A 3.800 m, São Paulo se apoia em defesa que o levou à Libertadores

Equipe tricolor encara altitude na volta à fase de grupos do torneio após 4 anos

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São Paulo

Tiago Volpi, Juanfran, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo. Enquanto Fernando Diniz faz testes no ataque para tentar encontrar a formação ideal do São Paulo neste início de 2020, a linha defensiva já está na ponta da língua do torcedor são-paulino.

Foi justamente essa defesa, que terminou 2019 como a melhor do Campeonato Brasileiro, a principal responsável por devolver o clube do Morumbi à fase de grupos da Libertadores após quatro anos.

Nesta quinta-feira (5), nos 3.800 metros de altitude da cidade de Juliaca, no Peru, o São Paulo estreia no torneio continental contra o Binacional, às 21h (de Brasília), com transmissão exclusiva do Facebook.

O bom desempenho defensivo no Nacional do ano passado foi o trunfo da equipe de Diniz para garantir a classificação à Libertadores (com a sexta colocação). Os 30 gols sofridos compensaram o baixo número de gols marcados pelo ataque tricolor, que registrou apenas 39, o pior índice entre os primeiros 13 colocados da competição.

A explicação para a solidez do setor está no entrosamento da primeira linha. Na estreia do Brasileiro, contra o Botafogo, Igor Vinícius foi o lateral direito, com Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo completando a defesa. Tiago Volpi, àquela altura emprestado ao clube, já era o titular no gol.

A chegada do lateral direito espanhol Juanfran –desfalque nesta quinta por lesão– no segundo semestre e a escolha de Diniz por escalar Daniel Alves como meia terminaram por definir o sistema no qual a equipe se apoia para fazer um bom papel na Libertadores.

"O entrosamento com o Arboleda já vem há tempos, jogamos muitos jogos juntos. Hoje, com Juanfran, Reinaldo e o Igor Vinícius [titular na vaga do espanhol lesionado], que vem bem também, acredito que o São Paulo tem uma linha de quatro bem sólida e que agora ajuda a levar a bola com qualidade para o ataque", diz Bruno Alves, 28, à Folha.

Desde 2017 no clube, o camisa 3 estava na eliminação do ano passado para o Talleres, da Argentina, ainda na segunda fase preliminar da Libertadores. Para ele, o erro na preparação do elenco na pré-temporada, interrompida com uma viagem à Florida para a disputa de competição amistosa, foi decisivo para a queda precoce no torneio continental, que acarretou na demissão do técnico André Jardine.

Bruno Alves está desde 2017 no São Paulo e se transformou em uma liderança dentro do elenco tricolor
Bruno Alves está desde 2017 no São Paulo e se transformou em uma liderança dentro do elenco tricolor - Paulo Pinto/São Paulo FC

Na época, o grupo se apresentou no dia 3 de janeiro. Uma semana depois, já estava em campo nos Estados Unidos.

O clube do Morumbi decidiu não participar de torneios amistosos em 2020 e aproveitar todo o período de pré-temporada com treinos e ajustes antes de começar o Campeonato Paulista.

Bruno Alves, que foi pai pela segunda vez no fim do ano, ficou com a família na capital paulista e foi ao centro de treinamento trabalhar a parte física durante as férias.

A dedicação do zagueiro foi algo que chamou a atenção de Juanfran quando o espanhol chegou ao São Paulo. Depois de oito anos no Atlético de Madrid sob a tutela de Diego Simeone, um dos melhores professores para ensinar a defender melhor, o lateral direito virou alvo de curiosidade por parte de Bruno, que quis absorver os conhecimentos adquiridos pelo jogador espanhol com o técnico argentino.

Essa troca de figurinhas constante sobre os aspectos de jogo dos defensores também tem ajudado no afinamento do sistema defensivo são-paulino.

"[Tiago] Volpi me ajuda muito, porque ele fala espanhol por ter jogado no México muitos anos. Com Bruno [Alves] falo bastante, ele tem muitos conceitos táticos e defensivos bons", diz o espanhol.

"A compactação do Atlético de Madrid era praticamente perfeita, um estilo de jogo. Pergunto para ele [Juanfran] toda hora sobre posicionamento, encurtamento de espaços, e ele mostra vídeos para que a gente possa melhorar", afirma o zagueiro, que completou 100 jogos pelo São Paulo no início do ano.

Além da manutenção da defesa, o São Paulo também manteve seu técnico. Dos oito clubes brasileiros que foram à Libertadores (o Corinthians já está eliminado), só Flamengo, Grêmio e São Paulo estão com os mesmos treinadores de 2019.

Os cariocas foram campeões no ano passado com o português Jorge Jesus, e Renato Gaúcho, à frente do Grêmio desde 2016, levantou a taça continental em 2017.

"Foi perfeita a decisão da diretoria de acreditar no trabalho, de acreditar na manutenção. É notória a nossa evolução. [O Diniz] É um cara muito verdadeiro, fala olhando nos seus olhos, e com isso o jogador sabe que não vai ter 'trairagem', mentira. Ele resgatou em todos o prazer de jogar", completa Bruno Alves.

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