Descrição de chapéu
Futebol americano

Eli Manning resistiu a pressões e foi maior que irmão no Super Bowl

Quarterback dos Giants se aposenta com 2 títulos da NFL, mesmo número de Peyton

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

No documentário sobre a campanha do New York Giants que terminou com a conquista do Super Bowl de 2008, o ex-jogador Michael Strahan, hoje astro da TV americana, explica em tom de piada como Eli Manning carregava a mesma expressão todos os dias. Na vitória ou na derrota, o rosto dele era imutável.

Em seguida, Strahan mata a charada: “Talvez isso o faça a pessoa ideal para jogar em Nova York. Ele nunca sente pressão nenhuma".

Manning, 39, que anunciou sua aposentadoria nesta sexta (24) e teve a camisa 10 aposentada, não é o maior jogador da história dos Giants, um dos mais importantes, tradicionais e valiosos times da NFL (a liga profissional de futebol americano). É possível discutir se foi o melhor quarterback da história da franquia, fundada em 1925.

Mas poucos jogadores suportaram com tanta graça, dignidade e vitórias o peso de atuar pela principal equipe da cidade mais exigente dos esportes americanos. Seu irmão Peyton Manning, embora melhor tecnicamente, com certeza não passou pela mesma pressão.

Entre os dois filhos de Archie Manning, ex-quarterback que atuou por 13 anos na NFL por New Orleans Saints, Houston Oilers e Minnesota Vikings, Peyton sempre foi a maior promessa. Considerados os 16 jogos da temporada regular, é o maior quarterback da história.

Eli Manning em ação pelo New York Giants
Eli Manning em ação pelo New York Giants - Sarah Stier/AFP

O mesmo não vale para os playoffs. Sua linha de comparação em uma hipotética disputa de melhor de todos os tempos sempre foi Tom Brady.  Aos 42 anos, o jogador do New England Patriots venceu seis vezes o Super Bowl. Peyton, duas.

Tom Brady enfrentou Eli na final da NFL em 2008 e 2012. Perdeu ambas. Na primeira delas, os Giants e Eli Manning acabaram com a temporada invicta do rival. Nas duas decisões, o quarterback dos Giants foi eleito MVP, o melhor em campo. Seu passe milagroso para David Tyree nos minutos finais da partida de 2008 é a maior jogada da história do Super Bowl.

Peyton Manning também levou o troféu duas vezes, com o Indianapolis Colts (2007) e o Denver Broncos (2016), mas sofreu duas derrotas na decisão. A última conquista aconteceu mais por causa da defesa de sua equipe, que anulou o Carolina Panthers, do que propriamente por ele.

Em 21 de novembro de 2004, dia em que Eli estreou como titular na NFL, o New York Times estampou manchete: “o futuro do New York Giants começa hoje”.

O time havia feito uma manobra considerável no draft (sistema de escolha de jogadores que saem da universidade) para conseguir contratar a promessa de 23 anos. Selecionou outro quarterback, Philip Rivers, e fez troca com o San Diego Chargers, que havia recrutado Manning.

Manning, de terno, morde os lábios ao lado de troféus
Eli Manning anuncia sua aposentadoria da NFL nesta sexta-feira (24) - Sarah Stier/AFP

Apesar de ser visto como indiferente (ou por ter sempre a mesma expressão, como diria Strahan), Eli Manning jogou 167 partidas consecutivas, a maior sequência entre jogadores em atividade na NFL. A interrupção dessa série, de maneira inexplicável, em novembro de 2017, foi uma das razões para demissão do técnico Ben McAdoo.

Em 2007, ele recebeu o diagnóstico de que teria de ficar seis semanas afastado por causa de contusão no braço direito, o usado para lançar a bola. "De jeito nenhum vou ficar fora", respondeu.

Seis dias depois, estava em campo contra o Washington Redskins. Foi a partida na qual mostrou ao elenco –que seria campeão do Super Bowl meses depois– que ali estava um líder.

Em época de nomes da NFL que se caracterizaram por milhões de seguidores nas redes sociais, por falarem mais do que produzem em campo e por protestos, Eli Manning jamais criticou um companheiro publicamente ou reclamou de algo em quase 16 anos como profissional.

Analistas comentarão as estatísticas, e especialmente nos esportes americanos sempre há uma para justificar qualquer opinião. Mas os torcedores do New York Giants terão na lembrança jogadas como o passe para Mario Manningham no quarto período contra o Patriots, em 2012. O lance que iniciou a campanha em que o time marcaria o touchdown decisivo naquele Super Bowl.

Ou a atuação na final da NFC (National Football Conference), contra o San Francisco 49ers, duas semanas antes. Pressionado, derrubado e intimidado o tempo inteiro pela defesa rival, ele continuou se levantando e guiando os Giants para a vitória fora de casa e na prorrogação.

No fim de tudo, o destino de Eli Manning daqui a alguns anos será o mesmo do seu irmão Peyton, e de seu pai, Archie: o hall da fama da NFL.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.