Atletas celebram sensatez em adiamento da Olimpíada de Tóquio

Autoridades japonesas e COI entraram em acordo para adiar realização dos Jogos

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São Paulo

O adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021, anunciado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pelas autoridades japonesas nesta terça-feira (24), repercutiu positivamente entre atletas e comitês olímpicos nacionais.

Eles vinham pressionando os organizadores nos últimos dias, já que a preparação para o evento, com a impossibilidade de uma rotina normal de treinos e a incerteza com relação a torneios classificatórios, estava sendo muito prejudicada em razão da pandemia da Covid-19.

Bicampeão e maior medalhista olímpico da história do país (dois ouros, duas pratas e um bronze), o velejador Robert Scheidt, 46, comemorou o adiamento. Classificado para os Jogos, ele participará de sua sétima Olimpíada.

"A decisão de adiar os Jogos Olímpicos para 2021 é a decisão correta. Infelizmente, o mundo está vivendo um momento muito triste, e acho que a prioridade hoje é a saúde. Considerando a saúde dos atletas e a de todos os envolvidos na organização da Olimpíada, considerando também a possibilidade de se preparar de maneira igualitária, o caminho do adiamento é o caminho correto. Tenho certeza que Tóquio estará mais motivada que nunca para entregar uma grande Olimpíada", afirmou Scheidt.

Robert Scheidt na final da categoria Laser na Olimpíada do Rio, em 2016
Robert Scheidt na final da categoria Laser na Olimpíada do Rio, em 2016 - Benoit Tessier/Reuters

Dono de 24 medalhas paraolímpicas, 14 delas de ouro, o nadador Daniel Dias, 31, também comemorou a mudança. O atleta nascido em Campinas fará em Tóquio sua quarta participação em Paraolimpíadas.

"Japão, te vejo em 2021! Obrigado COI pela sábia e sensata decisão. Fico mais tranquilo e motivado para participar destes Jogos em Tóquio", escreveu o atleta no Twitter.

Favorita a uma medalha no Japão, a skatista Pâmela Rosa, líder do ranking mundial na categoria street, fez coro à decisão pelo adiamento dos Jogos. O skate fará na Olimpíada de Tóquio a sua estreia no evento, com a atual campeã do mundo de street entre as favoritas na modalidade.

"Acho que foi a melhor decisão, adiar para 2021. A gente tem que pensar coletivo e o momento é esse, de ficar em casa e se cuidar. Esse coronavírus não é algo fácil de lidar. Sei que tudo isso vai passar", disse a skatista.

Pâmela, assim como vários outros atletas, estão procurando se adaptar a uma rotina de treinos distinta da que estava planejada para os meses que iriam anteceder a competição.

As diferentes recomendações governamentais de um país para outro poderiam criar desigualdade na preparação, favorecendo indiretamente uma equipe ou outra, de acordo com as limitações que cada nação está enfrentando durante a pandemia.

Foi justamente sob o argumento de uma melhor e mais justa preparação que a jogadora de handebol Duda Amorim comemorou o adiamento.

"Tinham muitos atletas pressionando e muitas federações. Primeiro é a parte da saúde e depois a parte da preparação, porque ninguém está conseguindo se preparar direito. Se fossem acontecer agora [em 2020], esses Jogos seriam apenas simbólicos", afirmou Duda, campeã do mundo com a seleção brasileira em 2013.

"Eu, por exemplo, já estou há uma semana e meia sem treinar. Tem atletas que já estão há muito mais tempo. É muito ruim para nós, que temos uma rotina de treinos de segunda a sábado, oito horas por dia", diz a ginasta Flávia Saraiva, que tem feito exercícios físicos em casa.

A notícia do adiamento também repercutiu entre atletas importantes de outros países, favoráveis à mudança nas datas do evento.

Pentacampeã olímpica, a jovem nadadora norte-americana Katie Ledecky, 23, comemorou o fato de que poderá perseguir novas medalhas em sua segunda Olimpíada, mas destacou o trabalho feito ao redor do mundo para tentar conter o coronavírus, motivo do adiamento dos Jogos de Tóquio.

"No momento em que estamos juntos para enfrentar os desafios de hoje, podemos sonhar com uma linda Olimpíada em um belo país. Agora é hora de apoiar todos os que estão trabalhando para curar os doentes e manter todos nós saudáveis", escreveu Ledecky no Twitter.

Com o anúncio em conjunto feito pelo COI e pelo governo japonês nesta terça, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) se pronunciou a respeito da medida adotada pelas autoridades e disse que recebeu a notícia com alívio.

“Sempre tivemos confiança de que o presidente Thomas Bach seria capaz de liderar com serenidade e segurança o Movimento Olímpico nesse momento histórico. Os atletas são o centro das preocupações do COB e do COI e, por isso, a comunidade olímpica do Brasil está bastante satisfeita com a decisão”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley, em nota.

Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, entidade que já na última sexta (20) havia se posicionado a favor do adiamento do evento, Mizael Conrado também celebrou a decisão tomada pelos organizadores dos Jogos.

"O Comitê Paralímpico Internacional, o Comitê Organizador dos Jogos e o primeiro-ministro japonês nos fazem sentir orgulho de pertencer ao movimento esportivo. Eles nos mostram que os valores do esporte são preservados, e o ser humano, de acordo com esses valores, está sempre em primeiro lugar", disse o dirigente.

O COI e o governo japonês ainda não estabeleceram uma data exata para a realização dos Jogos. A única sinalização das entidades é de que o evento deverá acontecer, no máximo, até o verão de 2021 no hemisfério norte (junho a setembro).

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