liverpool em Doha, nesta terça (16) - Kai Pfaffenbach /Reuters

O país vive embargo econômico de seus vizinhos por supostamente apoiar grupos terroristas, o que a família real nega. A nação também é acusada de violar direitos humanos de trabalhadores imigrantes de Índia, Bangladesh e Paquistão, entre outros países.

Por esse motivo, o Liverpool decidiu que o elenco ficaria hospedado no hotel Sheraton de Doha. A primeira oferta do comitê organizador era o ainda mais luxuoso Marsa Malaz Kempinski, localizado em ilha na baía de Doha e apelidado de “pérola”.

Os dirigentes do clube inglês enviaram carta à Fifa e ao Qatar declinando da oferta e solicitando alternativa de hospedagem.

O Marsa Malaz Kempinski é acusado de pagar menos do que o salário mínimo vigente aos seus trabalhadores imigrantes. Seguranças contratados ganhariam cerca de R$ 40 por dia para turnos de 12 horas em temperaturas superiores a 45ºC.

A direção do hotel nega qualquer infração às leis trabalhistas vigentes no Qatar, mas o comitê organizador atendeu ao pedido do Liverpool para agradar aos ingleses.

“Eu tenho opinião sobre futebol e sobre outras coisas também. Eu tenho de ser influente no futebol, mas outras pessoas têm de ser influentes na política. Eu gosto de ser perguntado sobre isso, mas sou a pessoa errada para responder”, disse Klopp, quando questionado nesta terça (17) sobre a presença da equipe no Qatar e os direitos humanos no país.

O clube manifestou à Fifa suas preocupações a respeito da politização da participação no Mundial. Ouviu que isso não aconteceria.

Os cartazes anunciando a competição nas ruas de Doha têm como protagonista Salah, mas também há imagens de jogadores de todas as demais equipes do torneio.

Uma das questões levantadas por dirigentes e motivo de protestos de ativistas é a situação da população LGBT no Qatar. Pelas leis da nação árabe, a homossexualidade é ilegal e motivo para prisão. Essa é uma das questões culturais e de costumes que preocupam também para a Copa do Mundo de 2022.

Para melhorar a percepção a respeito do Qatar no Reino Unido, o comitê organizador do Mundial de Clubes convidou o fundador do grupo de torcedores LGBT do Liverpool, Paul Amann, para visitar Doha.

“Meu marido não queria ir, mas discuti com as autoridades a questão dos direitos de homossexuais e fui bem recebido. Voltaria sem problema algum”, disse ele.

Os pedidos do Liverpool aconteceram pelo medo de ser visto como avalizador do governo do Qatar, um emirado absolutista e hereditário.

“Todos nós fomos muito bem recebidos e é tudo muito bem organizado. Mas estamos aqui para representar o Liverpool antes de tudo. Fomos convidados. As decisões têm de ser questionadas antes. A minha opinião é que todas as pessoas deveriam ser tratadas iguais”, finalizou Klopp.

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